Maria João Brito de Sousa
EM NOME DESSE NADA QUE VOS DEI
*
Eu prometo-vos tudo e não dou nada!
Minha voz vem do cerne das questões
E representa a voz de mil milhões;
Declaro-me inocente... e sou culpada!
*
Mas, em contrapartida, habituada
A ir à descoberta das razões
Que nos trazem cobertos de ilusões,
Desconfio que nunca estive errada.
*
Governo algum despreza tais funções;
Para cada conflito, há soluções
Que há que fazer cumprir, pois lei é Lei,
*
E do fundo de tais contradições,
Renego o pagamento das cauções
Relativas ao nada que vos dei.
Maria João Brito de Sousa - 31.01.2011 -16.36h
publicado às 16:36
Maria João Brito de Sousa
Lacónico e soturno, decifrou
Enigmas proibidos, viscerais,
Mas cansou-se, não quis decifrar mais,
Arquivou as perguntas e parou.
Depois de os decifrar, logo os soltou
No frémito das asas dos pardais
E fez deles mistérios naturais
Do sistema solar que os engendrou.
Lacónico e soturno, permanece
Contemplando os sinais que a Terra tece,
Pois também ela engendra os seus enigmas,
Mas volta a duvidar quando acontece
Notar que são demais, e reconhece
Que sempre irão faltar-lhe paradigmas.
Maria João Brito de Sousa - Janeiro, 2011
Que a dúvida te não assuste; ela, em si mesma, é fé.
Michelet
publicado às 11:17
Maria João Brito de Sousa
Lembrei-me do pedaço de universo
Que se abraçava à rua em que cresci
E sei que, nesse instante, renasci
Da simultaneidade deste verso…
Recordo-me de um ser primevo, imerso
Nas brumas desse mar em que o vivi
E relembro o instante em que surgi
Das sílabas de sal em que o confesso.
Disposta a descrevê-lo, traço a traço,
Vou além de mim mesma e sei que o faço
Pois volto a degustar esse sabor
Das coisas que encontraram o seu espaço
No côncavo sagrado de um regaço
Perpetuando os laços de outro amor.
Maria João Brito de Sousa – 22.01.2011 – 22.21h
Il n`y a que deux choses à combattre sur le terrain intellectuel; le dogmatisme et l`intolérance.
A. REV.
Para quem queira apreciar boa poesia dita por GRANDES poetas e "diseurs";
http://www.raizonline.com/radio/
publicado às 12:00
Maria João Brito de Sousa
Venho dos tais pretéritos perfeitos
Que nunca conheceste, nem provaste,
Á luz da transparência e do contraste
Com que farei valer os meus direitos
Terei, como tu tens, alguns defeitos
- uns de nascença e outros de desgaste –
Mas nunca negarei quanto negaste,
Nem tentarei ser mais do que os eleitos!
Serei quem tu jamais entenderás,
Mas tentaste invadir-me e eu quero a paz
Que só posso encontrar na liberdade.
Sou quem se oferece inteira no que faz
E está disposta a dar, de quanto traz,
A mais pura e mais límpida verdade.
Maria João Brito de Sousa – 25.01.2011 – 16.26h
publicado às 12:39
Maria João Brito de Sousa
Quis falar-te de mim, mostrar-te os dias
Que prendem, como peias apertadas,
Mas morrem-me as palavras, já cansadas
De saber que jamais me entenderias…
Quis mostrar-te a diferença; as alegrias
Que sabes aceitar, são gargalhadas…
Das minhas, das que nascem rejeitadas,
Ceifaste, agora, mil que nem sabias!
Tu sabes lá o que é ser como sou!
Nestas mãos de aço que outro mar temperou
Trago o recomeçar de cada fim
Do solitário mundo em que me dou,
Mas ninguém, no teu mundo, acreditou…
E há quem possa entender quem escreve assim!?
Maria João Brito de Sousa – 24.01.2011 – 17.29h
publicado às 11:51
Maria João Brito de Sousa
PUZZLE *
Se o sol se não deitasse, a cada dia,
Exactamente à hora em que se põe
O mesmo claro azul que nos propõe
Metade desse ciclo de harmonia,
*
Se a noite não nascesse em sintonia
Nem nos trouxesse quanto pressupõe
De sonho, enquanto o tempo a decompõe
Numa abóbada escura e luzidia…
*
Um jogo de ideais! O que me interessa
Se eu vejo, sinto e nunca tive pressa
Em alcançar o fim desta jornada?
*
Mas, retomando o puzzle, peça a peça,
Se esta não se encaixar, encaixa-se essa
(mesmo que me não sirva para nada…)
*
Maria João Brito de Sousa – 22.01.2011 – 18.09h
publicado às 11:22
Maria João Brito de Sousa
… e, às duas por três, tão de repente
Que o próprio coração se lhe abalava,
Ouvia-se um trovão e lá brilhava,
No estro do Poeta, o verso ardente…
Assim nascia cada apelo urgente
Que ninguém, senão eu, testemunhava,
De cada vez que o verso ribombava
Anunciando a vinda da semente…
Não houve um só momento, um só segundo,
Em que, calando aquele apelo fundo,
Lhe não surgisse o Verbo! Uma só vez!
