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Mai10
TELA II
Maria João Brito de Sousa
Sei-me das densas cores que em mim pintares.
[meu corpo, todo, em esdrúxulos prazeres
na anunciação daquilo que quiseres
porquanto serei quanto em mim criares…]
Se, acaso não vieres, se desdenhares
Tão serena brancura, ou não puderes…
Serei a branca tela que não queres,
Aquela que te espera até voltares.
O risco, a cor, o traço… a tábua rasa
Do desconcerto interno que define
Meus passos – nunca inúteis – neste mundo,
Sei-me de branca tela, ardendo, em brasa…
Mas, como cada coisa, algo sublime
Que sabe – ainda… – ser ventre fecundo.
Maria João Brito de Sousa - "Puberdade", Pastel de Óleo, 1999