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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Nov09

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA

Maria João Brito de Sousa

ORIGENS

 

Dêem-me verde e sol e água e ar!

Dêem-me as formas mais desconcertantes,

Os ínfimos vazios, locais distantes,

E tudo enfrentarei sem me negar!

 

Dêem-me a liberdade aleatória

Ou a prisão mais negra e improvável

E eu sempre seguirei, embora instável,

Contando a minha inacabada história!

 

Não vos negueis à força que em mim trago!

Mesmo que me sondeis, de modo vago,

Eternamente estranha vos serei…

 

Procurai, no entanto, eternamente

Porque eu estarei em vós, sempre presente,

Na força e na fraqueza que vos dei!

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2009

 

 

VIDA

 

 

Sou pólen e suor de brancas flores

E frágil, mas possuo imensa força;

Haverá quem me quebre e não quem torça

O caule que me eleva aos meus amores.

 

Trago em mim e comigo essa vontade

Que não encontra nunca a explicação

E entrego a minha vida, de caução

A quem souber amar-me de verdade.

 

Quem sou, se nem quem escreve sabe quem?

Consolai-vos, senhores, não sou ninguém...

(ou sou, mas não vos conto o meu segredo!)

 

Serei, talvez, uma invenção de alguém

Ou, do sopro da vida, a própria mãe,

Mas não vos farei mal. Não tenhais medo...

 

Maria João Brito de Sousa - 2009

 

 

 

 

 MORTE

 

Eu sou a Morte. Sou uma passagem

Difícil para vós, eu sei-o bem,

Mas tenho uma função; sou quem detém

O segredo final desta viagem.

 

Só de mim nasce a Vida, essa voragem

Que agora existe em vós e que contém

Outra razão secreta; o que lá vem

Sempre que, em mim, se alcance essa paragem.

 

Sem mim nada haveria neste mundo,

Nada seria verde nem fecundo,

Só fogo rasgaria a escuridão,

 

Nem o Espaço e o Tempo existiriam

E os próprios cometas só seriam

Um grito a povoar a imensidão.

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2009

 

 

27
Nov09

QUERES SABER UMA COISA?

Maria João Brito de Sousa

- Vou contar-te uma coisa! Esta partilha

Daquilo que em nós vamos descobrindo,

É o que, em nós, existe de mais lindo!

Mais do que aprenderemos na Cartilha!

 

- Um segredo que é nosso? Eu quero ouvi-lo!

Quero ir além de mim, saber bem mais,

Entendê-lo, guardá-lo entre os demais

Para multiplicá-lo e dividi-lo!

 

- É esta coisa nova e tão dif`rente

Das coisas que nos passam pelos dedos,

Do que vamos tocando e toca em nós…

 

- Também tu descobriste, finalmente,

O som que se modula em mil segredos

Que é a livre expressão da nossa voz!

 

 

Poetado para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/  :)

26
Nov09

DÚVIDA METÓDICA

Maria João Brito de Sousa

 

DÚVIDA METÓDICA

E se, depois, houvesse um não-sei-quê

Por dentro de outra vaga imaculada?

E se, em lugar de tudo, houvesse um nada

Reflectindo o olhar de quem o vê?

 *

 

E se, em cada ilusão, outra ilusão

Fosse somando, até ao infinito,

Aquilo que tomámos por já escrito

E a que nunca sabemos dizer: - Não!

*

 

E se as certezas só forem certezas

Se nós acreditarmos ser assim?

E se, afinal, não for… como será?

*

 

Se, sorrindo, se fala de tristezas

E, chorando, se colhe o alecrim…

Aonde é que o poema acabará?

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 26.11.2009 - 14.04h

 

Nota - Soneto ligeiramente reformulado a 11.10.2015

 

 

Imagem retirada da internet

25
Nov09

UM CASTELO DE NADAS...

Maria João Brito de Sousa

 

 

Um castelo de nadas, feito á pressa,

Um bocejo a calar o que se diz,

A comichão na ponta do nariz,

Eis a noite de sono que começa…

 

Uma breve oração, uma promessa

De tentar ir além, ser mais feliz,

Um não-ligar ao que em nós contradiz

O que se foi juntando, peça a peça…

 

Um sonho, um nada em forma de castelo

A pairar sobre mim que estou a vê-lo

Como se construído além-vontade…

 

Ali, aonde um nada se faz tudo,

Aonde morro e, lúcida, me iludo

Em aproximações de eternidade…

 

 

Imagem retirada da internet

24
Nov09

UM PUNHADO DE SONHOS

Maria João Brito de Sousa

 

Repara; eu sonho sonhos! Tu nem sonhas

Quantos mil sonhos há para sonhar!

