ESPANTO
(Soneto em decassílabo heróico)
Meu espanto, como bicho degolado,
É este quase-nada, este destroço,
Que embora reduzido a pele e osso
Faz frente a quem o tenha encurralado,
É este não temer ser confrontado
Com força natural, fera ou colosso,
Que nega a frustração do “já não posso!”
E muda, à dura sorte, o resultado.
Meu espanto mora em mim, comigo vive,
Mas pode exacerbar-se onde eu nem estive
Se as asas dum poema o transportarem,
Porque traz quanta força eu jamais tive
Se enfrenta humilhação que o esgote ou prive
Da voz que os sonhos meus lhe não negarem.
Maria João Brito de Sousa – 30.10.2013 – 15,16h
Imagem retirada da página do Partido Comunista Português