Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
Sou Poeta Menor. Se Maior fosse,
Melhores versos faria, com certeza,
- a minha qualidade desgastou-se
na absurda dispersão dessa beleza
nas rimas, como peixes de água doce
expandindo-se em selvagem natureza… –
Mas, Maior ou Menor, o verso impôs-se
Sem pedir meças, nem sonhar grandeza
Noto que muitas vezes se utiliza
A palavra “maior” sem propriedade
E acredito que muitos desconheçam
Que este adjectivo apenas simboliza
O Épico, o que aspira à divindade
Por obra de alguns feitos que a mereçam.
Maria João Brito de Sousa – 11.07.2010 – 15.07h
Imagem retirada da internet
publicado às 08:30
Maria João Brito de Sousa
Poetas da minha Oeiras,
Gente viva, como eu estou,
Partilhando estas canseiras,
Dando-se como eu me dou,
Poetas de ontem e de hoje,
Uns ainda produzindo,
Outros – como o tempo foge… -
Na tela, ainda sorrindo…
Que absurda força nos move?
Que inércia é esta – e não pára! –
Que surpreende, comove,
Faz de nós gente assim rara?
E enquanto vou perguntando,
As questões, já respondendo,
De novo me vão explicando
Razões que eu mal compreendo…
Maria João Brito de Sousa – 11.07.2010 – 18.47h
Imagem de Cesário Verde, retirada da internet
NOTA - Excepcionalmente publico, neste blog, um poema em redondilha maior. Este poema "nasceu-me" do evento promovido pelo Centro Cultural de Oeiras, no sábado passado.
Os sonetos retomarão, amanhã, o seu lugar habitual. Se Deus quiser.
publicado às 12:05
Maria João Brito de Sousa
Nos meus longínquos dias de menina,
Jamais foi posta em causa a pertinência
Do longo, longo tempo de uma ausência
Ou do toque ideal da luz divina.
A casa era, pr`a mim, uma oficina
E, em cada linha escrita, a transparência
Sabia impor-se à dura penitência,
Justificando o quanto me fascina…
Assim, nesse húmus rico, fui crescendo
No centro do canteiro que não esqueço,
Como planta; selvagem, mas erecta!
E se hoje alguma coisa eu não entendo,
É porque, com certeza, o não mereço…
Eu tendo a escrever sempre em linha recta.
Maria João Brito de Sousa – 29.06.2010 – 21.54h
publicado às 10:30
Maria João Brito de Sousa
"Integrado na programação do CENTRO HISTORICO DE OEIRAS, o CENCO - Centro Cultural de Oeiras, vai estar presente nestes eventos, a convite do Sr. Presidente.
Na noite do próximo dia 10, pelas 21.30, apresentaremos uma Noite de Poesia (com um pouco de teatralização) subordinada ao tema: Oeiras, História de Ontem, Estórias de Hoje.
Entre os vários poetas que selecionámos, será dita poesia da Maria João Brito de Sousa, bem como do António de Sousa.
O Evento Cultural será no 1º andar da Livraria-Galeria Verney e teremos imenso prazer em contar com a sua presença."
------------ ----------- ---------
Transcrevo e publico o convite que a Dra. Glória Torrado me enviou por email e aproveito para deixar os meus mais sinceros agradecimentos a todos os elementos do CENCO bem como à Direcção da Galeria Livraria Municipal Verney.
Livraria-Galeria Municipal Verney - Rua Cândido dos Reis, 90/90 A - Oeiras
publicado às 09:00
Maria João Brito de Sousa
Na lucidez das horas que constroem
A estranha arquitectura dos meus dias,
Os minutos que sobram pressupõem
Espectros sedimentares de fantasias
E quando outros desenhos se me impõem,
Despontando, quais suaves melodias,
Eu recomeço e logo se compõem
Mil notas de outras tantas melodias…
Alegre e desatenta ou desinteira,
Serena ou semelhante a tempestade,
Roçando uma harmonia quase pura,
Percorre-me inteirinha e, sem canseira,
Traçando uma tangente à divindade,
Transcende-me, esta estranha arquitectura…
Maria João Brito de Sousa – 05.07.2010 – 21.18h
IMAGEM - Uma chama de esperança contra o cancro.
Que cada um de nós possa, à sua maneira, deixar uma oração, um pedido por todos aqueles que, neste momento, sofrem.
Esta vela foi-me entregue pela Maria Luísa, do http://prosa-poetica.blogs.sapo.pt/ e convido-vos a levarem-na convosco e a
passarem a mensagem.
publicado às 09:00
Maria João Brito de Sousa
Meu astro pequenino, independente,
Na órbita insegura de uma vida,
Deixando um rasto tanto mais urgente,
Quão próxima estiver tua partida
Meu astro de estro apenas emergente,
No vislumbre ideal de uma saída,
Tornado Astro Maior que, de repente,
Decide dar-se inteiro, em despedida
Tão só nesse momento o mundo aceita
O brilho que era em ti desde o começo
E que, desde o começo, te movia
Teu rasto de infinitos, quando espreita,
Traz a luz de outros sóis, que não conheço,
Prenunciando um novo e claro dia.
