Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
06
Fev08

ESTAR VIVO E VIVER NO MUNDO

Maria João Brito de Sousa

 

ESTAR VIVO E VIVER NO MUNDO

*

 

Eu escrevo porque... enfim, que hei-de fazer

Se tudo me parece indecifrável,

Se vivo neste mundo inescrutável

Onde a razão das coisas me fez ser?

*

 

 

Ao escrever me assumi, sem o saber,

Produto de uma força inalcançável

Que vai ganhando corpo e que é palpável

Nas palavras que aqui fizer nascer.

*

 

Há lá maior razão, mais nobre causa,

Para justificar os nossos dias?

Viver, aqui no mundo, é ser assim;

*

 

Criar a tempo inteiro e sem ter pausa,

Com isenção de impostos e franquias,

Em troca do melhor que existe em mim.

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 06.02.2008 - 21.40h

 

 

 

 

 

À minha irmã biológica que ontem me

dedicou a brilhante e inédita frase:

 

-Tu não fazes nenhum!

06
Fev08

IDENTIDADE, NECESSIDADE E ESSÊNCIA

Maria João Brito de Sousa

 

IDENTIDADE, NECESSIDADE E ESSÊNCIA

*

 

Sou segredo de mim por apurar...

Na dúvida, é melhor este ir vivendo

A soltar-me da chama em que me acendo

(não sabendo, o prudente é aceitar...)

*

  

Por cá, vou conseguindo versejar

E quanto mais durar, mais apreendo

De um tempo que acelera e, num crescendo,

Já mal me deixa tempo pr`a pensar.

*

 

Sublime é duvidar-se e pôr questões

Ao nosso imaginário colectivo

Sobre o que justifica as existências

*

 

 

E ser-se um só - mas ser-se! - entre milhões,

Será razão que sobre pra estar vivo,

Desde que vendo além das aparências.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 06.02.2008 - 12.41h

 

 

 

06
Fev08

A AMIZADE EM TEMPOS DE LOUCURA (à mana Maria)

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

  AMIZADE NOS TEMPOS DA LOUCURA

*

 

(Soneto espístolográfico em decassílabo heróico)

*

 

 

Eu não comungo. não. dessa (in)verdade

(há nervos de papel no meu sentir)

E não sei que remédio ou que elixir

Possa vir a curar-te essa ansiedade.

*

 

Mas nasce-me uma ponta de saudade

Dos tempos do café. desse ir e vir

Que urdia a nossa forma de existir

Até ao topo da cumplicidade.

*

Das cartas que jogámos. altas horas.

Das confissões totais que nunca temo.

Dos psicoterapeutas. da ternura.

*

 

Das noites acordadas. das demoras.

Desse sentir-demais levado ao extremo

Da amizade nos tempos da loucura.

*

 

Maria João Brito de Sousa - Outubro, 2009

*

(Soneto espístolográfico em decassílabo heróico)

 

 

 

Reeditado para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/

 

 

 

 

 

06
Fev08

MARIA-SEM-CAMISA XIII

Maria João Brito de Sousa

 

MARIA-SEM-CAMISA XIII

*

 

Não vive no seu tempo, esta Maria!

Vive dos amanhãs que estão por vir

E venha quem vier pr`á desmentir,

Maria ri, por dentro, e desafia,

 

Desafia quem julgue que a sabia,

Porque essa sem-camisa vive a rir

E não há quem entenda o seu sentir

Pois, podendo ter tudo, nada qu`ria

*

 

E quando alguém a tenta intimidar,

Maria-Sem-Camisa, num sorriso,

Regista o que foi dito e diz que sim,

*

 

Mas, assim que se cale o que o tentar,

Maria, sem fazer qualquer juízo,

Sorri, sorri por dentro, até ao fim.

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2008.02.06 - 02.59h

 

 

05
Fev08

MARIA-SEM-CAMISA XII

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

MARIA-SEM-CAMISA XII

*

 

Maria-Sem-Camisa traz consigo

Memórias desse céu que visitou

No tal dia em que a morte a convidou

A partilhar com ela o seu abrigo.

*

 

 

 

 

Ficou a conhecer o Mundo-Antigo

Que o Tempo-dos-Primórdios engendrou

E todos os futuros que inventou

O Tempo-por-Chegar, seu grande amigo.

