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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
27
Jan08

MARIA-SEM-CAMISA IX

Maria João Brito de Sousa

Maria-Sem-Camisa está gordinha!

Empanturrada em versos nem tem fome...

Ninguém pode engordar do que não come

E ela mal petisca e não cozinha...

Não come e, no entanto, é redondinha!

Não pode "arredondar" quem nunca tome

Do alimento vivo o doce polme,

Pois quem vive do ar... sempre definha!

Maria come pouco, quase nada...

Se engorda é porque assim o decidiu

Ou porque não lhe interessa emagrecer...

Talvez o "poetar" de madrugada

Seja o tal "nutriente" que ingeriu

E não precise mesmo de comer...

 

Maria João Brito de Sousa

 

26
Jan08

EU, PROJECTO DE MIM

Maria João Brito de Sousa

 

EU, PROJECTO DE MIM

*

 

Eu vivo-me em severa ditadura

Por ser, de mim, projecto antecipado

Onde não cabem medo, nem pecado,

E que tão só na morte encontra a cura.

*

 

Fico, até que me chame a sepultura,

Projecto do meu EU, meio traçado

(sempre houve que alterar um gesto errado,

porque assim é a vida... se nos dura)

*

 

Acrescenta-se um traço na estrutura;

Fica o projecto mais equilibrado

Embora eu esteja ainda mal segura
*

 

E o traçado ascenda a tal altura

Que ousar descê-lo vai ser complicado...

(no céu há sempre alguém que me procura)

*

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 26.01.2008 - 16.53h

25
Jan08

AUTONOMIA

Maria João Brito de Sousa

AUTONOMIA

*

 

Segue em rota frontal de colisão

Com a minha vontade de ser eu,

Na polpa do poema, o que escreveu

Esta determinada, incauta, mão.

*

 

 

Não volto atrás, nem nego a decisão!

Tão livre é o poema que nasceu

Que, sendo por mim escrito, não é meu

Pois me ultrapassa em determinação.

*

 

Cá fico, neste cais de terra e mar,

Olhando essa insensata autonomia

Que, mesmo partilhada, segue em frente

*

 

Nas asas de um mistério por sondar

Que dá vida ao poema que só qu`ria

Um pouco da atenção de muita a gente.

*

  

Maria João Brito de Sousa - 25.012008 - 11.58h

24
Jan08

ADEUS, MAMÃ!

Maria João Brito de Sousa

 

ADEUS, MAMÃ!

*

 

Afogo o meu soluço em parte alguma

Se recordo o menino que gerei

E logo tudo aquilo que não sei

Se dissolve no ar desfeito em espuma.

*

 

Num vão peculiar do meu sentir,

Arrumada a miragem, com carinho,

Lá deixo o meu menino deitadinho,

No mais fundo de mim irá dormir.

*

 

Agora é o poema quem, comigo,

Passeia de mãos dadas, vai à rua,

Dorme na minha cama e, de manhã,

*

 

 Me acorda pr`a que vá brincar consigo...

Depois, mal chegue a noite e veja a lua,

É quem me vem dizer: - Adeus, mamã!

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 24.01.2008 - 22.36h

 

24
Jan08

MARIA-SEM-CAMISA VIII

Maria João Brito de Sousa

Maria-Sem-Camisa VIII

 

Talvez tivesse sido concebida

No Olimpo de Zeus, essa Maria

E só descesse ao mundo porque qu`ria

Salvá-lo da desgraça prometida...

*

 

Agora está, talvez, arrependida

Pois não aceita o mundo essa magia

Que espalhando ilusão, dando alegria,

Se propõe dar sentido à sua vida.

*

 

Mas não é mau, o mundo... é inseguro!

Tem medo de mudar, pois ser dif`rente

Exige, a todos nós, muita coragem.

*

 

Nunca o mundo vislumbra o seu futuro,

Como o não vê, decerto, tanta gente

Que molda o mundo inteiro à própria imagem.

*

 

 

 Maria João Brito de Sousa - 24.01.2008 - 11.53h

23
Jan08

HORA CERTA

Maria João Brito de Sousa

 HORA CERTA

 

 

Irei, assim que chegue a hora certa!

Nem antes nem depois (não sou dif´rente...)

Da hora destinada a toda a gente

Assim que a vida humana em si desperta.

 

O certo é que a verdade desconcerta

Mal surja e se defina em nossa mente,

Porque, sendo o que a vida nos consente,

Sabemos quanto a hora é, sempre, incerta

 

E, geneticamente irresponsáveis,

Seremos responsáveis, no entanto,

Por tudo o que fizermos nesta vida,

 

Porque, sendo as respostas insondáveis,

Não perde, a vida, o seu tremendo encanto

Por ser incerta a hora da partida.

 

 

Maria João Brito de Sousa - 23.01.2008 - 21.05h

 

 

23
Jan08

A SEDUÇÃO

Maria João Brito de Sousa

 A SEDUÇÃO

 

 

O mar tem tantos truques, tal poder,

Pra nos prender a vida e fascinar

Que parece mais homem do que mar,

Quando seduz e encanta uma mulher.

 

 

Mas o mar não rejeita quando quer!

Se um dia nos deixamos encantar

Sabemos ser cativo esse lugar

Que o mar tem pronto pra nos oferecer.

