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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Ago09

UM APELO DA SERRA DA ARRÁBIDA

Maria João Brito de Sousa

http://prosa-poetica.blogs.sapo.pt/47471.html

 

Foram abandonadas nove vidas

Na aridez de uma serra milenar

Que é bela mas que não lhes pode dar

O consolo da água e da comida...

 

A Arrábida chorou, sentiu-se ferida

Por esses pobres cães que estão sem lar

E pede a quem os possa ir ajudar,

A quem os cuide, a quem lhes dê guarida:

 

- Nove seres indefesos, vitimados

Por quem um dia amaram com fervor,

Ao abandono, sem terem abrigo...

 

Venham buscá-los, dar-lhes os cuidados

Que eles merecem, dar-lhes esse amor

Que só lhes pode dar um grande amigo...

 

 NOTA - Este soneto corresponde a uma situação infelizmente bem real. Por favor visitem http://prosa-poetica.blogs.sapo.pt/

 

31
Ago09

PESSOAS (Singular e Plural)

Maria João Brito de Sousa

 

 

A primeira pessoa nem sempre é

O narrador da história que é narrada;

É, por vezes, difr`rente e não há nada

Comum entre esses dois, senão a fé.

 

A segunda pessoa pode até

Não ter a ver contigo e, afastada,

Limita-se a ser ela, a que é contada,

A afastar-se de si pelo seu pé.

 

A terceira pessoa abrange o mundo!

Pode ser qualquer um, não ser ninguém,

Ser um mero exercício de ficção…

 

Exercendo a ficção até confundo

Uma qualquer pessoa que lá vem

Com as outras que tais que já lá vão…

 

 

Imagem retirada da internet

 

Por favor visitem http://prosa-poetica.blogs.sapo.pt/

Um pequeno artigo sobre um caso de abandono foi publicado no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/

Obrigada!

 

28
Ago09

A LUZ QUE VEM DEPOIS

Maria João Brito de Sousa

A LUZ QUE VEM DEPOIS

 

Sou, a cada manhã, o novo dia;

Do meu manto de luz amo e senhor,

Trago, em mim, mil promessas de calor,

Vislumbrados prenúncios de alegria.

 

Já decomposto em brilho e harmonia,

Vou-vos iluminando. O meu amor

É manifestamente redentor

Da vossa universal melancolia.

 

Eu sou, do novo dia, o Sol nascente

Que forma e dá cor aos vossos passos,

Que dá sentido a tudo o que vós sois.

 

Venho lá do meu mundo incandescente

Para vos dar a benção dos abraços

Que antecipam a luz que vem depois

*

 

Maria João Brito de Sousa - Agosto, 2009

 

Nota - Só agora cheguei do hospital. Se não conseguir responder-vos pessoalmente, considerem estas palavras um agradecimento pelos vossos votos de melhoras. As transaminases baixaram, mas terei de voltar na 4ª Feira.

Um bom fim-de-semana para todos vós!

27
Ago09

AS MÃOS DO VELHO POETA

Maria João Brito de Sousa

 

 

mos-velhas-e-rvore-velha-34122378.jpg

 

 

 

Nessas mãos intocadas, intocáveis,

Retalhadas por longos sulcos fundos,

Desenham-se as promessas de mil mundos

Sobre a ausência de afectos mais duráveis.

 

Há medos, nessas mãos, há insondáveis

Abismos que prometem ser profundos,

Segredos dos mais duros, mas fecundos

Projectos, ambições, sonhos prováveis...

 

São essas mesmas mãos, assim magoadas,

Tão cobertas de rugas e memórias,

De tudo tão vazias, `stando cheias,

 

Que se erguerão, embora decepadas,

Para se revelarem nas mil glórias

Das mais surpreendentes epopeias…

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa, 2.08.2009 - 14.08h

 

(reformulado - Setembro, 2016)

 

Imagem retirada da internet

26
Ago09

O REALIZADOR

Maria João Brito de Sousa

Olha o comboio-das-desilusões!

Vai agora a passar à nossa porta…

Pode descarrilar… a linha é torta

E as carruagens vão aos abanões…

 

É desastre eminente! As aflições

Daquela pobre gente meia-morta!

Não gosto dessa imagem! Corta! Corta!

É melhor esvaziar já os vagões!

 

Vai filmando o comboio-de-ideais

Que passou mesmo agora e não parou.

Olha! Não estás a ver? Ali ao fundo…

 

Mas, se ainda o não vês… não filmes mais!

O primeiro `inda não descarrilou

Nas retorcidas linhas deste mundo…

 

 

Imagem retirada da internet

24
Ago09

A ZANGADINHA

Maria João Brito de Sousa

 

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A ZANGADINHA

 

(Sonetozito de meia tigela)

 

Eu hoje estou zangada c`os poemas!

Pudera! Estou com tal dor de cabeça

Que não sei onde acaba, nem começa,

A causa bem real dos meus problemas!

 

Por hoje nada faço, ou faço apenas

Uma coisa qualquer moldada à pressa,

E ainda que nenhum de vós mo peça,

Dir-vos-ei que não estou pra ir em cenas,

 

Porque hoje estou zangada! Tão zangada

Que já não me apetece fazer nada,

Que fiquei sem qualquer inspiração,

 

Que grito e barafusto e, já cansada,

Pergunto-me;  estou mesmo amargurada,

Ou estou apenas sem disposição?