*

 

 

Por isso é que Maria vive em paz

E nunca teme nada nem ninguém

Nem chora o que passou e o que há-de vir;

*

 

 

Aquilo que já fez é o que faz

E passa pela vida como quem

Repete a  caminhada e vai por ir.

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 05.02.2008 - 16.49h

05
Fev08

É PIOR A EMENDA DO QUE O SONETO...

Maria João Brito de Sousa

 

Porque errar é humano e veícular um erro é próprio dos idiotas, vou tentar redimir uma

tremenda "gralha" que cometi no post anterior.

Mas a errar é que se aprende e, embora tenha uma costelazinha de pedagoga-de-trazer-por-casa, sei que todos os dias estou a aprender. Hoje, por exemplo, aprendi que não devo confiar nos meus arroubos de espontaneísta quando estou a tentar ensinar alguma coisa...

Com efeito, emendei, sem qualquer pudor o verso que utilizei para dar um exemplo da correcta metrificação e se não fosse o Versos chamar-me à atenção, o erro andaria a criar raízes por aí... e isso é, realmente, GRAVE! Mea culpa.

Segue a transcrição FIEL do soneto, com o referido verso em maiúsculas.

 

 

PALINGENÉSIA

*

 

Morrendo recordei alheias vidas

E, desse auto-de-fé que me levou,

Ficou-me esta ilusão de ser quem sou...

Vieram-me ambições tão desmedidas

*

 

 

Que até as noites choram, desprovidas

Da condição de sono que as gerou

E as horas que lhes roubo e que vos dou

Descrevem-me outras horas já vividas,

 

 

Palavras de outro alguém que mas ditou.

Desconheço a razão destas partidas,

Mas este apelo urgente que ficou

 

 

Faz recordar mil páginas já lidas

Por quem alguma vez as visitou

No espaço das palavras prometidas.

 

 

 

 

Maria joão Brito de Sousa - 05.02.2008

 

 

 

 

Post Scriptum - Este não reviso... nem que me apontem uma pistola! :)

05
Fev08

ALTER-EGO

Maria João Brito de Sousa

 

ALTER-EGO

*

 

Se sáficos, se heróicos, estes versos...

Importa-me é que falem do que sinto,

Que, às vezes, os poemas são travessos

E mentem muito mais do que eu vos minto.

*

 

 

Quantas vezes as tónicas me fogem,

Quantas outras me encontram, no soneto?

Que mágoas tão distantes me consomem,

Ou que estranha vitória vos prometo?

*

 

 

Meu palco é de ilusões, de sonhos loucos!

Invento-me a mim mesma e, sem saber,

Recrio a minha dor no meu cansaço.

*

 

 

Prometo-vos demais, mas dou-vos pouco,

Pois tudo posso, mesmo sem poder

E sem nunca entender porque é que o faço.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - Fevereiro  2008

04
Fev08

MARIA-SEM-CAMISA XI

Maria João Brito de Sousa

 

 

MARIA-SEM-CAMISA XI

*

 

Maria... muitos dizem que ela é tonta,

Mas conhece do mundo o principal

E não há ser humano ou animal

Que não tenha Maria em boa conta

*

 

Porque ela não critica nem aponta

Os erros a quem viva um ideal

E, sabendo o que sabe, é afinal

A que mais nos perdoa e nos desconta.

*

 

 É, acima de tudo, imparcial

E, por ninguém julgar, é acusada

Daquilo que não faz nem nunca diz.

*

 

É esse o seu pecado capital;

Saber tudo o que sabe e estar calada

Sendo, apesar de tudo, assim feliz.

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa 04.02.2008 - 14.17h

04
Fev08

QUIMERA

Maria João Brito de Sousa

LA FEMME QUI PEIGNE.jpg

 
 QUIMERA
*
 
 
Trouxe-te a noite em asas de poema,
 
Levou-te uma manhã sem coração:
 
Foi-te a vida fugaz como ilusão
 
Mas deixou-me a saudade imensa, eterna...
*
 
 
Se tudo o que vivemos vale a pena
 
Teria o teu percurso sido vão?
 
