AS MÃOS DO VELHO POETA
Nessas mãos intocadas, intocáveis,
Retalhadas por longos sulcos fundos,
Desenham-se as promessas de mil mundos
Sobre a ausência de afectos mais duráveis.
Há medos, nessas mãos, há insondáveis
Abismos que prometem ser profundos,
Segredos dos mais duros, mas fecundos
Projectos, ambições, sonhos prováveis...
São essas mesmas mãos, assim magoadas,
Tão cobertas de rugas e memórias,
De tudo tão vazias, `stando cheias,
Que se erguerão, embora decepadas,
Para se revelarem nas mil glórias
Das mais surpreendentes epopeias…
Maria João Brito de Sousa, 2.08.2009 - 14.08h
(reformulado - Setembro, 2016)
Imagem retirada da internet