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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
30
Out09

DUNAS

Maria João Brito de Sousa

 

DUNAS

*

 

Nesses jardins de sílica batida

- monólogos de prata à luz da lua... –,

Choras uma saudade muito tua

 

Nos rastos que te deixa uma partida.

*

 

Ante-câmara de alma já esquecida,

 

Escorrendo pelas dunas de alma nua,

 

A praia, marinheiro, é dura e crua,

 

Mas no mar que enfrentaste há sempre vida!

*

 

 

Choraste sobre o chão de um mar que inventas

 

Pois foi na areia-mãe que tu, chorando,

 

Encontraste o teu rumo, ó marinheiro

*

 

 

Sem vela, ó remador das braças lentas;

 

Quem te dará, do mar, quanto vais dando,

 

Sem que a maré te cubra, a ti, primeiro?

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 30.10.2009 - 15.41h

 

 

 Imagem retirada da internet

 

 

 

Não, não é este o soneto da Fabrica de Histórias... o soneto para esta semana foi reeditado e data de Fevereiro de 2008.

Gostaria de vos convidar, a todos, para uma palestra sobre SONETO FORMALMENTE CLÁSSICO que irei dar às 14.30h do dia 13 de Novembro no Salão Nobre do  Edifício da Cruz Vermelha da Parede. Seria uma agradabilíssima surpresa encontrar-vos por lá!

28
Out09

PLANTANDO LUAS...

Maria João Brito de Sousa

http://www.pibvp.org.br/arquivos/imagens/artigos/img_50.jpg">

 

Trago luas nos bolsos, nas bainhas,

Nas fímbrias mais recônditas do ser

E outras mil que ainda irão nascer

Pr`a compensar mil outras penas minhas.

 

Hão-de brotar as luas, quais grainhas,

Por toda e qualquer parte onde eu estiver!

De cada lua-nova que crescer

Nascerão luas-cheias, redondinhas...

 

Hoje eu amo o luar como quem ama

O Mar, a Terra, a Vida e todo o Céu,

Além, muito pr`além do que é visível!

 

Hoje um quarto-crescente acende a chama

Que a lua, ainda nova, em si escondeu

Enquanto a escuridão lhe foi possível...

 


NOTA - Soneto inspirado no poema "Uma Lua em Cada Mão" de Lisdália Viegas dos Santos, in http://ospoetasdaapp.blogs.sapo.pt/72931.html

 

Imagem retirada da internet

 

27
Out09

NINGUÉM...

Maria João Brito de Sousa

  

 

 

Nem eu sei, nem tu sabes, nem ninguém

Conhece, de si mesmo, o tal sentido

Que faz valer a pena ter vivido

Quando o que aqui se faz, se faz tão bem.

 

Trabalha-se, constrói-se e vai-se além

Daquilo que foi feito e concebido

Porque nenhum de nós terá esquecido

A força que, cá dentro, a vida tem.

 

Construir, ser feliz, ter liberdade

De sonhar como sonha a Criação

De tudo o que existiu e há-de existir;

 

É essa a verdadeira felicidade

Que move cada ser em gestação

E o único objectivo a perseguir.

 

 "L`Art cèst un combat; dans l`art il faut y mettre sa peau..." Millet citado por Vincent Van Gogh.

 

 

26
Out09

QUEM TRAMOU O SUJEITO POÉTICO?

Maria João Brito de Sousa

Quem foi que ousou tramar o tal sujeito

Poético e patético, o tal que actua

E que jamais se rende ou compactua

Com actos que o não tornem mais perfeito?

 

Quem foi que ousou roubar-lhe esse direito

De ser etéreo e branco como a lua,

De ter raiz e caule em cada rua

Onde se desconstrua o que foi feito?

 

Quem foi que o despojou da glória eterna,

Quem foi que o dissecou de corpo e alma

Até chegar ao âmago de si?

 

Procuro - e ergo bem alto esta lanterna -

Com toda a lucidez, com toda a calma

Essoutro usurpador que eu nunca vi…

 

Imagem retirada da internet

23
Out09

MARIA SEM CAMISA

Maria João Brito de Sousa

NA DEADLINE PARA http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/

 

Não, não sou exactamente eu, conforme a imagem sugere. É mais ou menos o meu Ego sem censura, o que por aí anda à rédea solta e que acaba, sempre, por se manifestar no momento das grandes decisões. Por isso é, como eu e como todos vós, uma personagem. Pormenores? Aqui vão!

