ANIMAIS NÃO-HUMANOS
Não há desculpa que justifique a crueldade para com os animais.
Lembro-me de ser muito pequenina e ficar desolada com os espectáculos de tauromaquia que passavam na televisão. O meu pai e o meu avô partilhavam desta minha repulsa, razão pela qual a televisão passou a ser desligada sempre que havia transmissão de touradas.
Fora da família havia sempre quem me garantisse que os touros não sentiam nada e, com seis ou sete anos, não podia opôr-lhes grandes argumentos... com excepção daquela certeza "absoluta" de que os cavalos e os touros estavam a sofrer.
Hoje, passei o meridiano dos cinquenta e continuo a pensar da mesma forma. Além do mais adquiri conhecimentos que vieram dar corpo aos argumentos que então não tinha.
Sabem que as hastes dos touros são profusamente irrigadas e inervadas e são orgãos importantes para a orientação do animal? Sabem que essas hastes são serradas a sangue frio antes das touradas provocando dores intensas e profundo estado de confusão?
Estive, esta tarde, durante cerca de três horas, numa acção de protesto promovida pela ANIMAL, contra o comércio de artigos fabricados em pele de animais não humanos. Permito-me transcrever aqui, algumas linhas de um dos folhetos que estavam a ser distribuídos pelos membros da organização e que vêm reforçar as minhas convicções.
"... são também privados de água e de comida. Quando entram na arena, os touros estão já fracos, assustados e confusos- alguns touros têm até fortes crises de diarreia. Longe de serem animais violentos- como os defensores das touradas procuram defender- os touros estão, na verdade, apavorados e fugiriam da arena se tivessem oportunidade de o fazer. A este medo junta-se o sofrimento físico, quando toureiros a cavalo começam a cravar-lhes "bandarilhas"....... os touros são retirados da arena, a carne e músculos à volta dos arpões são cortadas, novamente sem anestesia, para lhes retirarem os ferros e são depois mantidos até dois dias à espera, em sofrimento, até serem levados para um matadouro onde serão mortos..."
Aqui pára a transcrição. Só para fazer uma pergunta... será que a maioria dos homens e mulheres portuguesas (tudo gente crescida...) não consegue entender aquilo que já era óbvio para uma uma criança de cinco ou seis anos?
Maria João Brito de Sousa