Maria João Brito de Sousa
Onde Camões viu mar, eu vejo espaço
(nas índias deste infindo imaginário,
uma nova Epopeia, outro cenário...)
Por descobrir nos versos que aqui traço.
*
Um mesmo Adamastor na nossa ideia;
O medo que nos prende ao conhecido
Quando há que cantar mais pr`a ser-se ouvido
Porque o Cabo do Medo é mera estreia.
*
Por cada estrela, um mundo! Aporto à ilha
Que se ergue pra saudar o novo Gama
Nesta absurda ilusão de Novo Império.
*
Acesa a velha chama que em mim brilha
Quando navego além da Trapobana,
Decifra-se em Quixote este mistério.
*
Maria João Brito de Sousa
29.02.08 - 12.00h
publicado às 11:57
Maria João Brito de Sousa
Verdade! O que vos digo é só verdade!
Por não saber mentir, sou talvez louca,
Embarga-se-me a voz e fico rouca
De tanto vos falar da liberdade...
Às vezes sinto dor! Uma ansiedade
Vem do fundo de mim, tapa-me a boca,
Faz-me sentir que a minha voz é pouca
Pr`a vos tentar cantar tanta saudade...
Depois vem uma Luz que me deslumbra,
Arrebata-me inteira; corpo e alma,
De novo se me torna a voz urgente
E assim vivo, entre a Luz e a penumbra,
E nasce outro poema e fico calma
E ressuscito em cada sol nascente...
Maria João Brito de Sousa
28.02.08 - 15.00h
.
Ao Yodlery porque, de alguma forma, mo sugeriu.
publicado às 15:17
Maria João Brito de Sousa
Das palavras fazemos caravelas,
Navegamos no espaço das ideias,
Somos o germinar de panaceias,
Pedras filosofais, chamas de velas...
Cruzamo-nos em vidas paralelas,
Inventamos, no mar, mito e sereias,
Acendemos o sol noutras candeias,
Pintamos de outra cor as nossas telas.
Se trazemos em nós tanto futuro,
Se abrimos uma porta ao amanhã
E se nada nos trava, nem nos prende,
Porque razão será qu`inda procuro
Pesar os prós e contras da maçã
Que a mesmíssima cobra hoje me estende?
Maria João Brito de Sousa
.
27.02.08 - 16.00h
publicado às 12:03
Maria João Brito de Sousa
Sou, por tua vontade, ó mar ingrato,
Da Barca de Caronte o timoneiro;
Nela percorro o Universo inteiro
Em busca do pecado ou do recato.
E, nela, o meu destino, esse insensato,
Me condena ao inferno derradeiro
De eterno comandante e prisioneiro
Da barca a que me prendo, onde me mato...
Aqui, neste vai-vem, eu nasço e morro
Mil vezes por segundo em cada dia
Das mil eternidades por chegar
E, pr`a mim não há esp`rança de socorro,
Nem porto para a barca da agonia
A que me condenaste, ingrato mar...
Maria João Brito de Sousa - 27.02.2008 - 12.54h
Na foto, Miguel Torga e António de Sousa
em Coimbra, 1937.
Fotografia retirada do JL de 16.03.1981
NOTA - O soneto é de minha autoria e quem, como eu, tivesse vivido junto dele durante tantos anos, saberia que o "vestiu" na perfeição das suas horas mais amargas...
publicado às 12:54
Maria João Brito de Sousa
C onquistamos a Nova Imensidão;
Somos descobridores e blogonautas
A (de)compor novo hino em novas pautas,
A rasgar, no futuro, outra canção.
*
O nosso combustível de ilusão
Vai convertendo as almas mais incautas
E singra-se outro mar ao som das flautas
Que abrem caminho à nova vastidão.
*
Navega-nos a alma insaciável
Levando o seu estandarte de ideais
(que sempre foi preciso navegar!)
*
E enfrenta-se a batalha inevitável;
Olhai, além no cais, por entre os mais
O Velho do Restelo a protestar!
*
Maria João Brito de Sousa
.
27.02.08 - 09.00h
publicado às 09:56
Maria João Brito de Sousa
Fui menina no pátio da Razão,
Do mundo à minha espera no recreio,
Dos brinquedos de extracto de ilusão,
Da mochila com sonhos por recheio.
A boneca de trapos numa mão,
Na outra um lápis - só para esboçar... -
E, às vezes, uma corda ou um pião,
Mas, sempre, o meu pincel para pintar!
Aqui deixo um retrato de menina
(arquivado em suporte digital)
Agora que a velhice se aproxima.
Do velho sonho apenas permanece
O chamamento de anjo vertical.
Quanto ao futuro, a esse, Deus mo tece.
Maria João Brito de Sousa - 26.02.2008
Nota - Soneto reformulado a 15.08.2015
publicado às 11:23
Maria João Brito de Sousa
P`ra onde me encaminho, nunca o sei...
Perdi a minha bússola no mar!
Talvez um dia a volte a encontrar...
Qu`importa o que perdi, se o não paguei?
.
É transparente, o mar onde encontrei
A bússola que não quisera achar...
P`ra que quero um ponteiro de apontar
Um mar que tantas vezes naveguei?
.
A Jangada-de-Acasos não tem rumo,
É ela o meu destino, o meu caminho,
Flutua porque é feita de ilusões...
.
De terra alguém me faz sinais de fumo...
Fecho os olhos! Não vejo! Sou ceguinho!
Amparai-me, ó sereias e tritões!
Maria João Brito de Sousa -25.02.2008
.
