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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
13
Jan10

ESSAS PEDRAS QUE SEMPRE AMEI...

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Eu sempre amei, nas pedras da calçada,

As mil ervas-moirinhas que despontam,

Que sobem para o alto e nos apontam

A força de uma vida que é negada…

 

Pr`a mim, que sou fiel à minha estrada,

Essas pequenas vidas que não contam

São émulos perfeitos que remontam

À génese de mim, já condenada…

 

As pedras que eu amei, as que aqui piso,

Que me rasgam na face este sorriso,

Com as quais desde já me identifico,

 

São coisas quase vivas, quase minhas,

Das quais nascem as tais ervas-moirinhas

De que eu, sendo quem sou, jamais abdico!

 

 IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

 

12
Jan10

NÃO DESISTIR...

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Se agora eu, deslumbrada, me extasio

E se agradeço a Deus tão estranha fé,

Depois, quando subir outra maré,

Quem virá preencher-me este vazio?

 

Que bendita alegria irá nascer?

Que dor, que desespero irá, de novo,

Levar-me à desistência, que reprovo,

De um caminho acabado de escolher?

 

Só sei que há-de sobrar-me este infinito

De todos os poemas por criar,

De todas as palavras por sentir

 

E sei que tudo aquilo em que acredito

Irá permanecer, irá ficar

Por cá, porque eu não hei-de desistir!

 

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

11
Jan10

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA IV

Maria João Brito de Sousa

 

 

A FERRAMENTA

 

Se eu cresci a saber que duvidar

É a mais produtiva ferramenta

- embora dê trabalho e seja lenta… -

Porque me falas tu de acreditar

 

Como se fosse a forma de criar

Que tudo vai gerar, tudo sustenta?

A dúvida é um bem que me acalenta

E me ensinou as artes de voar.

 

Sem dúvida que a dúvida é, por vezes,

O ponto de partida de uma fuga,

Mas fabrica, pra nós, sabedoria.

 

Duvidei tanto, ao longo destes meses,

Que vi acrescentada, ruga a ruga,

A lavra do que eu não compreendia.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - Janeiro 2010

 

 

ONÍRICO

 

Sereias, verdes ilhas, longos arcos

Numa paisagem onírica, tão calma

Que nos vai refrescando corpo e alma

Onde, antes, os modelos eram parcos.

 

Oníricas divisas, quais medalhas

Dessoutra metafísica palpável

Que, muitas vezes, pode ser viável

No mundo do real, ali, “ao calhas”…

 

Naquelas verdes ilhas que sonhei,

Que química indizível partilhei

Com aquilo que existe e me rodeia?

 

Talvez, em vez de química, “alquimia”,

Que o sonho traz-me sempre essa magia

E é, para mim, suprema panaceia!

 

Maria João Brito de Sousa - Janeiro 2010

 

 

 

SOLTAR AS AMARRAS

 

 

Soltai-vos dedos quando, descontentes,

Vos crispais sobre as palmas destas mãos.

Soltai-vos e escrevei poemas vãos

Sobre o riso e as lágrimas das gentes!

 

Soltai-vos e escrevei sonetos leves,

Fluentes como as águas de mil fontes!

Soltai-vos e lançai serenas pontes

Como se sempre houvésseis sido breves.

 

E, mesmo quando presos e crispados,

Não vos negueis, ó, dedos encurvados,

Não vos deixeis vencer por uma dor!

 

Sede sempre rebeldes, trabalhai!

Escrevei sem que solteis, sequer, um “ai”,

Porquanto trabalhais por puro amor.

 

Maria João Brito de Sousa - Janeiro 2010

 

 

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08
Jan10

O LOBO

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

 

 

 

Eu sou o lobo e, às vezes, não sou manso…

Assim me fez o Deus que me criou

E que, dentro de mim, adivinhou

A estranha ambivalência em que balanço.

 

Sobrevivente, eu chego aonde alcanço

Tentando preservar tudo o que sou

Com esta força astuta que mostrou

Saber permanecer sem ter descanso…

 

Não ouseis condenar-me! Vós, Humanos,

Que destruís bem mais do que eu destruo,

Que caçais por prazer, não pela Vida,

 

Reparai, em vez disso, os muitos danos

Que fazeis neste mundo! Este recuo

Em que lançais a Terra Prometida!

 

NOTA BREVE - Eu sei que ainda é cedo, que muitos ainda estarão a começar a aperceber-se de que estamos num novo ano de uma nova década, que todos temos tendência a protelar o que temos para fazer - somos uns tremendos procrastinadores, não é? - , mas dei comigo a pensar que o http://poesiaemrede.no.sapo.pt/ tinha poucos poemas e, o que é bem pior, estava com muito poucas visitas... vai daí, inchada e tudo, com dor de maxilar e tudo, meteu-se-me na cabeça que podia fazer alguma coisita para melhorar o estado da situação - nada de gozadelas! Eu disse "o estado da situação", não "a situação do Estado"!

O tema? O tema é A VIDA, meus amigos! E ele existe lá coisa mais bela?!

`BORA LÁ CRIAR?


 

 
07
Jan10

CRIAÇÃO II

Maria João Brito de Sousa

 

 

Verga-se o medo à luz da clara ideia

E surge, ebúrneo, o fruto da vontade

Prometendo essa estranha liberdade

De que uma criação nos incendeia!

