Maria João Brito de Sousa
Na mesa do café éramos quatro
Debicando o “lanchinho” habitual.
Formávamos um grupo original
Que ria livremente e sem recato…
No tempo dessas coisas que relato,
Em torno da mesinha, às sete-e-tal,
Numa heterogenia acidental,
Gastando o nosso riso ao desbarato…
Quatro “velhas” sentadas na esplanada,
Na comunhão da mesma gargalhada…
Eis o alvo geral das atenções,
Mas nós, que não julgamos mesmo nada,
Rimo-nos dessa ideia deformada
De quem tirou mil estranhas ilações…
Um prémio de amizade à vossa espera no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/
Quase, quase "depois do Adeus"...
publicado às 22:18
Maria João Brito de Sousa
Eu sou a mascarada hipocrisia…
Na minha inglória forma de estar viva
Assumo-me em postura defensiva
E fujo das questões como uma enguia…
Outras vezes, porém, estou disfarçada
Apenas a brincar… sou teatral!
Logo mostro quem sou porque, afinal,
Eu pretendi ser tudo e não sou nada…
Por vezes, de mimética que sou,
Torno-me natural porque me dou
A tudo o que encontrar à minha volta…
Noutras, porém, sou mesmo traiçoeira!
Tentando dominar a vida inteira
Pareço até ser o “diabo à solta”…
Definido para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/
NOTA - Há um desafio à vossa espera no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/ . Queiram ter a bondade de ir espreitar....
publicado às 20:12
Maria João Brito de Sousa
Um dia. Mais um dia se passou...
Cansaço e esta saudade antecipada
Duma amiga que vai, não tarda nada,
Desertar desta vida em que encarnou.
Um livro. Mais um livro aqui ficou
Das palavras que encontro pela estrada,
Da viagem que faço, abençoada
Pelas muitas palavras que vos dou.
Uma dor. Outra dor, entre sorrisos...
Nesta viagem, quantos prejuízos,
E quantas alegrias vos narrei?
Um passo mais. Ainda tantos passos
Por dar, nestas palavras, nestes traços
Do livro das mil coisas que sonhei...
publicado às 23:00
Maria João Brito de Sousa
No cume da montanha, outra montanha…
E outra e outra ainda, por escalar.
(nunca a minha escalada irá findar
por muito que pareça inútil, estranha…)
No cume da montanha, ali ao fundo,
Avisto inesperados horizontes.
Respiro fundo e vou subindo os montes
Que alcanço na escalada deste mundo.
Um pouco além - quem sabe? - outro caminho
Me levará, enfim, de novo ao ninho
A que sei pertencer desde o começo.
Comanda-me a vontade… e vou subindo!
(ao longe outras montanhas vão surgindo
Por trás de cada rocha em que tropeço…)
Maria João Brito de Sousa - 25.02.2009
publicado às 22:45
Maria João Brito de Sousa
Adeus amiga das horas cansadas,
Dos sonhos breves, da melancolia,
Destes desfiles do meu dia a dia
E dos passeios, pelas madrugadas.
Adeus amiga do sorriso manso,
Das mil corridas pela rua fora,
Desta amizade que não vem de agora…
Que seja suave a hora do descanso.
Que a tua morte te não traga dor,
Que seja um leve sopro e, sem temor,
Possas partir de cumprida que estás.
Que nunca o medo do que não conheces
Assombre esse momento em que adormeces…
Que a vida em ti termine, agora, em paz.
publicado às 23:00
Maria João Brito de Sousa
Sinceramente, fui [ou talvez não...]
Um ser na vertical do seu sentir...
Depois serei o que aqui conseguir,
A partir desta humana encenação...
Prossigo o meu papel de aceitação
Em direcção aos tempos do porvir
Porque tenho este dom de pressentir
Que outros irão chamar de vocação...
Só não pressinto nada de concreto.
Apenas o que pode acontecer
Se nos não dermos todos, mais e mais...
