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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
16
Ago10

HOJE NÃO HÁ SONETOS!

Maria João Brito de Sousa

 

Hoje não há sonetos. Tenho dito!

Passei a tarde inteira a trabalhar,

Dói-me muito a cabeça e acredito

Que ela me vai, decerto, rebentar!


O livro há-de sair. Está bem bonito

E até eu começo a acreditar

Que o esforço vale a pena e foi bendito

Cada instante que nele pude empregar…


Pequenas Utopias… tão pequenas

E tão grandes…[ que eu sei que trabalhei

mais, nelas, do que um escravo nas galés!]


Mas estas, como utópicas melenas,

São as que fiz de mim, que em mim criei,

Como este infindo mar de outras marés…

 

 


Mara João Brito de Sousa – 15.08.2010 – 21.41h

 

 

 

Disseram-me, em 2007, que o soneto clássico "já não se usa"...

Ainda hoje me rio disso... dizer que o soneto não se usa é o mesmo que dizer que

H. Bosch, Shakespeare e Mozart não estão "na moda"!

13
Ago10

ENQUANTO A MINHA TERRA VAI ARDENDO...

Maria João Brito de Sousa

 

(Soneto em decassílabo heróico)

 

Enquanto a minha terra se incendeia,

Outro enlutado céu se vai doirando

E, à pressa, se evacua uma outra aldeia

De que se vai o fogo aproximando,

 

 

Surge, em mim, de repente, estoutra ideia

E, sem me arrepender, vou escrevinhando

Que, na terra que as chamas vão lavrando

Em mim, é outro o fogo que se ateia

 

 

E, sem remorso algum - porque inocente… -,

A pequenina chama dos poemas

Já lavra no meu peito e vou escrevendo…

 

 

Não me apodem, contudo, de indiferente!

Apenas vou cantando os meus problemas,

Enquanto a minha terra vai ardendo…

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 12.08.2010 -22.07h

 

 

 

 

À Zilda Cardoso e ao Artesão Ocioso

que, esta tarde, me fizeram reflectir, mais

longamente, sobre o sentido do conceito de culpabilização.

 

Ao Verão escaldante da minha pobre terra.

 

 

Imagem retirada da internet

 

 

12
Ago10

FALA-ME DE TI...

Maria João Brito de Sousa

 

Vem falar-me de ti, faz-me o favor!

Ouviste bem, não estou a “judiar-te”,

Pois olhando-te eu sei, conquistador,

Que seria imprudente não falar-te…


Portanto, conta lá – se és falador… –

Que eu juro nunca ousar contrariar-te!

Fala-me, um pouco só, desse temor

Que posso pressentir, tão só de olhar-te.


Eu sei que este convite inusitado

Te pode parecer disparatado,

Que é provável que tu me não respondas,


Mas, só pr`a não ficar sem dizer nada,

Convido e fico à espera, bem calada,

Que me fales de ti, que te não escondas…

 

 


Maria João Brito de Sousa

 

 

 

COSTUMO DIZER, EU :) - Quando era criança pensava que poderia mudar o mundo. Hoje tenho a certeza absoluta que nenhum de nós poderia deixar de o fazer, por muito que tentasse.

 

11
Ago10

A SIBILINHA

Maria João Brito de Sousa

 

 

Olhei-te sem te olhar. Tu balançavas

As longas pernas sobre o velho muro

E, contemplando as nuvens, gargalhavas

Enquanto o dia se ia pondo escuro.


Depois veio o trovão, como esperavas,

- porque tu conhecias o futuro! –

E as águas dos céus, que comandavas,

Jorraram sobre ti, de modo impuro…


Assim te vi, assim te descrevi.

Talvez existas num qualquer lugar,

Talvez sejas tão só uma invenção,


Mas, existas ou não, já percebi

Que, a mim, só me interessava mergulhar

Na tua incomparável solidão…

 

 


Maria João Brito de Sousa – 10.08.2010 – 23.51h

 

 

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

10
Ago10

DÓI-ME O PLANETA...

Maria João Brito de Sousa

 

Não dói só o país… dói-me o planeta!

Dói-me a Terra inteirinha; em baixo, em cima…

Enfoco os pormenores, torno-me esteta,

Como se a Terra fosse uma menina…


Eu, lobo solitário, eu feita asceta,

Profunda como os túneis de uma mina,

Afirmo-me magoada e grito, erecta,

A dor imensa desta absurda sina.