Tenho asas, meu amor, sou de luar,

Aspiro a primaveras mais risonhas!

 

Se acaso me perder nas madrugadas,

Se este céu me fugir, se me esquecer

Das mil coisas que, então, quero fazer

Ao longo das manhãs imaculadas,

 

Terei talvez errado o meu caminho

Mas nunca aceitarei ter estado errada

No que tão loucamente procurei...

 

Percorri céu e mar buscando um ninho,

Semeei mil palavras sem ter nada

Senão estas mãos cheias do que dei!

 

Imagem retirada da internet

23
Nov09

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA II

Maria João Brito de Sousa

 

 

O CONCEITO DO DIVINO

 

 

Se, em mim, és tão diferente do descrito,

Se assim te vejo, sinto e reconheço,

Se o meu amor por ti nunca tem preço

E se és, Tu mesmo, aquilo em que acredito,

 

Se nada nem ninguém mo tiver dito

- se,  mesmo sendo imposto, o desconheço –

Por que razão fingir que aceito e peço

Um conceito geral do que é bendito?

 

Se me nasceste assim, naturalmente,

De forma tão completa, humana, urgente,

Como se eu fora em ti e tu em mim,

 

Então, p`ra sempre, assim te aceitarei

E, enquanto for assim, em ti estarei

Depois do que aqui escrevo, até ao fim!

 

A ESTRADA

 

 

Umas vezes corremos pela estrada,

Outras vezes suamos como velhos

Com correntes atadas aos artelhos

Numa exaustão total, antecipada…

 

Nada nos prende a ela. Mesmo nada!

E, no entanto, mesmo de joelhos,

Avançamos correndo e outros conselhos

Não nos podem travar a caminhada…

 

A estrada em toda a parte se descobre,

Se inventa, se recria ou acontece…

É uma condição de estarmos vivos.

 

É a vida que, em suma, se percorre,

Que aqui nos justifica e enaltece,

Mas que, afinal, por cá nos tem cativos.

 

AS CAUSAS PEQUENINAS 

 

 

Sou guardiã das causas pequeninas…

 

Um ninho, uma erva-moira, um cão doente,

Tornam-se-me sagradas, de repente,

E passam, num instantinho, a ser divinas…

 

Um pássaro a voar, essas meninas

Que brincam na calçada, este inocente

Que me olha tão serena e docemente

Como se eu florescesse entre boninas,

 

O sol que vem espreitar estas palmeiras,

Um gato que miou, estas floreiras

Onde crescem as flores que daqui vejo,

 

O verde dos canteiros, pintalgado,

Pelo vermelho-inverno antecipado…

É esta a causa viva que eu protejo!

 

 

"Essência" - Maria João Brito de Sousa 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

20
Nov09

CONTO DE FADAS I e II

Maria João Brito de Sousa

 

 

Neste Conto de Fadas, divertido,

Fugindo dos enredos costumeiros,

Os tesouros são ramos de pinheiros

E o Príncipe Encantado é um... bandido!

 

Não há vestidos longos, vaporosos,

Nem sapatinhos "sexi", de cristal...

Só a Fada Madrinha é mais normal

E gosta de ficar entre os bondosos.

 

Aconteceu há muitos, muitos anos,

Mas foi como se fosse agora mesmo

Que a Princesa tivesse desmaiado

 

E os ramos de pinheiro, quais abanos,

Sacudiram-na tanto e tão a esmo

Que afastaram o Príncipe Encantado...

 

 

II

 

Surge a Fada Madrinha, convencida

De que a pobre Princesa era infeliz

E dá-lhe um piparote no nariz

Deixando a pobrezinha adormecida...

 

Logo os pinheiros vêm, de mansinho,

Explicar à Fada bem intencionada

Que, muito embora boa, estava errada,

E a Princesa só queria era carinho...

 

Então cumpre-se o tal sereno encanto

E a Princesa-Poeta acorda então

No verde pinheiral, entre cadernos!

 

Na mão, o lápis que ela queria tanto...

Ficamos todos em contemplação,

Sentindo que, afinal, somos eternos!

 

 

Acabadinho de poetar para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/

Imagem retirada da internet

 

PS - Agora parece-me que sou eu que tenho pertinentes dúvidas em relação à aceitação geral deste Conto de Fadas...

