Maria João Brito de Sousa
Espero dar-te uns rebuçados
Duns tantos que cozinhei
Na panela dos pecados
De que nem sequer provei,
Mas talvez os resultados,
Sendo mais do que eu pensei,
Possam ser concretizados
Apesar do que não dei...
Amanhã nasce o poema
Que me desperta, por fim...
Temo bem que ninguém tema,
Da mesma forma, por mim...
(murcharei, mas tenho pena
de não ficar sempre assim...)
Maria João Brito de Sousa - 28.11.2011 - 16.40h
publicado às 16:28
Maria João Brito de Sousa
“- Reinvente-se uma morte antecipada
Pois só dessa nos surgem resultados!
Que, da antecipação - reinventada,
Possam, depois, crescer mil novos laços!
Reinvente-se a a vida abreviada
Pelo braço letal dos erros crassos
Que ao longo desta absurda caminhada
Semeámos por cá, em vez de abraços!”
Só quem for louco aceita e lhe obedece
Porque a transformação sempre acontece
No seio de infinitas variáveis
Que o Tempo de viver modela e tece
Ao longo de uma História que o não esquece
Mesmo soprando em fúrias insondáveis…
Maria João Brito de Sousa – 26.11.2011 -19.24h
publicado às 19:51
Maria João Brito de Sousa
publicado às 00:01
Maria João Brito de Sousa
… e quando, um dia, o mar vier beijar
A luz desse luar que te ilumina
E se afundar, depois, na areia fina
Das praias desenhadas, só de olhar,
Não terá sido em vão esse cantar
Que ecoa em ti, que desde pequenina
Entoas no dobrar de cada esquina
Das ruas que pudeste visitar
Porque soubeste, em ti, salvaguardar
O estranho encantamento da menina
E, ultrapassando a mágoa que te mina,
Pudeste, em consciência, não vergar,
Mantendo-te intocada e feminina
No sopro original que assim te anima
Maria João Brito de Sousa – 20.11.2011 – 16.00h
publicado às 23:05
Maria João Brito de Sousa
Cansei-me de pedir-te ao tempo irado…
Cansei-me de chamar-te e, se chamei,
Foi soprando palavras que nem sei
Se o tempo as entendeu, se as pôs de lado…
Chegaste, enfim, mas longe do cuidado
De cuidares deste quanto me cansei,
Quiseste impor-me o esforço de outra lei
Ao meu corpo poema-emancipado...
Não terei, hoje, a força pr`a mudar-te
E escrever-te é melhor que desprezar-te
Depois de tanto inútil chamamento,
Mas há-de vir o dia em que chamar-te
Não mais será preciso e condenar-te
Não fará mais sentido que um lamento...
Maria João Brito de Sousa – 12.11.2011 – 13.41h
publicado às 14:01
Maria João Brito de Sousa
Quis falar do Mondego e, na verdade,
É desta foz do Tejo que vos falo,
E cresce cá por dentro a voz que calo
Pr`a conter as saudades sem saudade.
Solta-se o sonho oblíquo à claridade
E a linha de horizonte é um cavalo
Que não sei se lá está, se imaginá-lo
É mera ilusão de óptica, ou vontade,
Pois galopa um poente à beira Tejo
Rumo a estranhas lonjuras que nem vejo
Por estarem tão além do meu futuro
Que, do que vi, me sobra o claro espanto
De um cavalo-solar que aqui levanto
Rasgando, a ferro e fogo, um céu já escuro.
Maria João Brito de Sousa – 01.11.2011 – 16.00h
publicado às 17:20