Maria João Brito de Sousa
MARQUÊS DE POMBAL
Eu, Marquês de Pombal, Conde de Oeiras,
Senhor das belas terras que aqui vedes,
Construirei fortíssimas paredes
Que levarão a vila além fronteiras!
Jamais me perderei noutras canseiras,
Ninguém me enredará nas suas redes!
Farei de Oeiras vila aonde as sedes
Se poderão matar de mil maneiras!
Com monumentos tais e esta beleza,
Criarei, nesta vila, tal grandeza
Que nenhuma cidade há-de igualar
Pois, nas flores que plantar no meu jardim,
Esta terra jamais verá seu fim
E será tão eterna quanto o mar!
Maria João Brito de Sousa
publicado às 11:21
Maria João Brito de Sousa
O evento de animação cultural ESPANTALHOS - DÊ-LHES VIDA! , da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia de Freguesia de Oeiras, sofreu uma alteração em relação à data prevista para a inauguração. Conforme divulgado no Poetaporkedeusker e no Contra-sensual, a inauguração seria no dia 29, Sábado mas, afinal, será durante a tarde do dia 30, no Jardim Municipal Almirante Gago Coutinho, perto da praia de Stº Amaro de Oeiras .
Um evento que promete muita animação e que faz descer à rua o soneto clássico! Conto convosco!
Imagem retirada da Internet
publicado às 11:23
Maria João Brito de Sousa
Tão perversa, esta humana natureza,
Quão sublime, também, já soube ser…
Quão alto se elevou – pura beleza! –
E desceu, a seguir, pr`a se perder…
E é neste encantamento de princesa
Que um dragão inventado ousou prender
Que se cumprem destinos de acha acesa
E cada humano vive até morrer…
Mistérios… nada mais pode explicar
Estas oscilações entre a harmonia
E essoutro horror, absurdo e dominante.
Mistérios que nos levam a criar,
Além do que é prudente, uma ousadia
Que gera mais terror que onda gigante…
Maria João Brito de Sousa – 25.05.2010
Amanhã, às 18h 30m.
publicado às 15:31
Maria João Brito de Sousa
É já na próxima quinta feira, dia 27!
publicado às 12:29
Maria João Brito de Sousa
A PROCURA
Procuro, não te encontro e, se duvido
Dessa tua presença vertical,
É por ser tão humana e sem sentido
Não é por querer negar-te ou dizer mal…
Procuro mais ainda e, se divido
Esta minha incerteza ocasional
Com quem estiver por perto, quem comigo
Possa sentir que isto é disfuncional,
É porque esta procura se demora
Na esquina dos minutos que há na hora,
Ao longo duma estrada que não finda.
Procurando, caminho estrada fora
E enquanto caminho, como agora,
Descubro o que em procura se deslinda…
Maria João Brito de Sousa
A ONDA
Se uma onda, em chegando, te afogar,
Traiçoeira, em marés que não previste,
Vê bem se foste tu que assim pediste,
Se a onda, por si só, te quis molhar…
Se saltou sobre ti quando, ao passar,
No pontão, nem sequer te preveniste,
Ou se age por vontade e não resiste
A afogar quem se chega ao pé do mar…
Eu própria nunca o sei mas, se calhar,
As ondas também podem protestar
Ou decidir, até, sobre o que existe…
Se não, ó meu irmão, tiveste azar
E a onda, por acaso, ao rebentar,
Levou-te, inteiro, o corpo que vestiste…
Maria João Brito de Sousa
22.05.2010 – 18.35h
DESPEDIDA
Ah! Se é por mim que ele se recusa a ir,
Se a morte o chama e ele não lhe obedece,
Como hei-de eu estar feliz, poder sorrir
Como quem, sem dar luta, aceita e esquece?
Como pedir-lhe para desistir?
Como inventar, pr`a ele, mentira ou prece,
Se ele mesmo lhe resiste ao não partir,
Se assim se escusa a quem tão mal conhece?
E nesta dor – tão lenta – , a despedida
Mais parece perversa do que mansa,
Dói mais do que o cutelo de um instante!
Mas, se hei-de abreviar-lhe esta partida,
Por que razão evoco, ainda, a esperança?
Qual delas – vida ou morte? - a mais distante?
Maria João Brito de Sousa
publicado às 10:57
Maria João Brito de Sousa
ACTIVIDADES CULTURAIS EM OEIRAS
No dia 27 do corrente mês – quinta-feira – pelas 18h, a Associação de Moradores de Nova Oeiras,
AMNO, inaugura, na Galeria Livraria Municipal Verney, uma exposição onde estarão patentes, entre muitas outras, duas telas de minha autoria;
“Os Guardadores de Luas” e “Anunciação do Cristo Amarelo a Paul Gauguin”.
As obras estarão expostas até às 18h do dia 30.
No dia 29, Sábado , pelas 15h, a COMISSÃO EDUCAÇÃO E CULTURA da Assembleia de Freguesia de Oeiras, inaugura, no Jardim Municipal de Oeiras, um projecto da autoria de Gabriela Bessa, da CDU que contará com a presença do Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Carlos Morgado.
ESPANTALHOS. DÊ-LHES VIDA!; o projecto de animação cultural, eleito por maioria na Assembleia de Freguesia, contou com o apoio das voluntárias dos Centros Sociais Paroquiais de Stº António de Nova Oeiras, S. Julião da Barra e Bairro do Pombal que colaboraram no processo de elaboração das figuras.
Os Espantalhos “dialogarão” com os visitantes em decassílabo heróico, através de sonetos da minha autoria.
O SONETO CLÁSSICO DESCE ÀS RUAS E OS ESPANTALHOS TORNAM-SE POETAS!
