Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
Não. Hoje ainda não nasceu nenhum soneto... não quer dizer que não venha a nascer ou que eu não venha, ainda, a publicar a coroa, toda seguidinha, sem repetição dos tais versos primeiros e últimos. Quer dizer que hoje me apetece divagar um pouco sobre os meus cansaços, as minhas alegrias e o que de muito estranho tem andado a acontecer ultimamente. De todas as conclusões absurdas que tenho tirado nestes últimos tempos, a mais sensata parece ser a de que fui acometida por uma estranha forma de loucura, e, como, de vez em quando me torno sensata, vou optar por ela. Já me preocupei muito, já me preocupei pouco e já me deixei de preocupar, por isso não se preocupem vocês também. Não vale a pena.
Pressupondo que fui acometida por um estranho caso de loucura e constatando, diariamente, que outra coisa não pode ser, o melhor é deixar fluir e esperar que passe. Porque tudo, tudo passa nesta vida e há loucuras que são mesmo episódicas. Mulher de muita fé e teimosa como ninguém, decidi continuar a poetar como se nada fosse. Tenho 14 animais para tratar e a casa virada do avesso, por isso nunca me sobra tempo para aquilo que é inútil.
O Spirit é um excelente caçador de pombos e tem o terrível vício de esgravatar a terra dos vasos todos... mas isso é o menos. A terra apanha-se do chão e tratam-se os pombos quando ele estiver deitado no sofá da sala. O problema é mesmo uma questão ontológica. Aquela coisa do: "Crescei e reproduzi-vos!"
Ele parece-me (ainda) demasiado jovem para obedecer à ordem, mas, não tarda mesmo nada, vai começar a escutá-la...
Ah! Já me esquecia do resto. "Alimentai-vos!"
Ora a essa obedece ele às mil maravilhas desde o momento em que foi concebido e tudo isso acaba por se traduzir numa coisa que não tenho. €uros.
NÃO! Não estou a pedir euros a ninguém! Estou a apelar a quem possa deixar que o Spirit o adopte que o faça antes que ele deixe por cá alguns descendentes...
É lindo, é meigo, é muito brincalhão e não foi necessário ensiná-lo a ir ao "caixote" porque ele foi lá ter de moto próprio. Ficam algumas imagens do jovem, só para vos "aguçar o apetite"...
E agora que já divaguei um poucovou tentar visitar alguns dos meus amigos e companheiros deste
Ainda tenho acesso à internet e penso tê-lo garantido durante, pelo menos, mais um mês. Estou muito, muito cansada, o Spirit já anda pela casa toda - hoje de manhã escapou da casa de banho e quase "comeu" o Hope e a Pitinha que andavam a "esticar as asas" pelo chão da marquise - e o vale dos correios com os 181.91€ do RSI adiantou-se milagrosamente alguns dias. Foi-me impossível pagar as facturas em atraso nos correios ou no agente TMN, aqui no Palmeiras. Fui ao Oeiras Parque e depois de mais de uma hora na fila de espera, lá consegui ficar com o assunto arrumado... quer isto dizer que ainda me vão aturar mais uns tempinhos!
(Caramba, estou tão cansada que até hesitei em carregar no ponto de exclamação...)
Vim escrever este post sem fazer a menor ideia do que iria dizer-vos e antes de tentar, sequer, abrir a caixa de correio.
Pelo meio de toda esta confusão, lá consegui dispensar uns minutos à reformulação das últimas estrofes do 14º soneto, para que a coroa de sonetos pudesse, finalmente, merecer esse título...amanhã - hoje garanto que estou demasiado cansada - tentarei publicar a coroa já completa e só espero não ter cometido mais nenhum destes erros grosseiros e palermas ao longo de toda a coroa.
EPÍLOGO
Que a folha de papel já perpetrou
Na sua louca e branca ingenuidade;
Uma inocência prenhe da verdade
Que a minha negra pena em si gerou...
E eis-me enfim liberta, concluída!
Desta minha tarefa, o que me resta?
Libertar de mim mesma o que não presta
E procurar a terra prometida?
O tempo chegará, embora preso,
De me imolar o corpo em fogo aceso,
De transportar-me a essa luz que havia
No espaço onde, lá longe, eu me encontrei
E quanta luz do céu já vislumbrei
Eu, por minha vontade, cantaria!
Peço-vos desculpa, por este erro que só merece perdão por ter sido inconsciente. Amanhã tentarei uma revisão mais generalizada. Se vos não conseguir visitar ou responder a todos os vossos comentários, é por puro cansaço. O Spirit, de alguma forma, parece ter feito despertar alguma coisa dentro do meu próprio espiríto. Algumas dúvidas que não passam necessariamente pelo: - Tira isso da cabeça, Maria João! Só podes estar completamente louca!
Amanhã tentarei falar-vos também disso. Hoje nem sequer estou capaz de fazer uma soma "de cabeça"...
Lamento muito, mas não poderei proceder hoje à reformulação da estrofe final da minha coroa de sonetos. O "valor" que podem ver no topo do post tem prioridade em relação a uma coroa de sonetos...
mesmo que eu partisse do princípio que seria a minha "coroa de glória".
Chama-se Spirit, tem cerca de 5 ou 6 meses e pertence ao sexo masculino da família dos felinos urbanos.