 

 
 
 
Maria Sem Camisa, a sem-dinheiro,,
 
Passando pela vida ao Deus-dará

 

Tem fama de ser louca e de ser má

 

Mas, no fundo, é poeta a tempo inteiro...

 

  

Maria vai plantando o seu canteiro

 

De sementes de si e o que não há

 

Inventa-o a Maria e tanto dá

 

Ter pouco se tão rico se é primeiro...

 

 

 

Maria-Sem-Camisa planta ideias

 

E disso vai colhendo o seu sustento

 

Sem cuidar da chegada ou da partida...

 

 

 

Os frutos que ela colhe são candeias,

 

São estrelas a luzir no firmamento

 

Da órbita em que traça a sua vida...

 

 

 

 

 

 

 

 

A SEM CAMISA II

 

Maria-Sem-Camisa, a sabe-tudo,

Aprendeu a falar c`os animais

E não desdenha nunca saber mais

Pois conhece o que diz o que está mudo...

 

Maria-Sem-Camisa é, sobretudo,

Uma devota ouvinte dos demais!

Entende o que lhe dizem os pardais,

Brinca com a razão onde eu me iludo...

 

Maria é destemida e eu nem tanto...

Maria nunca mente! Eu já menti...

Maria é bem mais forte do que eu sou!

 

Maria é o meu EU despido o manto

Que cobre tudo aquilo que senti

Quando a fraqueza humana germinou...

 

 

 

 

 

A SEM CAMISA III

 

 

Maria-Sem-Camisa é tão feliz

E passa pela vida tão contente

Que vai contagiando toda a gente

Mesmo sendo loucura o que ela diz!

 

O Mundo bem tentou! Ela não quis,

Em troca de riquezas, ser prudente

Ou vender-se por honras de regente...

Ficou fiel a essa directriz!

 

Maria, toda ela, é coração

E é isso que norteia a sua vida...

A glória e a riqueza, não as quer

 

Nem lhes presta, sequer, muita atenção...

E não lhe importa ser repreendida

Por ser bem mais poeta que mulher!

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2008

22
Out09

A JUSTIFICAÇÃO DA LUZ

Maria João Brito de Sousa

 

Procuro a Luz e tudo o que encontrar

Ao longo desses passos que já dei

Será sempre essa luz que procurei

Pela simples razão de a procurar…

 

Quando a luz é razão p`ra caminhar,

Enquanto caminhar acenderei

A mesma luz que em mim antecipei

No preciso momento de a sonhar.

 

A luz é como estrada em construção,

É um nunca-acabar de passos dados,

É um nunca-encontrar que frutifica

 

Na nossa persistência. A condição?

Procurar, no futuro, os mil passados

Desse orbe intemporal que a justifica.

 

Imagem retirada da internet

 

 

Um apelo em http://mumbles.blogs.sapo.pt/ :)

21
Out09

AO LONGO DE MIM...

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Nesse “ao longo de mim” que te ofereci

No breve-imenso instante em que fui tua,

Eu, mulher de ninguém, irmã da lua,

Despojei-me de mim p`ra estar em ti.

 

Foi ao longo de mim que recebi

O que de ti nasceu em mim que, nua,

Calava a solidão absurda e crua

Das horas de cantar que então perdi.

 

Tu, que ao longo de mim nunca encontraste

Aquilo que “era” em mim pr`além de mim

E que assim te perdeste do meu eu,

 

Vê que, ao longo de mim, também mudaste

E se não me encontraste até ao fim

Foi decerto por quereres um fim só teu…

 

 Imagem - "Les Racines du 20éme Siécle"    

                  Maria joão Brito de Sousa

 

20
Out09

DESMENTIR A DERROTA

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Hei-de cantar até que a voz me morra

E, se a voz forem mãos, até que abertas

Se me afoguem num mar de descobertas

Sem que alguém me descubra e me socorra.

 

Hei-de cantar tão alto e tantas vezes,

Tanta paixão porei neste meu canto

Que hei-de encontrar quem ria ou fique em pranto

De ouvir cantar, sorrindo, os meus revezes.

 

Depois, quando esta voz se me calar,

Quando chegar o tempo da partida,

Quando não mais se ouvir uma só nota,

 

Ficarão as palavras que eu cantar

Nessa continuação da minha vida

Que teima em desmentir essa derrota

 

 

Maria João Brito de Sousa - 20.01.2009

 

19
Out09

TRÊS SONETOS DA SALA DE ESPERA DO HEM

Maria João Brito de Sousa

 

A CONSULTA HOSPITALAR I

 

É neste espaço amorfo em que, sentada,

Aguardo uma consulta que me espera

Que a doença piora... quem me dera

Não ter doença alguma, não ter nada!

