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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Nov10

CANTO DE OUTRA ANTIQUÍSSIMA MEMÓRIA

Maria João Brito de Sousa

 

O soneto de hoje é dedicado à Laurinda Alves que faz anos amanhã e cujo blog http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/ eu acabo de visitar.

Não foi um soneto concebido expressamente para ela, mas eu sou uma daquelas pessoas que acreditam, no mais fundo de si, que a Arte e o Acaso devem andar de mãos dadas.

Parabéns, Laurinda! :)

 

 

Evoco, à luz da lua , o teu cabelo

E as nossas duas bocas num só beijo,

Enquanto, lá no alto, o Sete-Estrelo

Nos oferecia um brilho benfazejo

 

 

Evoco quanto havia de mais belo

E em tudo o que evoquei, hoje revejo

Um rei que vem voltando ao seu castelo

Em asas que engendrei, por meu desejo

 

 

Vejo, então, o teu vulto ir-se afastando

E vai crescendo, em mim, um choro brando

Que extravasa e me inunda o coração

 

 

Talvez depois te evoque… ou nunca mais

Conjure esses teus traços virtuais

(como se este estar só não fosse opção…)

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

29
Nov10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XXIII

Maria João Brito de Sousa

 

CANTO INTEMPORAL DE UMA SEREIA NUMA PRAIA DO NOSSO IMAGINÁRIO

 

 

Ali era outro o mar, outra a viagem

E outra a luz de um tempo imprevisível

Que ecoava absurdo, irónico, irascível

E esmagava o  real, como uma vagem.

 

 

Fora ali que eu deixara uma mensagem

Pr` alguém que, mais atento ou mais sensível,

Descobrisse o que fiz quando, invisível,

Me derramara inteira sobre a margem.

 

 

Pedi, naquela carta, um pouco ainda,

Do vosso imaginário colectivo,

Quanto se expressa em criatividade

 

 

Nas voltas de um futuro que não finda

Em que, pr`a estar convosco, sobrevivo

Incólume a tão dura austeridade…

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 27.11.2010 – 20.26h

 

 

 

MEUS LONGOS, LONGOS DIAS DE MENINA...

 

 

De vez em quando, o mar, o vento, a areia,

Vêm, num rodopio, lembrar-me os dias

Em que encontrava, sempre, uma sereia

Em cada espelho de água em que me via

 

 

Eram dias de sol, de maré cheia,

De um tempo de crescer que eu percorria

E que neste momento tenho ideia

Me davam muito mais do que eu pedia...

 

 

Mas, mar, areia e vento, em rodopio,

Inda dançam pr`a mim quando me rio

E só por não poderem não trarão

 

 

De volta os longos dias que, em menina,

Me faziam sentir que era divina

A lentidão das horas desse então…

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 27.11.2010 – 17.59h

 

 

 

NÃO NEGO ABRIL!

 

 

 

 

Não negarei Abril, que Abril sou eu

E tudo o que em mim vive e se desdobra

Como se fosse vosso o que me sobra

E o que vos sobra, a todos, fosse meu!

 

 

Não negarei o espaço, nem o céu

Ou o que há de divino em cada obra

E hei-de pagar ao mundo o que ele me cobra

Porque o que cresce em mim, de Abril nasceu.

 

 

Não nego Abril, que Abril me seduziu,

Me foi estendendo um braço companheiro

Nas asas e canções de voz liberta!

 

 

Prometeu e se, acaso, não cumpriu,

Foi só por não ter sido o derradeiro

Abril da liberdade sempre incerta...

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 27.11.2010 – 21.06h

 

 

 

 

26
Nov10

CUMPRO-ME! - sonetilho

Maria João Brito de Sousa

 

Cumpro-me em todas as cores

De um especto lunar difuso

Fazendo surgir valores

De mil coisas que nem uso,

 

 

Cumpro-me em todas as flores!

Se isto vos parece abuso,

Juro perder-me de amores

Pelos amor`s que recuso...

 

 

Cumpro-me quando acredito

E também quando duvido

De ser palpável, real…

 

 

Cumpro-me até quando admito

Já não ser quem tenho sido…

Cumpro-me sempre, afinal!