 

 

Maria João Brito de Sousa - 24.08.2009

 

 

NOTA – Apeteceu-me brincar com as palavras.

Dói-me, com efeito, a cabeça, mas ainda não perdi a disposição nem a inspiração.

“O poeta é um fingidor…”

 

 

 

21
Ago09

O AMOR FILOSOFADO...

Maria João Brito de Sousa

Ó louco, absurdo, obsceno, insano amor

Que nem sequer amor chegou a ser,

Mas que se fez cumprir no renascer

Dum tão precocemente imenso ardor.

 

Ah! Quantas ilusões e quanta cor,

E quanto acreditar, quanto não ver

Que já está condenado, irá morrer

Nos últimos alvores da nossa dor.

 

[Schopenauer escreveu – e muito bem –

Sobre este estranho amor inevitável

Tão típico de nós e tão comum

 

Que ao condenar-nos tanto nos convém.

Paradoxos da vida! … O improvável

É passar pela vida sem nenhum…]

 

 

Imagem retirada da internet

 

 

COMETAS

 

"Quando os aerólitos formam um grupo, vivendo em sociedade, constituem a parte principal de um cometa. O núcleo, ou seja, a parte central mais brilhante da cabeça do astro, é formado por milhões de aerólitos viajando agrupados."

 

In "Viagens Maravilhosas às Terras do Céu" de César dos Santos.

 

Lisboa, 1950

20
Ago09

ECLIPSE

Maria João Brito de Sousa

 

ECLIPSE

*

Se amanhã, por acaso, o sol nascer

E a lua, despeitada, o encobrir?

Será que Sol e Lua irão exprimir

Essa sua atracção, esse seu qu`rer?

*

 

E se a lua, afinal, tentar esconder

A luz que só o sol sabe emitir?

E se o sol se zangar quando sentir

Ameaçado o seu real poder?

*

 

Eles amam-se ou detestam-se, afinal?

Talvez nenhum o saiba ou nunca diga

Que estranha interacção os prende ao céu

*

 

Fantasiar é algo natural;

Eu penso que nem um, nem outro liga,

Pois questionar-se assim nunca ofendeu.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - Agosto, 2009

 

 Imagem retirada da internet

19
Ago09

ORGULHOSAMENTE SÓ

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Qual dono ou meio dono?! Eu quero lá

Viver a minha vida acompanhada

Fingindo que sou eu, não sendo nada

Nem podendo criar aos Deus-dará!

 

Eu quero lá saber do que não há!

Antes morrer sozinha, esfomeada,

Mas fazendo o que faço. Eu? Enganada?

Não, não estou enganada! É ele quem está.

 

Tudo tem o seu preço nesta vida.

Eu vou pagando os juros do talento

Com este rasto do que Deus me deu.

 

E podem crer que fico agradecida,

Que, mesmo na miséria, eu não lamento

O preço que paguei por ser só eu.

 

Imagem retirada da internet

18
Ago09

MEMÓRIA DESCRITIVA II

Maria João Brito de Sousa

 

Aquele aspecto estranho e desconforme,

Aquele face magra e enrugada,

Aquele rictus de quem está cansada

Da vida que parece sempre enorme…

 

Aquelas mãos de dedos calejados,

Retorcidos do muito que fizeram,

Os olhos afundados que lhe deram

Os dias e as noites descuidados.

 

Aquele estar ali e nunca estar

Aonde o corpo fica a descansar,

Porque a mente descansa noutro espaço,

 

Aquela imprecisão de só sonhar,

Aquela estranha forma de falar

Compondo a própria voz do seu cansaço.

 

Imagem retirada da internet

17
Ago09

DÁDIVA LUNAR

Maria João Brito de Sousa

 

Não te pedi, ó lua, a lucidez

De um breve e claro raio de luar.

Antes quisera, ó lua, questionar

A minha sempre certa insensatez.

 

Não te pedi um sonho que, talvez

Me pudesse acolher ou consolar.

Antes quisera, ó lua, perguntar

Sobre as coisas da vida e seus porquês...

 

O raio de luar que me enviaste

Tem as suas razões. Eu tenho as minhas

E este gozo que assumo ao descobrir.

 

Deste-me a luz e não me perguntaste

Sobre os enigmas, sobre as adivinhas

Deste estranho mistério de existir...

 

 

Imagem retirada da internet

14
Ago09

SLEEPING BEAUTY

Maria João Brito de Sousa

 

Apeteceu-me agora um malmequer,

Um raio de luar, um céu estrelado,

Um castelo de luz, imaculado,

E um vestido de rendas…de aluguer.

 

Apeteceu-me agora ser mulher,

Suspirar pelo príncipe encantado

Que vem buscar-me num cavalo alado…

Apeteceu-me ser outra qualquer!

 

Para mim, que me sei como me sou,

Antes um sapo numa poça de água,

Antes uma casinha de madeira!

 

Umas calças de ganga e já cá estou!

Não há sonhos reais e nem a mágoa

Fará de mim princesa e prisioneira!

 

Imagem retirada da internet 

 

 

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