Maria João Brito de Sousa – 03.07.2010 – 17.10h
publicado às 10:00
Maria João Brito de Sousa
NOS TEUS DOIRADOS OLHOS
Nos teus olhos doirados convergiam
Todas as transparências da alquimia
E do brilho velado que emitiam
Nascia um luar novo, em pleno dia...
Insinuações,quais sombras, permitiam,
Ao meu humano olhar que os inquiria,
Carícias mil que, a mim, me transmitiam
Sempre que o meu olhar os pressentia…
Iluminando a noite, assim, seguros
De encontrarem os meus à sua espera,
Aproximam-se mais das mãos que estendo…
Teus olhos são doirados… os meus, escuros,
Abertos, não distinguem – quem me dera… -
Senão um linguajar que sempre entendo…
Maria João Brito de Sousa – 03.07.2010 – 22.15h
Ao Sigmund, o mais amado dos meus gatos.
DESLUMBRAMENTO III
Deslumbra-me essa absurda persistência
Da vida a começar, sempre tão linda,
Dos astros que, em perfeita transparência,
Se desenham num céu que nunca finda,
Das ínfimas coisinhas que não vemos,
De todas as que, vistas, nos transcendem,
Do muitíssimo pouco que sabemos
E das coisas sabidas que nos prendem…
Se neste encantamento deslumbrado
Se me cumprem os dias que aqui canto,
Ninguém pode arrancar-me um só lamento
Até que este planeta, já cansado,
Se decida a quebrar o tal encanto
E se finde este meu deslumbramento…
Maria João Brito de Sousa – 04.07.2010 – 19.18h
ERA UMA VEZ...
No tempo em que os poemas comandavam
Os destinos do mundo e dos ser vivo(s),
Os ponteiros do Tempo até paravam
E, do espanto, tornavam-se cativos …
Das fábulas que as aves me contavam
E que, hoje, retirei dos meus arquivos,
Renasceram-me as rosas que plantavam
Em canteiros lunares, sempre intuitivos…
Essas rosas cantavam, tinham vozes,
Como as mansas sereias do meu Tejo,
E asas de tão vasta dimensão
Que semelhavam estranhos albatrozes…
Nas corolas de seda, um só desejo;
Fazer, da minha língua, uma canção...
Maria João Brito de Sousa – 04.07.2010 – 14.36h
publicado às 10:26
Maria João Brito de Sousa
Em verdade vos digo que este mundo,
Tão cheio de armadilhas e traições,
No qual eu tantas vezes me confundo,
Me vai dando muitíssimas lições
E, se às vezes me zango, cá no fundo,
Aproveitando as tais contradições,
Vislumbro as soluções de que me inundo
E vou tirando as minhas conclusões…
Em verdade, portanto, vos repito
Que mesmo que o caminho me pareça
Demasiado agreste, assustador,
Eu não recuarei porque acredito
Que, até que esta vontade prevaleça,
Jamais o enfrentarei com vão temor…
Maria João Brito de Sousa – 01.07.2010 – 22.51h
publicado às 11:22
Maria João Brito de Sousa
A DISSECAÇÃO DOS DIAS
Cada dia é um dia que começa
Sobre outro que passou, que foi vivido.
Depois, por cada dia que aconteça,
Será o teu percurso construído.
Há quem disseque os dias, peça a peça,
Quem procure o seu rumo, o seu sentido
E também quem não ligue e, assim, se esqueça
Que um dia, por passar, não foi perdido…
Cada dia que passa é mais um dia
E mais um passo dado em direcção
Ao que, desconhecendo, mais receias,
Mas não fora esse passo e não teria
O tempo que te sobra essa intenção
De acrescentar-te, a ti, novas ideias…
Maria João Brito de Sousa – 26.06.2010 – 16.36h
MAIS UM DIA...
Este é um dia como tantos outros,
Um dia que está quase a começar
E em que muitos poemas serão poucos
Ante os qu`uinda pretendo aqui deixar.
Mais um dia em que, louca entre os mais loucos,
Prescindo de viver para sonhar,
Em que, escrevendo, faço ouvidos moucos
A quem me tente, a mim, condicionar…
Irmãos, ser-se poeta não permite
Viver como viveis, gastando as horas
Como quem quis poupar quanto podia…
Um poeta quer mais e nunca admite
Minúcias que produzam mais demoras;
Assim, eis que começa um novo dia…
Maria João Brito de Sousa – 28.06.2010 – 07.03h
NOTA - Digitalização de um desenho meu, quando tinha dez anos, representando a infância de Jesus e João Baptista
DIVULGAÇÃO - Passem no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/ e vejam as novidades sobre a nossa pequena Carolina Lucas.
publicado às 11:08