SÁBADO, DOMINGO E... TERÇA-FEIRA
A EMANCIPAÇÃO DA NARRATIVA
Que estranhas provações eu já provei…
Um qualquer astro que se chegue a mim
Perguntará se já fui feita assim
Ou se acaso aprendi, me transformei…
Aquela que vos conta o que passei
Não é, como pensais, capaz de um “sim”
Sem ant` estrebuchar até ao fim
Nessas muralhas de aço que eu lhe dei…
Se um narrador diz “eu”, nem sempre o “eu”
Se refere, afinal, ao narrador…
Como vós bem sabeis, sempre assim foi!
Por isso Ela é, tão só, quem concebeu
A minha própria essência, esse valor
Que tanto nos faz rir como nos dói…
Amou desse amor louco, inexplicável,
Sem fundamento, sem sentido até…
Perdeu-se do seu rumo – a sua fé –,
Tornou-se muito pouco razoável.
Fez questão de partir sem ter chegado;
Fez questão de encontrar-se antes de si…
Estava nesse ir e vir quando eu o vi,
Correndo entre futuros… no passado.
O “Louco” dessa peça, era, porém,
Aquele que conseguisse ir mais além…
Fui primeira-figura e, sem notar,
Dei comigo no palco, travestida.
Assim cumpri milénios desta vida
Quando tinha o papel por decorar…
PRIMEIRO A VERDADE!
Às vezes… muitas vezes… tantas vezes!
Pareço bem pior do que o que sou…
Fico “bicho-de-conta” e não me dou,
Nem partilho alegrias e revezes…
Outras, porém, acendo-me em sorrisos!
Sou girassol aberto a quem passar
E desfaço-me em noites de luar,
Abstrusa, inexplicada, entre os concisos…
Por vezes torno-me ostra, outras… enfim…
Consigo-me afastar até de mim,
Não sei por onde vou nem se lá chego…
Umas vezes criança, outras já velha,
Umas habilidosa, outras “aselha”…
Mas – primeiro a verdade! – eu nunca o nego!
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET