MEMÓRIA GENÉTICA
MEMÓRIA GENÉTICA
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Ao largo, a insurgência de uma vaga
Sublevando esse mar adormecido
Onde o velho poeta chora a mágoa
Do virtuoso verbo já perdido.
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Na terra, não na água, jaz agora
O corpo que lhe condenou o canto,
Mas morte que ditasse a sua hora
Não lhe soube imortal estoutro encanto;
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Leva-lhe o corpo, mas a obra fica
Nos versos que o Poeta me dedica,
Que às vezes a herança é bem mais forte
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E a semente legada é nobre e rica;
Qual tronco de embondeiro, frutifica
Muito depois de o ter levado a morte!
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Maria João Brito de Sousa - 02.02.2008 - 11.57h
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À memória de meu avô António de Sousa
Poeta, tradutor, advogado, Secretário Geral da
Young Men`s Christian Association e um
dos grandes pilares da poesia portuguesa
do século XX, da Presença e da Seara
Nova.