Sejamos mais AMOR, porque o afecto,
É tudo o que nos pode engrandecer.
À vida, a nós, aos outros animais...
Imagem - Pequeno Mundo dos Criadores de Afectos
Maria João Brito de Sousa
publicado às 23:00
Maria João Brito de Sousa
O PAPEL NA PEÇA
*
Todos temos papéis na estranha peça
Da nossa curta vida ocasional.
Alguns pensam que não, mas pensam mal,
Outros tentam que o mundo os reconheça
*
Pessoalmente, sei que tudo interessa
E que agindo em contexto virtual,
Posso ser mais concreta e mais real,
Do que, em qualquer contexto, uma promessa.
*
Assim me cumpro em órbita do mundo
No papel de poema em que me afundo
Movida pelas forças que me impelem
*
A seguir esse impulso. Represento
O papel que me cabe, que o sustento
Virá do que os meus versos vos revelem
*
Maria João Brito de Sousa -22.02.2009
***
"Fábula e Verdade", tela de Mestre José de Brito, meu bisavô.
publicado às 22:45
Maria João Brito de Sousa
Faço votos para que a nossa associação encontre, na blogosfera, os "ventos de feição" que a auxiliem nesta tarefa árdua, mas gratificante e dignificante, de espalhar pelo mundo a Poesia.
Permito-me reproduzir o logotipo da Associação Portuguesa de Poetas (APP) - muito embora redimensionado - para prestar a minha humilde homenagem de boas vindas a esta associação, à qual me orgulho de pertencer.
Com efeito, a APP encontra-se já em blogue, e é com profunda alegria que vos deixo neste artigo, bem como nos links laterais do poetaporkedeusker, o seu endereço online http://appoetas.blogs.sapo.pt/
Deixo - em reedição online - um soneto que dediquei, o ano passado, à Presidente da APP, Exma. Sra. D. Maria Ivone Vairinho.
GUIA DE MARCHA
Lá vais subindo a pulso, é alto o muro,
Já suada e cansada, vais parar...
E páras, mas de novo irás tentar
E nisto tu constróis nosso futuro.
Já na recta final é menos duro
Pois sabes que não podes recuar
E sentes-te mais leve e vais chegar
E nasce um novo sol num céu mais puro...
Se vais pelo caminho e, sempre em frente,
Intuis, decerto, a meta dos teus passos,
Se das pedras que encontras edificas
Um muro menos duro embora urgente,
Então benditos sejam teus cansaços
Pois Deus estará aonde O dignificas!
Maria João Brito de Sousa - 2009
Um grande abraço e as minhas saudações poéticas e associativas!
publicado às 22:46
Maria João Brito de Sousa
UM SORRISO NOS OLHOS
*
Apaguei um sorriso iluminado
Porque ao sorrir pecava por excesso...
Fiquei toda virada do avesso
Com este meu sorriso sufocado.
*
Ficou, dele, este esgar semi-esboçado
De um riso a qu`rer sair sem ter acesso;
Sorrio ainda à espera de regresso,
Porque o sorriso, a mim, me foi negado...
*
Quem quer este sorriso por nascer,
Este sorriso que se vem esconder
Por detrás dos meus olhos indiscretos?
*
Quem quer este sorriso que sufoca,
E vos sorri dos olhos, não da boca,
Feito focos de luz sempre directos?
Maria João Brito de Sousa - 2009
*
ASPIRAÇÕES
*
Há coisas que eu não dou porque só dou
As coisas que esta chama em mim comanda
Quando estou debruçada na varanda
Olhando uma avezinha que passou.
*
Às vezes, já esquecida de quem sou,
Quero voar também, mas logo abranda,
Esta minha ilusão, esta demanda,
De chegar onde alguém jamais chegou...
*
Depois, a chama em mim, volta a acender,
Lembro essa ave que, sem perceber,
Por instantes guiou meus pensamentos;
*
Reflicto, paro e volto a debruçar-me
Com a chama, cá dentro, a empurrar-me
E a ave lá em cima, em voos lentos.