 

 

 

 

19
Nov09

FORMAS DE EXPRESSÃO

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Há mil células vivas que procuram,

A cada instante, formas de expressão,

Que alcançam obras-primas da excepção

Onde as demais se vergam e se curam.

 

Mil células abrindo o seu caminho

Além dos passos que já foram dados,

Além dos planos que estavam traçados,

Na absurda construção de um novo ninho.

 

E mil milhões de células, teimosas,

Cuja vontade `inda ninguém conhece,

Desprezando a prudência e o bom senso,

 

Persistem na tarefa, ambiciosas,

Muito além da razão, além da prece,

Muito além do que sinto e do que penso…

 

 

Imagem retirada da internet

17
Nov09

TALVEZ SIM OU TALVEZ NÃO...

Maria João Brito de Sousa

 

E se fosse depois – e só depois!

Que o hálito do tempo me marcasse,

Que viesse oscular a minha face

Em carícias iguais às de nós dois?

 

Se ele viesse depois, como os heróis,

E mansa, mansamente me beijasse?

E se eu, feita princesa, despertasse

Para a luz de outras luas, de outros sóis?

 

Se fosse só depois, talvez a sorte

Nos desse outra saída, outro caminho,

Talvez fosse diferente… ou talvez não…

 

Não há razão para eu pedir à morte

A mudança de rumo e tu, sozinho,

Talvez sejas feliz, meu estranho-irmão…

 

Imagem de tela de René Magritte

retirada da internet

16
Nov09

A DÚVIDA

Maria João Brito de Sousa

 

Se eu cresci a saber que duvidar

É a mais produtiva ferramenta

- embora dê trabalho e seja lenta… -

Porque me falas tu de acreditar

 

Como se fosse a forma de criar

Que tudo vai gerar, tudo sustenta?

A dúvida é um bem que me acalenta,

Que me ensinou a arte de voar…

 

Sem dúvida que a dúvida é, por vezes,

O ponto de partida de uma fuga,

Mas gera, para nós, sabedoria…

 

Duvidei tanto, ao longo destes meses,

Que vi acrescentada, em cada ruga,

A lavra do que eu não compreendia…

 

 

"The suicide of the pink whale and the dove I borrowed from Magritte" - Maria João Brito de Sousa

13
Nov09

PORQUE UMAS VEZES SIM E OUTRAS... NÃO!

Maria João Brito de Sousa

 

 

Porque umas vezes “sim” e outras “não”,

E, às vezes, nem nós mesmos percebemos

Porque razão aquilo que fazemos

Parece mesmo ser contradição…

 

Porque, umas vezes, loucos de paixão…

[E bem depressa nós compreendemos

Ser mais um erro que então cometemos

E voltamos a nós e à razão…]

 

Porque, outras vezes, frios e racionais,

Passamos, num instante, ao desatino

E não sabemos mais o que fazer,

 

Nós, meros e comuns anjos mortais,

Acreditando, enfim, no tal destino

E deixando outro acaso acontecer…

 

 

 

 

Imagem - "Mulher em Molho de Luar"

 

Maria joão Brito de Sousa

 

12
Nov09

O TEIMOSO

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

O poema é teimoso! Tão teimoso

Que mais parece pura insurreição!

Gira em torno de nós, domina a mão

Que elege pr´ó tornar belo e famoso.

 

Surge num improviso e, cauteloso,

Impõe-nos a vontade e a condição

De o tornarmos um hino, uma canção

Que nos conquiste e possa dar-nos gozo.

 

É uma criatura imprevisível;

Ora nos faz sorrir, ora chorar,

Usando mil palavras semelhantes…

 

Torna-se mais e mais irresistível,

Faz impossíveis pr`a nos conquistar

E afasta-nos de acções mais importantes…

 

 

 

 

CONVITE - Na próxima sexta feira dia 13 de Novembro, às 14h 30m, vou estar no edíficio da Cruz Vermelha Portuguesa da Parede a dar o meu melhor por uma palestra sobre "soneto formalmente clássico". Porquê "formalmente" e não apenas "clássico"? Bom, isso eu vou fazer o possível por tentar explicar durante a palestra...

Todos os leitores do Poetaporkedeusker estão convidados!

 

CRUZ VERMELHA PORTUGUESA

Delegação Costa do Estoril

Rua Vasco da Gama, 243

 

2775 Parede

 

 

 

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