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Out09
MEMÓRIA DESCRITIVA II
Maria João Brito de Sousa
Aquele aspecto estranho e desconforme,
Aquele face magra e enrugada,
Aquele rictus de quem vive enjoada
Da vida que parece sempre enorme…
Aquelas mãos de dedos calejados,
Retorcidos do muito que fizeram,
Os olhos afundados que lhe deram
Os dias e as noites descuidados.
Aquele estar ali e nunca estar
Aonde o corpo fica a descansar,
Porque a mente descansa noutro espaço,
Aquela imprecisão de só sonhar,
Aquela estranha forma de falar,
De ser a própria voz do seu cansaço.
Imagem - Tela de Henry Matisse retirada da internet