Meu menino, eu sei lá por que razão
 
Te concederam vida tão pequena!
*
 
 
Mas se, apesar de tudo, ainda vives
 
Se a alma pequenina que tu és
 
Ganhou as asas de anjo que sonhei
 
*
 
 
Então existo menos do que existes:
 
Sou barro em que repousam os teus pés
 
Velando uma quimera que engendrei.
 
 
 
 
 Maria João Brito de Sousa 
 
04.02.2008 - 03.30h
*
03
Fev08

MARIA-SEM-CAMISA X

Maria João Brito de Sousa

 

 MARIA-SEM-CAMISA X

*

 

 

Maria-Sem-Camisa já morreu

De morte natural e verdadeira

E foi, provavelmente, ela a primeira

A voltar pr`a contar como é o Céu.

*

 

Quem disser que Maria se perdeu

Na viagem final e derradeira,

Só terá levantado essa poeira

Pra cegar quem jamais a conheceu.

*

 

 Anda de cá pra lá, e, se voltou,

Obedeceu à ordem pontual

De exercer cada dom que traz em si

*

 

Quem venha a encontrá-la, nem sonhou

Quanto caminho instável, mas real,

Percorre essa Maria, agora. Aqui.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 03.02.2008

03
Fev08

SINFONIA DA VIDA

Maria João Brito de Sousa

Nascer-do-Sol.jpg

 

 

 

 SINFONIA DA VIDA

*

 

No sereno horizonte da razão

O verbo é o cometa que procuro,

Astro- menino em rota de ascensão

que um dia alcançará porto seguro,

*

 

 

Melodia do tempo em vibração,

Vislumbre ou pauta etérea do futuro...

Se o mundo continua a ser canção,

O homem nem o sabe, porque é surdo!

*

 

Voz de Deus, ou matéria mais sublime

Em revoada de asas de andorinha,

Canta a chuva na água que a redime,

*

 

Os rouxinóis encantam, à tardinha,

E todo este planeta canta e exprime

A sua gratidão, que é como a minha.

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 03.02.2008 - 15.13h

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03
Fev08

ANIMAIS NÃO-HUMANOS

Maria João Brito de Sousa

 

Não há desculpa que justifique a crueldade para com os animais.

Lembro-me de ser muito pequenina e ficar desolada com os espectáculos de tauromaquia que passavam na televisão. O meu pai e o meu avô partilhavam desta minha repulsa, razão pela qual a televisão passou a ser desligada sempre que havia transmissão de touradas.

Fora da família havia sempre quem me garantisse que os touros não sentiam nada e, com seis ou sete anos, não podia opôr-lhes grandes argumentos... com excepção daquela certeza "absoluta" de que os cavalos e os touros estavam a sofrer.

Hoje, passei o meridiano dos cinquenta e continuo a pensar da mesma forma. Além do mais  adquiri conhecimentos que vieram dar corpo aos argumentos que então não tinha.

Sabem que as hastes dos touros são profusamente irrigadas e inervadas e são orgãos importantes para a orientação do animal? Sabem que essas hastes são serradas a sangue frio antes das touradas provocando dores intensas e profundo estado de confusão?

Estive, esta tarde, durante cerca de três horas, numa acção de protesto promovida pela ANIMAL, contra o comércio de artigos fabricados em pele de animais não humanos. Permito-me transcrever aqui, algumas linhas de um dos folhetos que estavam a ser distribuídos pelos membros da organização e que vêm reforçar as minhas convicções.

"... são também privados de água e de comida. Quando entram na arena, os touros estão já fracos, assustados e confusos- alguns touros têm até fortes crises de diarreia. Longe de serem animais violentos- como os defensores das touradas procuram defender- os touros estão, na verdade, apavorados e fugiriam da arena se tivessem oportunidade de o fazer. A este medo junta-se o sofrimento físico, quando toureiros a cavalo começam a cravar-lhes "bandarilhas"....... os touros são retirados da arena, a carne e músculos à volta dos arpões são cortadas, novamente sem anestesia, para lhes retirarem os ferros e são depois mantidos até dois dias à espera, em sofrimento, até serem levados para um matadouro onde serão mortos..."

Aqui pára a transcrição. Só para fazer uma pergunta... será que a maioria dos homens e mulheres portuguesas (tudo gente crescida...) não consegue entender aquilo que já era óbvio para uma uma criança de cinco ou seis anos?

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!