Maria João Brito de Sousa
Conta-me lá dessas segundas-feiras
Que te chamavam pelas madrugadas,
Dessas manhãs das horas empolgadas
A correr pela sala, entre carteiras.
Fala das coisas mais aventureiras,
Diz-me das aventuras mais magoadas.
Conta-me lá das provas copiadas
Pelas colegas que eram mais matreiras…
Conta-me do comboio à beira-mar,
Das corridas, dos livros, das sebentas,
Dos jogos do recreio, das conversas…
Conta-me do que já nem sei lembrar
Porque as horas ficaram muito lentas
E - custa-me dizê-lo… - mais adversas…
Imagem retirada da internet
REPORTAGEM ADIADA - A reportagem sobre a ida a Cuba da pequena Ana Carolina, foi adiada para o próximo dia 6 , a seguir ao tele jornal da RTP. Vejam-na no programa 30 Minutos.
publicado às 12:00
Maria João Brito de Sousa
Se eu tivesse mil vidas, quantas vidas,
Dessas tantas, seriam mesmo minhas?
Só mil seriam muito poucochinhas
Para tantas palavras escondidas!
Palavras que só são reconhecidas
Se alguém as encontrar pois, coitadinhas,
Se ninguém perceber que estão sozinhas,
Continuarão dispersas e perdidas.
Se eu tivesse mil vidas, cada uma
Dessas palavras soltas que me encontram
Haveria, por fim, de se encontrar.
Mas cada vida é única. Nenhuma
Das vidas que uma a uma me confrontam,
Me poderia achar sem eu deixar.
Maria João Brito de Sousa - 29.09.2009
Imagem retirada da internet
Hoje à noite, na RTP, a seguir ao telejornal, não deixem de ver e ouvir as novidades sobre a pequena Carolina Lucas e a sua -nossa- batalha por uma vida normal.
publicado às 10:05
Maria João Brito de Sousa
Maria-sem-Camisa, a tal camisa
Pode fazer-te falta em vindo o frio…
Se, acaso, tu sentires um arrepio,
Pode ser só por causa desta brisa,
Ou pode ser que, sendo poetisa,
Tudo te sintas melhor durante o Estio,
Que a geada congele o velho rio
Da tal rima que assim te caracteriza…
Tu veste-te, Maria! Arrefeceu
E tu vais, com certeza, adoecer
Bem mais do que já estás! Ouve o que digo!
Andando por aí de peito-ao-léu
Arriscas-te, decerto, a nunca ter
Qualquer noção de estares em grande p´rigo!
J
Imagem retirada da internet
NOTA - Lembram-se da pequena Ana Carolina Lucas? Amanhã, dia 29, a seguir ao telejornal da RTP, passará um breve documentário que nos falará dela e dos seus progressos na batalha contra a paralisia cerebral. Não percam!
publicado às 10:43
Maria João Brito de Sousa
A FLORESTA *
Pintei numa floresta cogumelos
Sob árvores azuis, como Gauguin,
E adornei as neblinas da manhã
De violetas e de ocres muito belos *
Fui colorindo o fundo de amarelos,
Conversei com Diana, abracei Pã,
Comi o verde polme da maçã
E entrancei ramos de hera nos cabelos... *
Não houve nenhum sol, nenhuma lua
Que ousasse reclamar-me a sua posse,
Ou que reivindicasse o seu destino, *
Porque ela, omnipresente, agreste e nua,
De aspecto inacabado e sabor doce,
Nasceu-me de um soneto em desatino. *
Maria João Brito de Sousa
25.09.2009 ***
Escrito para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/
Imagem retirada da internet
publicado às 10:34
Maria João Brito de Sousa
A culpa não é dele! É toda minha!
Vem-me um medo irreal, que nem defino,
Quando vejo um mosquito pequenino
A pousar na cabeça da vizinha…
Eu grito, eu pulo como uma tontinha!
Eu entro num completo desatino!
Pode ser erro meu ou do destino
Mas é mesmo a verdade – verdadinha!
Pousa um simples mosquito na parede…
Eis-me numa aflição querendo fugir,
Qu`rendo guardar distância desse ponto…
Perdi, já, toda a fome e toda a sede,
Levanto-me num salto, estou “no ir”…
Foge o pobre mosquito em voo tonto...
:)
publicado às 11:52
Maria João Brito de Sousa
Amigo, eu nem sei bem o que te devo,
Se te devo, sequer, seja o que for…
Sei que paguei em bagas de suor
Cada alheia palavra que aqui escrevo.
Não sei se é nas palavras que me elevo
Ou se nem delas eu posso dispor…
Deixei p`ra outra as asas de condor,
As charnecas em flor, o doce enlevo…
As minhas são de pomba ou de albatroz,
Urbanas ou marítimas, modestas…
Breves voos os seus, sem estro ou glória.
