Maria João Brito de Sousa
Sonetos... não me nascem na algibeira,
Não são convenientes, nem se vendem
E quantas vezes não me surpreendem
Na pontaria rápida e certeira...
Não temerão, sequer, fazer asneira
- em fazendo-a, porém, não se arrependem...-
E nunca são submissos nem aprendem
Lição que seja menos verdadeira...
Pr`além desta evidência, o que direi
De uns versos loucos que nem mesmo sei
Metrificar, de tão desalinhados?
Inventar que fui eu que os programei,
Ou assumir, de vez, que "poetei"
Sem tempo pr`a perder com mais cuidados?
Maria João Brito de Sousa - 26.01.2012 - 15.05h
Imagem da Feira da Ladra, retirada da internet
Nota - Ao contrário da mensagem que faz passar, este "sonetozeco" surgiu para contrariar uma vaga de falta de inspiração, teve um "parto" distócico e levou bastante tempo a nascer. Bastante mais do que 99% dos restantes...
publicado às 14:49
Maria João Brito de Sousa
Nenhum de nós aponta o punho erguido
No sentido contrário ao da vitória
Porque esse punho aponta sempre à glória
De tudo quanto temos conseguido
Nunca este sonho nosso foi vencido
- da derrota final não reza a História! –
E, trazendo a certeza da memória,
Nunca o nosso ideal será traído!
Já novo cravo rubro se agiganta
E um novo grito irrompe da garganta
De cada um dos nossos companheiros
Pois quando o nosso punho se levanta
Nasce um claro amanhã que também canta
Por fazer dos algozes prisioneiros!
Maria João Brito de Sousa 16.01.2012 – 19.59h
publicado às 16:31
Maria João Brito de Sousa
“Eu hei-de erguer um sonho e ser feliz!”
Porém, se inconsistente, o sonho morre
Sem chegar ao tal ponto em que descobre
Forma de erguer um caule, ousar raiz…
Sigo, portanto, um sonho que não quis
Usar fruto mordido, haste que dobre,
Ou frase que se agita e logo corre
Ao encontro de tudo o que se diz…
Levo, nele, o princípio desta sede
Que não se vê, não se ouve , nem se mede,
Num espaço que não seja aberto e justo,
Que vai até aonde o próprio o pede
- e não por caridade alguém concede –,
E sempre é conquistado a muito custo…
Maria João Brito de Sousa – 15.01.2012 – 20.34h
publicado às 20:47
Maria João Brito de Sousa
Relembro as velhas asas que não uso
Sobrevoando os medos que não tenho
Nesse eixo imaginário em que desenho
Rotas possíveis para o que eu recuso
E, de asas presas, no sonho difuso
Em que penso subir, mas me detenho,
Das amarras me solto, se as desdenho
E admito que voar seria abuso,
Pois quanto mais voar, mais vou rasando
Um chão que me captura, aprisionando
A terra em que me sou - sem nunca o ser... -
E tão mais alto irei, quão mais voando
Decida, lá do alto, ir mergulhando
No vasto mar que um sonho irá tecer…
Maria João Brito de Sousa – 05.01.2012 -13.13h
publicado às 13:36
Maria João Brito de Sousa
Andei por todos os cantos
Redescobrindo horizontes,
Vestindo todos os mantos
Das flores de todos os montes
Mergulhei nos rios mais santos,
Rumo à nascente das fontes
Que lhes dão vida, em quebrantos,
Brotando em líquidas pontes
Perfeitamente tangíveis,
De aparência cristalina,
De arcadas quase invisíveis,
Quase à dimensão divina…
(… fui mãe dos sonhos possíveis
de toda e qualquer menina…)
Maria João Brito de Sousa – 01.01.2012 – 15.07h
publicado às 15:29