Não soube se era, ou não, do nosso mundo
Mas, quando ouvir de novo, eu não confundo
Aquele clamor do; “Às duas por três!”…
Maria João Brito de Sousa – 19.01.2011 – 21.
publicado às 10:45
Maria João Brito de Sousa
Fez-se tarde e não foi por mero acaso
Que o Sol se pôs mais cedo nesse dia;
Talvez fosse outro, o mundo que surgia
Depois desse imprevisto e estranho ocaso,
Ou talvez fosse a Noite, num atraso
Que nenhum desses dois lhe preveria,
Que, não qu`rendo abrir mão do que sentia,
Teimou em não cumprir o justo prazo,
Mas, fosse por que fosse, aconteceu
Que a noite se acendeu num louco céu
Que ninguém poderia ter explicado,
Que o coração mais forte lhes bateu
E quase lhes parou quando irrompeu
A Lua, que entoava um velho fado.
Maria João Brito de Sousa – 19.01.2011 – 20.52h
publicado às 10:48
Maria João Brito de Sousa
TALVEZ SEJA APENAS POESIA
Talvez não haja um mar dentro de mim
E a tempestade venha - se vier… -
De cada vez que um dia chega ao fim
Nesse universo que é cada mulher
Por outro lado, à míngua de um jardim,
Talvez invente um mar pra renascer
E tudo surja assim por ser assim
Que toda e qualquer vida deva ser
Porém, de quanto disse, não retiro
Uma única palavra, um verso só,
E ocorre-me dizer que não sou nada
Senão as mil questões com que me firo
Quando o verso desata cada nó
Que , fio a fio, me enreda na meada.
Maria João Brito de Sousa – 18.01.2011 – 21.03h
publicado às 14:40
Maria João Brito de Sousa
Segue-se este poema que não chora
Mas, desse mesmo sal que tens nas veias,
Faz hino à sensação que se demora
Por dentro do tecido das ideias
Numa emoção telúrica, infractora,
Que nega uma ilusão de panaceias
E que irrompe do fel de cada hora
Com ânsias de quem rompa mil cadeias.
Mas… segue-se um poema! Ou terei feito
Um abrigo qualquer, sem dar por nada?
Talvez, não sendo um ´bunker`, me proteja
E aquilo que se segue, por direito,
Seja a mesma revolta estrangulada
Que se acrescenta até que se oiça e veja.
Maria João Brito de Sousa– 17.01.2011 – 19.53h
publicado às 14:17
Maria João Brito de Sousa
Por dentro de mim corre um longo rio
De seiva, ao por do sol de um campo arado
E a ceifeira, que ceifa ao desafio,
Esquecida de o ceifar, passou-lhe ao lado.
Talvez volte amanhã, se fizer frio,
Ou se o vento, ao soprar, tiver lembrado
O leito das razões que nele desfio
Na seiva em que o descrevo humanizado
Entretanto, outras foices de ceifeiras
Passaram já por ele de outras maneiras
Mas nunca desaguaram nessa foz
Que, a jusante de mim, beija as ribeiras
Quando elas se lhe oferecem, sempre inteiras
E recomeça o mar dentro de nós.
Maria João Brito de Sousa – 14.01.2011 – 22.00h
publicado às 10:18
Maria João Brito de Sousa
Ó meu bichinho-das-contas,
Faz de conta que eu perdi,
Que a conta deu resto nada!
Que, nas parcelas que apontas,
Equacionei, resolvi
E a conta acabou errada!
Faz de conta! Se contasses,
Se explicasses tudo, tudo,
Calculando um bocadinho…
Bichinho, se formulasses,
Neste polinómio mudo,
Soluções pr`ó meu caminho…
Bicho de multiplicar,
De somar, de dividir
Por mil vezes quanto foste,
Se alguém pudesse explicar
Tudo o que podes medir
Por mais que haja quem não goste…
Bichinho das equações,
Das fracções e das potências
No quadrado dos sentidos,
Quero saber das acções
E das suas consequências!
[- Vou explicar! / - Sou toda ouvidos!]
Maria João Brito de Sousa -14.01.2011 – 00.01h
NOTA - Poema para os mais pequeninos, sobretudo para os que pensam que não gostam de Matemática e nem sabem o que estão a perder…
Este poema não é um soneto, mas nasceu-me agora e penso que pode muito bem fazer as honras ao Poetaporkedeusker que hoje completa três anos de Vida.
Parabéns, Poetaporkedeusker!
E já que se fala de crianças, jovens e datas comemorativas, eu, que nunca na minha vida fui capaz de vender um cobertor no Polo Norte, estou capaz de vos sugerir um bom sítio para uma prenda que, de certeza, irá agradar aos mais pequenos... e aos menos, também! :)
No largo da Igreja Matriz de Oeiras há uma loja que vende artigos da Hello Kitty e que está aberta de terça a sábado, entre as 10 e as 20.00h. Vão ser muito bem recebidos!
Boas compras! :)
Imagens retiradas da internet
publicado às 11:23