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa 26.11.2919 - 12.06h

25
Nov10

UMA OUTRA CASA, TAMBÉM PORTUGUESA II

Maria João Brito de Sousa

 

Encontro as rimas dispersas

No lençol feito de linho,

Que foi bordado a conversas

Sobre esta cama de pinho

 

 

E nas horas mais adversas,

Abraço o lençol limpinho

- que lavo todas as terças –

Para sentir-lhe o cheirinho…

 

 

Se a minha casa não for

Uma casa portuguesa

Como a da antiga canção,

 

 

Tem, pelo menos, amor

E só não tem pão na mesa

Porque o traz no coração!

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 24.11.2010 – 21.57h

 

 

 

 

 

 

23
Nov10

FADO MUDO - sonetilho

Maria João Brito de Sousa

 

O meu fado não tem fado,

Nem tem cama onde dormir;

Só o escuta quem, calado,

O procure e o saiba ouvir…


Se, às vezes, soar magoado,

Se vos parecer pedir,

É, na verdade, culpado

De quanto faça sentir…


O meu fado é solitário;

Se abraçasse uma guitarra,

Seria pr`a desmentir-se


Dizendo tudo ao contrário,

Cortando a última amarra,

Pr`a, no fim, poder sumir-se…

 

 


Maria João Brito de Sousa

 

 

IMAGEM - "O Fado", Paula Rego

 

 

 

 


22
Nov10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XXII

Maria João Brito de Sousa

 

 

NAS TUAS MÃOS

 

 Nas tuas mãos eu, ave, te confesso
Que esvoaço, sucumbo e, já rendida,
Procuro noutras mãos uma guarida
Onde a chama que sou não tenha preço.

Eu, ave, só te entrego o que não peço;
Submeto-me à carícia prometida
Nas asas da loucura em mim escondida
Que tu nem sonharias e eu não meço.

E que outra ave marinha of`receria
Tão extrema e profundíssima alegria?
Que outra alma se daria em seda pura?

As tuas mãos… quem mais se atreveria
A desvendar-lhes sede e fantasia
Para enchê-las de sonho e de ternura?


Maria João Brito de Sousa – Maio 2007

 

 

 

 

LEITORA COMPULSIVA

 

 

Em que ficamos nós? Que hei-de fazer

Se o sol quiser nascer enquanto a lua

Me instiga a que desvende o que eu puder

De um livro que tem vida e geme e sua?

 

 

Enquanto esta leitura me quiser,

Procurarei razões que esta alma estua

E entenderei, no fim, que sou mulher

A viajar nos versos de alma nua

 

 

À hora em que sol nasce deslumbrado,

Entendo finalmente que é escusado

Tentar chegar ao fim... e adormeço,

 

 

Pois só adormecida me liberto

Do livro, sobre mim, que ainda aberto

Me oferece muito mais do que eu lhe peço.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 19.11.2010 – 18.41h

 

 

 

 

ANJO IMPREVISTO

 

 

Sinto-te vir, mais suave que uma prece.

Volteia sobre mim, Anjo Imprevisto!

És o jorrar de um néctar que conquisto

No culminar de um corpo que adormece.

 

 

De tudo o que na vida me acontece

Sempre que o isco surge e não resisto,

És bem menos provável – nisso insisto! –

Do que um dia a romper quando anoitece.

 

 

Portanto, anjo impossível que não esqueço,

Adeja sobre mim quando adormeço,

Conquista-me este sonho e vai-te embora!

 

 

Pois tu não sabes que não tenho preço,

Que acordo, me reinvento e te despeço?!

(o meu espanto é lunar, não se demora)

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 20.11.2010 – 18.03h

19
Nov10

DEDUÇÕES E MAIS DEDUÇÕES!

Maria João Brito de Sousa

 

Deduções, deduções e deduções…

Se tantas deduções me são pedidas,

Em vez de formular opiniões,

Prefiro não brincar às escondidas!


Pergunto-me; - Porque é que as emoções

Se tornam, tantas vezes, desmedidas,

Mais fortes do que as outras sensações

Das mil e uma coisas pressentidas?


Não me sei responder mas, se soubesse,

Talvez uma resposta desdissesse

O estranho desconforto que me invade…


Cansada de pensar, já não deduzo!