Doem-me os rios, os mares, os continentes…

Dói-me, por toda a parte, o mundo inteiro

E a chuva que em mim cai é como o lodo


Que já não é só água, ó indiferentes!

Vem ácida, cinzenta e tem mau cheiro

A chuva que me banha o corpo todo…


 


Maria João Brito de Sousa – 10.08.2010 -01.37h

 

 

Costumo dizer, eu; "A arte é a única forma de obsessão que é saudável e desejável. Se não for obsessão... tenham paciência; não é Arte!"

09
Ago10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XVI

Maria João Brito de Sousa

UM BEIJO POR UMA HISTÓRIA

 

 

Fecha-me os olhos,” finta-me” a vontade

[ele há lá beijo que ousasse esquecer-me…]

E garante, depois, que foi verdade

O que mais tarde irá acontecer-me.


Não venhas desmentir-me; isto é saudade

Pois se o não fosse… como conhecer-me?

Nestas coisas do sonho, sem maldade,

Que a noite vem, por vezes, conceder-me,


Existe um quase-nada que fascina

E a dúvida, se existe, é dissipada

Por mil estranhos conluios da memória


Pois foi há tanto tempo… era eu menina

E mesmo não sabendo quase nada

Fazia, já, do sonho a minha história…

 

 


Maria João Brito de Sousa -08.08.2010 – 18.14h

 

 

UM MOMENTO DE PAUSA

 

 

Foi nas margens de um lago virtual

Onde, às duas por três, quis descansar

Que encontrei um estranhíssimo animal

Que por ali andava a vaguear…


Não podendo inseri-lo no normal,

Arquivei-o na pasta de “Invulgar”

E, sem que eu lhe fizesse nenhum mal,

Acabou, afinal, por “pôr-se a andar”…


Não se sabe o que pode acontecer

Quando um estranho animal nos desafia,

Desmentindo esse pouco que aprendemos…


Este fugiu de mim, que o queria ver,

Outro talvez pareça que confia…

Mas fujamos daquele que nunca vemos!

 


Maria João Brito de Sousa –

 

 

 

A DESCOBERTA

 

 

Serei sempre essa linha que escreveste.

Desígnios que não sei, me traçam torta,

Mas foi, contudo, a mim que Tu escolheste

No dia em que bateste à minha porta…


Tal qual uma gaivota, uma andorinha,

Traçando, noutros céus, seu rumo certo,

Serei trilho imperfeito em que caminha

Outro povo perdido… e outro deserto.


Inóspito rochedo em parte incerta,

Serei floresta virgem - mas aberta… -

Ao teu olhar sereno e vigilante,


Semente de alvorada que desperta

Que, por Ti, parte, ainda, à descoberta

Dos desígnios da vida, doce Infante!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

 


06
Ago10

À BLUSA QUE ME OFERECERAM E QUE EU VESTI SEM SABER QUE ERA TRANSPARENTE

Maria João Brito de Sousa

 

Não fora eu distraída como sou

E não teria rido como ri,

Por isso, antes nem ver como ficou

A blusa transparente que vesti…


Pode ser criancice, mas estou

Ridícula… e não me arrependi

E se houve alguém que viu e não gostou,

Paciência! Só depois é que eu me vi…


Com tanto acto-falhado e tanta asneira

A vida até parece brincadeira

E muito raras vezes me arrependo,


Pois, sabendo aceitar a maluqueira,

Podemos rir-nos sempre, a vida inteira

[assim, amigos meus, se vai vivendo…]

 

 


Maria João Brito de Sousa

05
Ago10

A PARTILHA

Maria João Brito de Sousa

 

Quando um novo horizonte me chamava

Era nas coisas – todas! – que  sentia,

Que voava pr`a  ele, nele aterrava,

E que, depois, na volta, em mim trazia,

 

Pois sempre alcancei quanto desejava

E soube que jamais me afastaria

Daquelas – tantas... - coisas que encontrava

Nesse mundo longínquo que antevia.

