Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo que desmaia. Oh! Venha... Oh! Venha, e trêmulo descaia Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo, Oculta o pátrio amor, torce a vontade, E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade; Nosso númen tu és, e glória, e tudo, Mãe do gênio e prazer, ó Liberdade!
O verso ardendo ao lume, a mesa posta, a toalha das rimas bem estendida e um prato de silêncios, sem lagosta, aguardando, expectante, essa comida
Que o nutre, que o sustenta, de que gosta e que está quase pronta a ser servida pela mão do poeta, numa aposta em resistir, fintando as leis da vida...
Apaga o lume e serve-se à vontade de imagens, de palavras, de conceitos expurgados da excessiva quantidade
Dos "ais", dos gongorismos, dos trejeitos em que, alguns, julgam estar a qualidade, e a qualidade sempre achou defeitos...
Maria João Brito de Sousa - 08.09.2015 - 16.47h
Imagem - "A Refeição Frugal" - Pablo Picasso (água forte)
"Erros meus, má fortuna, amor ardente"... de erros que me sobrassem, naturais, fui trocando - de menos, ou demais? - as quadras por sonetos... dei semente!
"Tudo passei, mas tenho tão presente" um ror dos pecadilhos mais venais, dos comuns, cometidos por mortais que à perfeição aspirem, tão somente...
"Errei todo o discurso de meus anos", talvez num verso, ou noutro... é natural porque apenas humana e nunca um deus!
"De amor não vi senão breves enganos", mas como posso, a Amor, levar a mal, se, o próprio, erros comete, iguais aos meus?
Maria João Brito de Sousa - 08.09.2015 - 11.47h
NOTA - Soneto escrito na sequência da publicação do soneto de Camões com o mesmo título, glosado por Helena Fragoso.