Remeto-me ao silêncio e até recuso

Aceitar descobrir toda a verdade…

 

 


Maria João Brito de Sousa – 18.11.2010 – 23.32h

18
Nov10

CATA-VENTO

Maria João Brito de Sousa

 


É tão paradoxal, o que me leva

À estranha gestação dos meus poemas

Que eu nunca sei se deva, ou se não deva

Buscar, no cata-vento, alheios temas…


Se assim, não procurando luz ou treva,

Recebendo, do mundo, tão apenas,

O sopro deste vento que me leva,

Sem premeditações e outros problemas,


Sem ter leme visível, sem que a vela

Se enfune em direcções que eu planeei,

Absorvendo somente o que encontrar,


O poema docilmente se revela,

Porquê forçá-lo, então? Não escreverei

Palavras que outro alguém tente instigar!

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 17.11.2010 – 18.46h

17
Nov10

DESPOJAMENTO E DISPERSÕES

Maria João Brito de Sousa


 

Quanto o luar me oferece, em dividendos,

Tanto eu irei cantar, durante o dia!

Desconstruída, eu lanço mil remendos

Sobre os rasgões de mim que antes não via…


Renasço em cada flor dos aloendros

Reassumindo, enquanto alegoria,

Os despojos da carne dos meus membros

No dealbar de cada melodia…


É por vezes subtil, esta diferença

Entre o rebelde e a sua submissão

À estranha metafísica da vida


Mas, quem pode dizer que isto é doença?

Pr`a mim é mais um passo, outra incursão

Numa aparência apenas pressentida…

 

 

 


Maria João Brito de Sousa

16
Nov10

MORDER O ANZOL - sonetilho

Maria João Brito de Sousa

 

Mordo todos os anzóis!

Em todos, não falho um só!

Se fico presa depois?

Pode ser, se tiver “dó”…


Venha mais um! Venham dois

Prender-me sob uma mó!

Caio em todos! [os heróis

mordem, por vezes, o pó…]


Tocam-me num “ponto fraco”

E dá-se a estranha alquimia

Da minha condenação,


Outras vezes, qual macaco,

Mantenho a cabeça fria

E… não cedo à comoção!

 

 

 


Maria João – 12.11.2010 – 19.39h

 

 

 

NOTA - O soneto de ontem à tarde, por qualquer falha técnica que não consigo identificar, não está na pen. Recorri a este sonetilho que já tem

quatro dias e que ainda não tinha sido publicado.

15
Nov10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XXI

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

FORÇA

*

 

Vem-nos, a força, duma alma crestada

Por átomos solares, ocasionais,

E, às vezes, conseguimos fazer mais

Quando julgámos não poder mais nada…

*

 

Vem impossível, mais do que adiada

- à luz das consciências mais normais -

Reencher-nos de sonho o velho cais

Da barca eternamente naufragada

*

 

 

Virá de onde diríamos não vir

A mais remota sombra de um auxílio;

Improvável, absurda e, no entanto,

*

 

Vem como se quisesse destruir

As fronteiras reais do nosso exílio

Pra vir morar connosco em qualquer canto.

*

 

Maria João Brito de Sousa – 13.11.2010 – 13.42h

 

 

 

DO LADO DE CÁ

*

 

Deste lado, o de cá, está tudo instável!

Se eu abrandar, fazendo o que puder,

Talvez me sinta bem, mais confortável,

Mais pronta pr`a criar e pr`a escrever…

 

 

Do outro lado, a dor insuportável

Que nem sequer me deixará escolher

Se lhe mostrar fraqueza incontestável

Ou der quaisquer sinais de me render…

*

 

Do meu “lado de cá” – alguns não são

Tão esdrúxulos quanto o é este daqui… -

Há sempre algo de mim que, em mim, resiste,

*

 

Algo que não aceita a submissão,

Algo que, ao dar a volta sobre si,

Se escapa, se ultrapassa e não desiste.

 

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.11.2010 – 18.55h

 

 

 

POETA/MENINO

 

 

Morreu na convergência dos seus dias.

Ninguém diria dele que houvesse errado,

Que tivesse mentido ou descurado

A concretização das fantasias

*

 

Lá tinha as suas dores, melancolias,

Mas fora, sobretudo, abençoado

Com um carácter tão determinado

Quanto o dos homens sãos, sem vilanias.

»

 

Morreu na hora certa, como morrem

As aves, os heróis e as ondas mansas

Que cumprem, neste mundo, o seu destino.

*

 

Diria; “Fui daqueles que mais descobrem

Os sonhos, por detrás de outras crianças,

Na condição de ser sempre menino…”

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 14.11.2010 – 17.01h

 

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