 

Criando, eu, criatura me confesso

Ingrata, insatisfeita, um tanto louca…

[Por vezes questionar-me é coisa pouca

Para quem tudo vira do avesso…]

 

Posso ser subversiva e dedicar

Uma vida inteirinha no explanar

Das razões que me levam a ser eu

 

Ou posso ser submissa e assertiva,

Negar a criação, ficar cativa

Dum sonho que jamais será o meu…

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

 

 

NOTA BREVE - Eu sei que ainda é cedo, que muitos ainda estarão a começar a aperceber-se de que estamos num novo ano de uma nova década, que todos temos tendência a protelar o que temos para fazer - somos uns tremendos procrastinadores, não é? - , mas dei comigo a pensar que o http://poesiaemrede.no.sapo.pt/ tinha poucos poemas e, o que é bem pior, estava com muito poucas visitas... vai daí, inchada e tudo, com dor de maxilar e tudo, meteu-se-me na cabeça que podia fazer alguma coisita para melhorar o estado da situação - nada de gozadelas! Eu disse "o estado da situação", não "a situação do Estado"!

O tema? O tema é A VIDA, meus amigos! E ele existe lá coisa mais bela?!

`BORA LÁ CRIAR?

06
Jan10

O DOM DA PERMANÊNCIA II

Maria João Brito de Sousa

 

 

Ah! Quem me dera sempre aqui ficar!

Eu oiço, ao longe, os passos que não dou

E, desta quietação em que aqui estou,

Eclode-me um desejo de criar!

 

Assim, n`essoutro espaço, esse lugar

Onde outra permanência me levou,

Eu, de novo, me encontro com quem sou

E, ubíqua, me desdobro no meu par…

 

Esta estranha aventura, verdadeira,

[tenho-a sem levantar-me da cadeira

onde me nasce estoutra incongruência]

 

Tem sido uma constante a vida inteira;

Eu não sei senão ser desta maneira…

É o meu estranho dom da permanência.

 

 IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

05
Jan10

ABSTRACIONISMO

Maria João Brito de Sousa

 


 

Condensado de Ser levado ao extremo,

Nos limites de um ego a transbordar,

Concentrando a vontade de criar

Num espaço pequenino e quase obsceno…

 

Assim representado, o bicho Humano,

Na forma abstraccionista de um conceito,

Na frase elaborada com preceito,

Parece, realmente, um pouco insano…

 

Perspectiva-se, aqui, algo diferente

Mas não menos real para quem veja

Um pouco além das óbvias aparências…

 

Muitos, porém, nem sequer verão gente…

Verão restinhos do que quer que seja

Nascidos da mais pura incoerência…

 

Prémio de Excelência em Pintura Abstracta-Museu de Arte de Macau

 




 

Série Cidade de Disparidades – (3ª)

Lin Fan Wei
Tainan, Taiwan
Media mistos em papel
A200cm x L270cm
 

04
Jan10

DOMINGO E SEGUNDA FEIRA .... UM FELIZ 2010! :-)

Maria João Brito de Sousa

 

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 A VARINHA DE CONDÃO

 

 

Um poema em suporte de papel,

Traçado na urgência do momento,

Entre dois ou três toques de pincel

E o jantar cozinhando em fogo lento

 

Tinha tinta nas mãos e, sem saber,

Sujei de azul o leito do poema;

Ficou sendo um soneto “para ver”

E, no conjunto, a obra vale a pena!

 

Isto de ser poeta e ser pintora

É coisa que requer engenho e arte

Dons de improviso e muita precisão

 

E, se de algum talento sou senhora,

O corpo já me dói por toda a parte

E eu não tenho  varinha de condão!

 

Maria João Brito de Sousa - 2010

 

 

AMBIVALÊNCIA

 

Há dias em que vivo dividida

Entre o eterno canto da cigarra

E as necessidades da formiga

Numa contradição que aqui me amarra

 

E não tenho qualquer contrapartida;

Às vezes é a fome que me agarra,

Noutras, uma ilusão prega a partida

E ergo a minha voz com toda a garra.

 

Mas, afinal de contas, quem sou eu

E que estranha vontade me prendeu

A esta alienante incoerência?

 

Nos saltos que já dei de Inferno a Céu,

Que estranha condição me concedeu

Uma tão pontual ambivalência?

 

Maria João Brito de Sousa - 2010

 

***************************

 

NOTA INTRODUTÓRIA - Ao ano de 2010 

 

 Neste feriado prolongado em que fui MUITO FELIZ apesar da dor de dentes , tive a oportunidade de rever alguns dos sonetos que tinha guardado em ficheiro e, nunca fugindo a esta devoção algo obsessiva de teimar em manter uma postura didáctica, cheguei, rapidamente,  à conclusão de que estava a falhar redondamente. Encontrei MONTANHAS de erros tipográficos e, eventualmente, um ou outro erro métrico.

Não prometo que o Poetaporkedeusker apareça revisto e corrigido de um dia para o outro - começo a duvidar das minhas próprias qualidades de escritora, pelo menos na perspectiva da poeta espontaneísta... - mas comprometo-me a empenhar muitas horas deste 2010 a tentar corrigir muitos dos disparates que grassam neste cantinho da blogosfera.

Para todos os que vieram - ou não - participar desta festa do Soneto Clássico, um 2010 cheio de Paz, Saúde e Criatividade. As minhas desculpas pelos "atentados" que, inadvertidamente, aqui foram cometidos contra a Língua Portuguesa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

01
Jan10

TUDO POR TUDO!

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Pela Vida eu dou tudo e nada peço

Senão este vaivém que, eternamente,

Faz despontar em nós essa semente

Que gera o tal eterno recomeço…

 

Eu morro pela Vida e reconheço

Que a Vida que há em mim, sempre latente,

Me exige essa transformação premente

Porque tudo na Vida tem um preço…

 

Eu vivo pela Vida e morro nela

Pois cada um de nós é como a vela

Que ao acender-se dita o seu destino…

 

Se, não temendo a morte, eu me cumprir,

Então este meu tempo de existir

Não terá, nunca, sido pequenino…

 

 UM FELIZ 2010 PARA TODA A BLOGOSFERA! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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