- O que está o Spirit a fazer em casa da Poeta?Perguntarão vocês, muito pertinentemente.
Pois nem eu mesma sei explicar o que está um jovem felino amarelo a fazer, fechado na minha casa de banho... posso fazer-vos a narrativa do estranhíssimo evento, mas vocês, mais uma vez, não me acreditarão... fá-la-ei, de qualquer modo.
Fui, esta tarde, à farmácia Buscar (a crédito, claro...)
Bactrim para a Lupa que começou agora a apresentar melhorias no seu estado e à vinda, sentei-me um pouco com as minhas duas amigas na esplanada do café.
Desta vez não houve muitas gargalhadas. Uma delas vai ter um casamento na família e as conversas acabaram por centrar-se nas "toilettes", o que para mim é uma tremenda chatice (desculpem-me o português vernáculo...).
Quando, já noite, nos preparávamos para recolher aos respectivos lares e já estavam feitas as continhas dos "garotos" (com muuuuitas moedinhas pretas...), eis que esta vossa humilde amiga sente, subitamente, uma coisa fofa, ronronante e peluda a saltar-lhe para o colo. A vossa amiga poeta é forte, mas ficou sem pinga de sangue.
Primeiro fiquei desconcertada, alheei-me da dura realidade, imaginei que estava a ter uma alucinação a 3D. Depois o ronron começou a fazer-se acompanhar por turras e outras evidentes manifestações de carinho. Estava (mesmo) um gato ao meu colo!
Olhei implorativamente para cada uma das minhas amigas e deparei-me com duas estranhas boquiabertas. Olhei para o céu. Garanto que me zanguei com Deus. Pronunciei em voz bem alta:
- Ó Deus, isto é demais! Isto não se faz a uma poeta doente e mais pobre do que nunca!
Depois caí em mim. Elas continuavam de boca aberta e os outros clientes da esplanada imitavam-nas, provavelmente devido à estranha invocação que lancei para o céu estrelado.
O facto de estar um gato sentado no meu colo tornava-se mais real a cada momento que passava.
Tanta gente naquela esplanada e o bicho viera direitinho ter comigo! Comigo, que partilho um T1 com dois cães, cinco gatos e seis pombos e que acabo de deixar os meus últimos 55 cêntimos do mês
em cima da mesa do café.
Volto a olhar as minhas duas amigas que se levantam ainda boquiabertas. Uma fica muda. A outra ainda aventa:
- Leve-o para casa e depois solte-o lá para as duas ou três da manhã. A essa hora já não há cães nas ruas...
Eriço-me por ele. Protesto. Garanto que nesta rua sempre houve cães a qualquer hora (eu que o diga por experiência das madrugadas em que vou passear a Lupa...).
Compreendo que nenhuma delas irá acolher aquele gato que escolheu o meu colo. Por razões que bem conheço e não me interessa aqui ventilar.
Levanto-me e tomo lentamente o caminho de casa. Spirit segue-me como um cão. Entro no elevador. Spirit entra também. Isto não é normal!Lidei com dezenas de gatos e nunca encontrei nenhum que entrasse confiantemente num elevador. É tudo completamente surreal. Tudo... até abrir a porta e o Kico e a Lupa virem a correr ter comigo. Aí é que o Spirit mostrou ser um gato de carne e osso! Houve rugidos, sopradelas e unhadas. Até a E.T. apanhou por tabela ... é por isso que eu tenho, neste momento, um gato amarelo e muito jovem chamado Spirit na minha casa de banho. E é por isso que a coroa de sonetos vai ter de esperar. O Spirit não pode ficar indefinidamente na minha casa de banho e precisa de uma casa para viver.
Se algum de vocês conhecer alguém que queira partilhar o seu espaço com um gato amarelo, macho, meigo, de cerca de seis meses de idade e que tem a "carinha chapada" do Lion King, enviem-me, por favor, um email para m.joao-bsousa@sapo.pt ou, se a internet for cortada e não receberem resposta, podem telefonar para o número de telemóvel do perfil. O nome nasceu deste estranhíssimo encontro que acabo de vos descrever. E podem acreditar que tudo isto é a mais pura verdade. Antes não fosse, meus amigos. Antes não fosse.
Nota- Tudo isto é só para não ficar atrás do Bin Laden, que também parece ser um "Grande Poeta".
Desculpa, Alfredo, mas este ano esqueci-me mesmo do teu aniversário.
APOSTILA- Acabo de constatar que este trabalho feito "à pressão", acabou por ficar péssimo, pois confundi o 2º soneto com o 1º. Logo à noite tentarei emendá-lo, embora a minha tentativa de reedição tenha saído gorada, porque o texto me aparece desconfigurado. A última estrofe terá de ser reformulada para que isto se possa considerar uma coroa de sonetos. Não quero coroas de glória, mas neste momento, também dispenso uma de espinhos. Se o pessoal do Sapo puder ter a bondade de configurar o texto na reedição de posts, eu terminarei a coroa ainda hoje, lá por volta das 23 horas, quando acabar de tratar de toda a minha família de pêlo e penas.
Nota II - Sonetos libeiramente reformulados a 05.04.2016 (Garanto que adoraria poder recordar-me das circunstâncias que deram origem à nota anterior, bem como à dita "apostila"... e já lá vão quase oito anos...)