Para o Poeta António de Sousa, por ser uma perfeita metáfora da sua vida nos últimos anos... e porque, na sua colossal ironia, o poderia ter escrito.
Oeiras, 25 de Fevereiro de 2008 - 16.53h
publicado às 17:06
Maria João Brito de Sousa
Eu canto Deus como quem canta a vida...
(é esse o meu humano ministério!)
Eu canto a vida inteira e o mistério
De SER depois da hora da partida...
.
Eu canto Deus nas coisas pequeninas!
Aonde o encontrar o cantarei!
A semente da voz que deixarei
Traz a benção das causas mais divinas...
.
A quem quiser ouvir... canto baixinho,
Como o Sol que se põe atrás do mar,
Da vida, desta estranha caminhada,
.
Daquilo que encontramos no caminho,
Daquilo que `inda está por encontrar
Nas bermas das lonjuras desta estrada...
.
Feito agorinha mesmo... só para vos pedir um adiamento de 24horinhas...
São agora 21.00h e antes que comecem todos a refilar comigo ou que, de todo em todo, deixem de me dirigir a palavra, vou dizer-vos que estou realmente doente. Uma colicazita renal. E junto-lhe o sufixo porque já tive piores...
Agora não sei é como hei-de arranjar-me para entregar a tempo e horas os poemas, em triplicado, e segundo todas as regras (que são muitas), para os Jogos Florais. O livro vai ter de ser um bocadinho adiado. Mas não se aborreçam, porque não estou a "esquivar-me". Quem me viu hoje sabe bem a linda carinha com que estou; pálida que nem um cadáver amanhecido...
Como já tive ( infelizmente!) esta "prendinha" mais vezes, sei que vai demorar uns dias a ir ao lugar... mas vai sempre ao lugar!
E está dado o recado, para que não imaginem que não tive as vossas doutas opiniões em consideração...
(Pode ser que dê, ao menos, para ir escrevendo!)
publicado às 08:54
Maria João Brito de Sousa
Uma estrela é da cor que existe em nós.
Azul ou amarela... tanto faz!
A cor da estrela muda porque traz
Ecos do nosso olhar, da nossa voz...
.
A estrela tem a cor que Deus quiser,
A cor que for pulsando em nosso peito;
Se o nosso olhar procura o que é perfeito,
Devolve-nos a cor que nele houver.
São todas como espelhos pequeninos
A reluzir no escuro firmamento
E enqaunto olhos do céu, às vezes choram,
.
Se ousarem partilhar nossos destinos...
Olhadas em total deslumbramento,
Terão a cor dos sonhos que lá moram.
Maria João Brito de Sousa - 24.02.2008 - 13.25h
.
Acabadinho de nascer, a pedido do Frágil e com o Alto Patrocínio do
Grande Arquitecto -23.02.08 - 13.25h
publicado às 13:25
Maria João Brito de Sousa
UMA ESMOLA PARA UM REI QUE VAI NU...
.
Tu pensas ser o rei... mas rei de quê?
Dum mundo mat`rial, duma nação?
Acaso conheceste uma prisão
Maior do que o olhar de quem não vê?
.
A flor, o rio, o céu aqui ao pé
E tu julgas-te rei, mas és, em vão,
Apenas um a mais na multidão
Que pensa tudo ser e nada é...
.
Uma flor, uma só... o mundo é meu!
Um gato, um velho gato de telhado,
Tem mais do que tu tens, é bem mais rico!
.
Tu pensas ser o rei ma,,,s rei sou eu
Que VEJO e sinto e sei... tenho a meu lado
Tudo aquilo que existe e te dedico!
.
Maria João Brito de Sousa - 24.02.2008 - 11.4h
Continuando (muito humildemente) a dar voz a A. Caeiro
(Que o Mestre me perdoe. A minha "voz" saiu-me assim...)
publicado às 11:49
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
A todos vós, poeta me confesso!
Quantas vezes o ar que respirei
Foi única matriz do que engendrei
Nos braços da palavra em que aconteço?
Poeta! Do direito e do avesso!
Por dentro de um poema é que me sei
Regressada dos longes que sonhei
Pr`a dar-vos muito mais do que vos peço
Quando monto uma estrela muito azul
Que orbita em derredor dos meus afectos
E tem a porta aberta a todos vós,
Pr`a percorrer a Terra, Norte a Sul,
Visitando os amigos mais dilectos
Qual rio que retornasse à própria foz...
Maria João Brito de Sousa - 23.02.08 - 03.30h
(Reformulado a 04.08.2015)
.
COMEMORAÇÃO DO CENTÉSIMO POST!
publicado às 11:43
Maria João Brito de Sousa
MOTE............................................................Tenho uma amiga que é Rosa!
Uma rosa virtual...
Escreve poesia e prosa
Com candura virginal!
TENHO UMA AMIGA QUE É ROSA!
Uma rosa, quem diria...
Por causa da Poesia
Quase me sinto famosa...
UMA ROSA VIRTUAL...
Coisa rara e nunca vista!
Queira Deus qu`a Rosa exista
Também no mundo real!
ESCREVE POESIA E PROSA
Porque a Rosa tem talento
E Deus, que está sempre atento,
Quis torná-la talentosa...
E, sendo rosa, afinal,
Não me espanta mesmo nada
Ver essa flor contemplada
COM CANDURA VIRGINAL!
.
Estas Trovas são dedicadas à poetisa açoriana Rosa Silva e ao AFONSO, o meu
novo Princípezinho...
Maria João Brito de Sousa
.
22.02.08 - 15.30h
publicado às 16:24