Trago, no sangue, heranças dos avós
E, ao rir-me nestas horas mais funestas,
Recrio a apologia da vitória…
Vitória de Samotrácia - Imagem retirada da internet
NOTÍCIAS - Proponho-vos uma visitinha ao http://trapezio.blogs.sapo.pt/95406.html
Nada como saber, em primeira mão, directamente do recém encerrado Bar da Nuvem, as últimas novidades sobre a "Gripá" ou sobre a "ASAI"...
publicado às 15:01
Maria João Brito de Sousa
Eu tenho mil certezas pequeninas…
Mil dúvidas maiores me impedirão
De tomar esta estranha decisão
E dirigir-me a ti, que mo destinas.
Eu rodo e rodopio entre as meninas
Numa dança encantada, de salão,
E enfuno a minha saia de balão
No vento solitário de mil esquinas…
Prudente ou imprudente… eu já não sei
Se devo parar já, se rode mais…
E deixo-me levar… que Deus me ajude!
Perdi a conta às voltas que já dei,
Perdi o rumo aos Pontos Cardeais…
Que louca, louca dança, assim me ilude!
publicado às 10:47
Maria João Brito de Sousa
Bom dia para ti, que me vais ler!
Não sei que horas serão neste momento,
Se o Sol, lá fora, brilha, se faz vento,
Se o céu cumpre a promessa de chover,
Se a Lua se deitou, sempre a esconder
O seu lado invisível, se, ao momento,
Ousou tapar com nuvens que eu invento,
O brilho do que está pr`acontecer…
Desejo, para ti, boa leitura,
Um instante de paz, de reflexão,
Um sorriso, talvez… sabe-se lá!?
O instante de um sorriso, é quanto dura
Este rasto, esta estranha sensação
De, mesmo estando só, ter-te por cá…
Maria João Brito de Sousa - 21.09.2009 - 10.45h
publicado às 10:45
Maria João Brito de Sousa
Ei-la que chora e ri... parece humana!
E veste um vestidinho de algodão...
Cuidado! Não vás tu deitar ao chão,
A bonequinha nova da Joana…
O melhor é pousá-la ali, na cama,
Não vá vir, de repente, a tentação
E a boneca, ao passar de mão em mão,
Estragar-se, ou demanchar-se! Ouviste-me, Ana?
Ó Ana! Larga já essa boneca!
Já lhe partiste um braço?! Eu logo vi!
És mesmo a mais teimosa das crianças!
Puxa que puxa… agora está careca,
Perdeu as tranças e nem faz chichi,
Quando a graça lhe vinha era das tranças...
Maria João Brito de Sousa - 18.09.2009 - 12.16h
IMPORTANTE - Peço, mais uma vez desculpa à Fábrica de Histórias ( a toda ela! :) mas não me foi possível terminar, a tempo, o texto desta semana.
Até à próxima segunda feira e um bom fim-de-semana para todos vós.
publicado às 12:16
Maria João Brito de Sousa
Astros deste universo, em cada céu
Há outros intervalos por explorar
E um cometa sempre a divagar
Em busca do lugar onde nasceu.
Miríades de estrelas Deus nos deu,
Miríades de sóis por encontrar
Nesse espaço longínquo onde sonhar
Nos leva muito além de Prometeu.
Lá longe, muito longe, onde é possível
Imaginar o fim ao Infinito
Onde infinitamente continua
O corpo da matéria perecível,
Aonde até o sonho é interdito
A nós filhos do Sol, irmãos da Lua…
Imagem retirada da internet
publicado às 12:24
Maria João Brito de Sousa
Voam no céu, ebúrneas ou cinzentas,
As pombas do pombal do bairro inteiro…
Quero ver qual irá chegar primeiro
Depois daquelas longas voltas lentas.
Continuam voando e tu lamentas…
Dizes: - Não há paciência nem dinheiro
Que cheguem p`ra limpar tanto chiqueiro!
Depois tentas mudar-me. Tentas, tentas…
Recuso o bairro asséptico, sem vida,
Que tens para of`recer-me se, tão só,
Aceitasse essas regras que me impões…
Há pombas neste céu. Fico rendida
Olhando o bando alado e tenho dó
De ti, das tuas pobres decisões…
Maria João Brito de Sousa
Às pombas das Palmeiras
Imagem retirada da internet
publicado às 11:24
Maria João Brito de Sousa
Depois desta incerteza, que tristezas
Virão ainda perturbar-me o sono
Nas noites de luar deste abandono
Das caçadas e de outras incertezas?
Não quero os ideais de outras grandezas!
Repudio a ideia de ter dono
E só Deus, lá no alto, é meu patrono!
A Ele devo estes céus de horas acesas…
A Ele devo esta força que comanda,
A cada movimento, o meu caminho
E o pêlo de cetim com que me aqueço!
Por Ele esta existência, esta demanda
E a glória de reinar, sempre sozinho,
No espaço onde procrio e me abasteço!
Imagem retirada da internet
publicado às 11:54