SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XV
NUM MOMENTO DE PAUSA
Foi nas margens de um lago virtual
Onde, às duas por três, quis descansar
Que encontrei um estranhíssimo animal
Que por ali andava a vaguear…
Não pude adjectivá-lo de normal,
Arquivei-o na pasta de “Invulgar”
E, sem que eu lhe fizesse nenhum mal,
Acabou, afinal, por “pôr-se a andar”…
Não se sabe o que pode acontecer
Quando um estranho animal nos desafia,
Desmentindo esse pouco que aprendemos…
Este fugiu de mim, que o queria ver,
Outro talvez pareça que confia…
Mas fujamos daquele que nunca vemos!
Maria João Brito de Sousa – 04.07.2010 – 18.32h
CONVERSAS DE MÃE PR`A FILHO
Correste encosta abaixo e não paraste
Senão quando chegaste à beira mar;
Decerto te esqueceste de abrandar
E na espuma das ondas mergulhaste…
Ainda me recordo que choraste
Quando sentiste a dor a penetrar
Tua fronte molhada, a gotejar
Da mesma espuma em que te aventuraste.
E lembro um outro dia, há tantos anos,
Em que sofrendo muito poucos danos
Me vieste, a correr, pedir miminhos
Mostrando uma equimose que passou...
Dias depois, quando algo te assustou,
Cobri-te a rosto inteiro de beijinhos…
Maria João Brito de Sousa
DANÇA COMIGO!
Anda dançar comigo, bailarino,
Nas asas de luar da melodia
Que redesenha, em rasgos de magia,
O mais perfeito rumo de um destino…
Das voltas que tu dás, desde menino,
Dos teus passos, de um gesto de harmonia,
Irrompem sucedâneos de alquimia
Multiplicando o espaço em desatino.
Anda dançar comigo a noite inteira
Depois do pôr-do-sol, quando o luar
Tomar pr`a si as rédeas deste céu
E, tanto quanto lembro, verdadeira,
Virá, então por nós, pr`a nos chamar
Quando ele estiver já escuro como breu…
Maria João Brito de Sousa