*
Maria João Brito de Sousa - 2009
Imagem retirada da internet
É com um "sorriso nos olhos" que vos convido a todos para uma definição de AMOR.
http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/
publicado às 23:45
Maria João Brito de Sousa
Cheguei à revelia de quem sou.
Fui luz, fui cor, fui bola de sabão...
Do fundo desta estranha dispersão
Serei cada palavra em que me dou...
Circulo pelo Tempo. Aonde vou
Encontro a minha nova dimensão,
Desponto em cada vida ou geração
Que a vontade-de-ser arquitectou...
Sou tudo o que quiser, quando eu quiser,
Para além do meu corpo de mulher,
Muito além desta absurda pequenez!
Limites? Só no ponto em que, cansada,
Desista de sonhar, fique parada
E deixe de sentir tantos "porquês"...
NASCER E CAMINHAR
Desponto nesta terra de lonjuras...
Levantado do chão eu trago em mim
Este prenúncio de princípio e fim
E este sorriso feito de amarguras...
Devolvo-me às ideias, por momentos.
Deste lado de mim a vida é breve
Mas eu quero bem mais e pairo, leve,
No sobrenatural dos pensamentos...
De humana construção e porte altivo,
Prometo não parar enquanto vivo!
Sou, por dentro e por fora, o que entender!
Trago nas minhas mãos poderes infindos,
Transformo tudo em artefactos lindos
Que não mais usarei quando morrer...
Imagem retirada da internet
publicado às 23:00
Maria João Brito de Sousa
MEMÓRIAS...
Recordo a sala clara, o cheiro amigo,
As folhas de papel e a grafite...
Recordo até - há quem não acredite -
Uma ausência total de medo ou p`rigo...
Recordo os traços sobre a folha branca
Que as minhas mãos, tão gratas, percorriam...
Eram as construções que me sorriam
Do incenso queimado e da luz franca...
Os anos que passaram! Muitos? Poucos?
- às vezes os ponteiros ficam loucos,
dão voltas e mais voltas sem parar... -
Lembro, ainda, a extremíssima atenção
Com que olhei, com que ouvi cada lição
Ditada por quem estava a ensinar...
SISTEMATIZAÇÃO
Desfeita em mil pedaços, sou mais una!
Traduzo-me em mil arcos, mil ogivas,
Reflicto-me no sal das coisas vivas
Como a água do leito da laguna.
Sou a ordem que surge de outro caos,
Divido-me quão mais me multiplico
Nessas mil e uma coisas em que explico
A força dos meus sonhos nestas naus.
Sou o fruto perfeito desse Além
Onde a memória colectiva tem
Sua reminiscência primitiva.
Sou soma das vontades de ninguém.
Sou, como todos vós, outra que vem
Juntar a sua voz à comitiva.
Imagem retirada da intternet
publicado às 23:05
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
- Sou força de viver, janel a aberta!
Não sou coisa nenhuma, nem ninguém,
Sou só um sopro, um nada, o que mantém
Teu corpo vivo até à morte certa...
- Pois eu sou bem mais forte e poderoso;
Tenho força e poder, nas minhas mãos,
Posso até derrubar os meus irmãos
Pois sou muito mais belo e vigoroso!
- Quando chegar a "hora", o que serás,
Se tanto tendo, nunca encontras paz?
- Para que a quero quando a tudo chego?
- Para que, cedo ou tarde, a possas ter…
- De que me serves tu se eu tenho o Ser?
- Porquanto o tens enquanto to não nego!
Maria João Brito de Sousa - 18.02.2009
Conversado para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/
Imagem retirada da internet
Para todos os amigos que hoje me visitarem, deixo a porta aberta para o Salão de Troféus, para que possam ir buscar o vosso prémio Magic Blog.
http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt
publicado às 00:00