Conto com a vossa presença!
publicado às 14:59
Maria João Brito de Sousa
A Fúria despertou! Ninguém a agarra
Pois chispa, estala, salta e faz fagulha,
Estrebucha, rosna, alastra e pede bulha
E só na própria bulha é que se amarra.
Tudo o que a Fúria encontra, em fúria estraga
E queima e deixa negro como a hulha
Mas, depois de passar numa algazarra,
Cabe bem no buraco de uma agulha
Quem tem medo da Fúria? Quem o tem?
Depois de detonar, toda se acalma,
Chega a pedir desculpa e, de pasmada,
Não sabe, nem sequer, que lhe convém
Mostrar tudo o que ainda traz na alma
E fica muda, queda, envergonhada.
Maria João Brito de Sousa
18.05.2010 – 20.30h
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 11:48
Maria João Brito de Sousa
Sobram, de mim, castelos virtuais
Feitos de antigos sons que me roubaram
E os altos torreões pedem-me mais
Relembrando esses tempos que passaram
Enquanto elevo a ponte, ao longe, o cais,
Chorando a solidão dos que ficaram,
Faz ouvir o soluço dos seus ais
Sobre as águas que sempre o abraçaram
À beira rio, ao longo de uma estrada,
Erguem-se, instavelmente, os edifícios
Com lojas que não vendem - mas emprestam… -
Pelas quais se prolonga, incontestada
A humana natureza dos ofícios…
E estas são as coisas que me restam.
Maria João Brito de Sousa
18.05.2010
publicado às 14:27
Maria João Brito de Sousa
Já vos contei das almas pequeninas
Que há por detrás de cada ser vivente?
Já vos falei do que é mais transcendente
No vislumbrar das almas clandestinas?
A vós que acrescentais obras divinas
A tudo o que acontece e, de repente,
Esqueceis o que, no fundo, é mais urgente
E o que é inseparável destas rimas,
Vou contar um segredo tão secreto
Que é bem possível que me não escuteis,
Que penseis que tudo isto é fantasia…
Mas faz parte do mundo, é bem concreto
E existe para além do que entendeis
Embora o apodeis de “teoria”…
Maria João Brito de Sousa
publicado às 14:56
Maria João Brito de Sousa
Disse-me o sol, um dia, indo dormir;
- Lembras-te, ó ser lunar, dessoutro tempo
Em que outros paraísos do sentir
Te davam melhor cor, maior alento?
Do tempo dos sentidos a florir,
Das vôo singular cortando o vento,
Das horas de encantar, sempre a surgir
Das águas que te inundam lá por dentro?
Lembras-te, ou não te lembras? Se o recordas,
Se, acaso, essa memória te acompanha
E caso em ti persistam tais lembranças,
Vives delas ainda e, se concordas,
Repara bem que é tua – embora estranha... –
Essa imagem de ti com duas tranças.
DOUTA IGNORÂNCIA
Nunca sei se me sei. Eu pouco sei
Pr`além da lucidez do que em mim sinto,
Mas do que sei sentir, nunca desminto
As rotas de quem sou, no que vos dei.
Do muito que senti, pouco pensei
E, ainda desse pouco, quanto instinto,
Quanta intuição! O que pressinto
Pode vir – eu sei lá… – de quanto herdei.
Nesta minha doutíssima ignorância,
Sou igual aos demais que a pouco aspiram
Enquanto sou dif`rente de outros tantos
Que primam por mostrar uma arrogância
Baseada nos bens que conseguiram
E na extrema riqueza dos seus mantos…
MUDANÇAS
Sempre que alguém disser; sempre se fez,
Isto ou aquilo e tantas coisas mais,
Melhor fora lembrar outros que tais
Que, por nunca mudar, perdem a vez.
Um momento, um instante e, sem porquês,
O mundo já mudou! Mudou-se o cais,
Mudaram pedras, plantas, animais
E até se vai mudando o Português…
A mudança, senhores, é tão constante
E, mais ainda, tão inevitável
Quão impotentes somos para a parar,
Por isso, quem agora é importante
Pode, amanhã, tornar-se um imprestável
Apenas por tentar nunca mudar.
Maria João Brito de Sousa
- Ao Poeta António Aleixo
publicado às 11:13
Maria João Brito de Sousa
E depois do depois? Depois ainda
De os beijos nos morrerem no cansaço,
Depois do colapsar do corpo lasso
Nas fronteiras da esperança que não finda?
Depois que restará? Será bem-vinda
Essa maré vazia em que o sargaço
Apodreça na praia deste abraço
Que agora a maré-alta torna linda?
E valerá a pena ousar o beijo
Se depois só sobrar o afastamento,
Se nada nos ficar deste” nós dois”?
Jamais confiarei, louco desejo!
Eu nada quero além do meu talento.
O resto… só depois, sempre depois!
Maria João Brito de Sousa
publicado às 11:03
Maria João Brito de Sousa
Pequenos riscos negros, sinuosos…
Mas não foi por acaso que os tracei,
Ou então… é “acaso” o que eu serei
Enquanto os semear, assim, viçosos…
Por vezes gritam, rudes, alterosos,
Saltando do papel em que os lancei…
Outras vezes, porém, mal os pousei,
Já sussurram mil sons silenciosos…
Se não fazem sentido… que sentido
Faço eu, então, por cá, se de mim brotam,
Se destas mãos magoadas vão nascendo?
E, se acaso são meus, terei mentido?
Pequenos riscos – quase nem se notam… –
Aos quais tanto me entrego e assim me prendo…
Maria João Brito de Sousa - Pormenor de "O Filho do Homem".
publicado às 14:08