 

Aqui fico pior! Muito pior

Do que o mal que já estava antes de vir

Porque nada me impede de sentir,

Cada vez mais intensa a minha dor!

 

A esmola que pedi - porque eu pedi

Dinheiro pr`a me fazer transportar -

Faz-me peso demais, torna-me inútil...

 

Quem me dera poder não estar aqui!

Tão só pudesse eu, já, daqui voar,

Ir fazer qualquer coisa menos fútil!

 

II

 

Nesta infinita espera, quantas horas

Se passam num crescendo de impaciência...

Afinal eu sei bem que nem a ciência

Pode justificar-me estas demoras...

 

Para quê tanto vai-vem se não há cura

Para um cansaço tão insidioso?

Se o mal que aqui me traz é tão p`rigoso

E a vida que me espera pouco dura...

 

Nesta infinita espera em que adoeço

Um pouco mais e mais cada segundo,

Em que gasto os tostões que nunca tenho,

 

É segundo a segundo que eu me meço

No quase desespero em que me afundo

De cada vez que cedo e que aqui venho...

 

III

 

Oiço, por fim, chamar pelo meu nome!

Levanto-me num pulo, exulto, corro!

Não será desta vez que eu aqui morro

Não sei se da doença ou se de fome...

 

Boa tarde, doutor! Melhor estaria

Se não fossem as horas que esperei

E os muitos, muitos euros que gastei

Para vir à consulta neste dia...

 

O médico é simpático e prestável,

Também se ri de mim, o "jogo" pega

E a consulta decorre entre sorrisos...

 

Que raio de doença tão instável!

Que estúpidas partidas ela prega!

Exames - muitos mais! - serão precisos...

 

 

A brincar, a brincar...

 

16
Out09

UMA RUA QUE O NÃO É...

Maria João Brito de Sousa

Eu moro numa rua que o não é...

Era uma vez... e a história vai crescendo

Nessa rua que o era nunca o sendo

E onde só pode entrar quem for a pé...

 

Cheira à terra onde crescem as palmeiras,

Onde as flores pequeninas, quase a medo,

Vêm contar-me, à noite, o seu segredo

Sobre as plantas maiores, mais altaneiras.

 

No passeio empedrado, uma formiga 

Acrescenta ao encanto dessa rua

A sua persistência inabalável.

 

Num breve olhar não há ninguém que diga

Que há, por lá, quem ostente, de alma nua,

Aquilo que em si há de inevitável...

 

 

Escrito, agorinha mesmo, para

 

http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/   :)

 

 

NOTA - Fiz uma pequena alteração nos dois últimos versos da segunda estrofe, no sentido de manter o decassílabo heróico.

 

15
Out09

MEMÓRIA DESCRITIVA II

Maria João Brito de Sousa

 

Aquele aspecto estranho e desconforme,

Aquele face magra e enrugada,

Aquele rictus de quem vive enjoada

Da vida que parece sempre enorme…

 

Aquelas mãos de dedos calejados,

Retorcidos do muito que fizeram,

Os olhos afundados que lhe deram

Os dias e as noites descuidados.

 

Aquele estar ali e nunca estar

Aonde o corpo fica a descansar,

Porque a mente descansa noutro espaço,

 

Aquela imprecisão de só sonhar,

Aquela estranha forma de falar,

De ser a própria voz do seu cansaço.

 

Imagem - Tela de Henry Matisse retirada da internet

14
Out09

URBANOS

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Que imensos, improváveis oceanos

De monstros engolindo os inocentes

Entre hediondas fauces já sem dentes

Dos edifícios-berço dos humanos…

 

As cidades dos bairros mais urbanos

Onde a vida concentra os mais prudentes

Castelos verticais e ascendentes

Crescendo mais e mais todos os anos,

 

São, no entanto, espaços sociais

Que abrigam, que nos chamam, nos aquecem,

Que não iremos nunca dispensar.

 

Gregários, como tantos animais,

Somos aqueles que os erguem e que os tecem…

Os próprios construtores do nosso lar.

 

 

NOTA - Este soneto - um dos que me nasceram durante o passado fim de semana - veio , no verso final, mesmo a propósito de uma campanha que é mais do que meritória:

 

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Imagem retirada do blog O Fio de Ariadne

 

http://zildacardoso.blogs.sapo.pt/

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