 

Aonde quer que os olhos me levassem,

Desse pouco de mim que semeassem,

Brotava, de repente, uma outra ilha…

 

Meu corpo era fronteira, era embalagem,

E a ilha encantada era a voragem

Que a mim me devorava. Era a partilha.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 04.08.2010 – 19.05h

 

04
Ago10

A VELHA MORADIA DO DAFUNDO

Maria João Brito de Sousa

Aquela casa velha que sabia

Todos os tempos de outro verbo “amar”

Era um templo sagrado que se abria

De cada vez que a ia visitar…


 

Havia um areal que se estendia

Da orla ribeirinha até ao mar,

Que rescendia a vida e maresia

Naquele avo de costa por explorar…


 

Morava Deus, naquela velha casa

Por obra de um mistério que defino

Como o mais transcendente do meu mundo


 

Pois despontava-me uma ou outra asa

E renascia em mim um Deus Menino,

Na velha moradia do Dafundo…

 

 


 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

03
Ago10

"MUDASTI?" ou O ESTRANHO FENÓMENO DO "INCHAÇO" TELE-INDUZIDO

Maria João Brito de Sousa

 

Fui ver-me em televisão

E não me reconheci;

“- Mas que grande confusão!

Quem será aquela, ali?”


Só a voz me elucidou,

Pois reconheci-me nela,

Porque o resto “levedou”

Como massa na tigela…


Quem poderia jurar

Que aquele “ mostrengo” era eu?

Mas terei de confirmar

Que o discurso, esse, era meu!


Àqueles que já me conhecem

Nem sei como esclarecer

Pois todos eles me merecem

O que agora vou dizer;


Não sei o que se passou,

Nem sequer sei a razão

Porque a minha cara inchou

Como se fosse um balão…


Até rugas me nasceram

Onde agora a pele é lisa!

Que mistérios me trouxeram,

Do tempo, tanta divisa?


Parecia um bicho disforme

E nem queria acreditar

Que aquela mulher enorme

Fosse “eu”, ali, a falar!


Dizem que cinco quilinhos

Podem ser acrescentados,

Mas bem vi que os danadinhos

São cinquenta… e bem pesados!

 


Maria João Brito de Sousa – [em estado de choque

depois de me ter visto na televisão… 02.08.2010]

 

 


 

02
Ago10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XV

Maria João Brito de Sousa

 

FERRUGEM

 

 

Era uma vez um cão, simples rafeiro,

Que foi mais do que um príncipe encantado,

Que foi meu guardião, a tempo inteiro,

Que viveu, dia e noite, a nosso lado.


Um cão de carne e osso, verdadeiro,

Capaz de obedecer sem ser mandado,

Capaz de, abocanhando, ser certeiro

E entregar-me o que fora abocanhado…


Ferrugem, de seu nome, um simples cão

De pelo raso e de porte altaneiro,

Meu conselheiro- o melhor que já tive…-


Dos muitos que me lêem, quais serão

Capazes de entregar-me – sem dinheiro… -,

De forma tão total, quanto em si vive?

 


Maria João Brito de Sousa – 31.07.2010 – 17.33h

 

 

 

SENHOR DO MEU LUAR

 

 

Encontrei-te, senhor do meu luar,

Depois de uma tragédia, sob escombros,

Depois deste naufrágio do meu mar,

Depois desta invenção dos desassombros.


Cerquei-te, meu senhor, do meu cantar,

Tomei as tuas mágoas sobre os ombros

E tudo o que pedi foi um lugar

Que albergasse a razão de tais assombros,


Mas tu, senhor das luas que eu alcanço,

Deixaste, por momentos, que eu esquecesse

Que havia, ainda, espaço pr`a quem sou


E o mesmo naufrágio, num remanso,

Veio chamar-me pr`a que não perdesse

Memória do tal mar que me afogou…

 


Maria João Brito de Sousa – 30.07.2010 – 20.00h

 

 

DEPOIS, SEMPRE DEPOIS...

 

 

Se num dia qualquer, sempre depois

Do dia que por nós foi combinado,

Acontecer juntarmo-nos, os dois,

Falando sobre as coisas do passado…


Se a conversa for longa, se sorrirmos

Lembrando o nosso absurdo e “ledo engano”

E se, apesar de tudo, conseguirmos

Que nada disso cause qualquer dano,


Então – e só então – teremos sido

Amigos de verdade e em verdade

Poderemos dizer que sempre o fomos


Por enquanto o melhor é este olvido

E esta ausência total de uma saudade

Enquanto eu nem sequer souber quem somos.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

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