 

 

Depois da sedução estar consumada,

É tudo para a vida e para a morte

E não há volta a dar, o mal está feito,

 

 

Porque não há retorno, não há nada

Que possa libertar-nos dessa sorte,

Se um dia adormecermos no seu leito.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 23.01.2008 - 14.46h

23
Jan08

SONETOS DO MAR

Maria João Brito de Sousa

A Primavera está a chegar e, com ela, veio-me esta vontadezinha de escrever sobre o mar...

Afinal eu, cidadã do mundo, sempre vivi aqui, exactamente na zona litoral que define a linha onde o Tejo e o Atlântico se encontram.

Em Algés, cresci até à adolescência, na Rua Luís de Camões, numa casa que ainda hoje existe e está assinalada com uma pequena placa que homenageia o nascimento do malogrado Amaro da Costa, cujo pai era um grande amigo do meu avô, o Poeta António de Sousa, de quem, mais tarde vos tenciono falar.

A minha primeira casa enquanto "pessoa crescida" foi em Paço de Arcos, mesmo junto à estação da CP, na rua Carlos Luz.

Agora vivo há trinta e seis anos em Oeiras, na Quinta das Palmeiras e tenho a certeza que não saberia viver fisicamente longe daqui.

Por isso aqui vai a minha:

 

ONDAS.jpg

 

 

 

 A JUSTIFICAÇÃO DO MAR

*

 

 

Serei, na (in)completude dos gentios,

Quem de ti fez o berço original,

Quem te encheu da grandeza natural

De invernos, dos agrestes, e de estios;

*

 

Sou quem te enfeita de ilhas e baixios,

Quem te cava esse leito de água e sal,

Quem te cobre de bancos de coral,

Quem te devolve a água dos seus rios

*

 

E sou quem te deu essa imensidão

Das coisas que mal sabes desvendar,

Quem cresce ao renovar-te e quem te fez,

*

 

Eu, a VONTADE (sempre em gestação)

De me expandir, de me multiplicar;

A força adivinhas mas não vês!

 

 

Maria João Brito de Sousa - 23.01.2008

 

 

 

 

23
Jan08

SIMBIOSE

Maria João Brito de Sousa

 SIMBIOSE

*

 

Perdeu o voo, o meu amigo alado,

Perdeu autonomia e perdeu vida

Este Columbia livia de asa ferida

Que acabo de tomar a meu cuidado

*

 

 

Talvez volte a voar, talvez magoado

Perdesse a tal vontade desmedida

Que nos confere o impulso de partida

Sempre que o céu se torna desejado

*

 

Perdeu o voo e a ousadia,

Perdeu tudo o que tinha de mais belo,

Talvez nem queira já viver sequer

* 

 

Mas eu sou doutorada em teimosia:

Desdobro-me em cuidados, trato, velo,

Já nem sei se sou pomba ou sou mulher

* 

 

Maria João Brito de Sousa,

in Poeta Porque Deus Quer - Autores Editora, 2009

22
Jan08

MARIA-SEM-CAMISA VII

Maria João Brito de Sousa

 MARIA-SEM-CAMISA

 

Maria-Sem-Camisa é muito rica!

Partilha o que não tem com toda a gente

E já ninguém, por cá, fica indiferente

À estranha caridade que pratica.

 

Daquilo que emprestou jamais critica

Uma devolução menos urgente

E não há nada que ela não invente

Quando a necessidade o justifica.

 

Maria faz-de-conta, a sem-camisa,

Vai dando o que faz falta no seu lar

E como tudo falta... tudo dá,

 

Mas só dá o que dá a quem precisa!

A quem venha pedir sem precisar

Maria vai dizendo que não há...

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 22.01.2008 - 13.39h

 

22
Jan08

O PREÇO

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

O PREÇO

 

 

Eu pago o alto preço da loucura

Por quanto sou, por quanto quero ser!

Pagar-vos-ei da forma que puder,

Enquanto me não chama a sepultura.

 

Talvez pague em moeda de ternura

E depois, venha lá quanto vier,

Possa cantar melhor que o que souber

Para encher-vos de luz na noite escura.

  

Com versos o farei, ou com pintura,

Imaginando a carta-de-alforria

Do sangue que por mim for derramado

 

Até sobrar-me um esboço da candura

Que teima em não morrer, na alegoria

De alguém que ora foi fraga, ora anjo-alado.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 22.01.2008 - 12.56h

 

(Reformulado a 15.11.2015)

 

 

 

 

 

 

 

 

22
Jan08

UM CACTO QUE QUIS DAR FOLHAS

Maria João Brito de Sousa

 

A UM CACTO QUE DEU FOLHAS

 

Eu tenho um cacto grande e imponente

Que há muitos anos vive no meu lar

E um destes dias, resolveu mudar

E despontou em folhas, de repente.

 

Este cacto, decerto incoerente,

No dia em que o pintei, quis-me mostrar

Que todos somos livres de sonhar,

Que um sonho tudo pode e nunca mente.

 

Ensinou-me, este cacto, que pintar

Será sempre CRIAR e que é urgente

Que se passe a palavra a toda a gente

 

Que afirma que ninguém pode criar.

Quanto a mim, tenho um cacto que é diferente

E pinto, ou não, mas crio activamente!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa 22.01.2008 - 11.47h

 

Reformulado a 09.12.2015

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