CLANDESTINIDADE
Aqui, neste começo de ninguém,
Na génese do meu desconhecido,
Nesta implosão do que não faz sentido,
Procuro o dealbar de um novo Além.
Aqui, onde me sei, se encontro alguém,
Um outro, como eu, que já perdido,
Procure ainda e esteja convencido
De poder encontrar-se em si, também,
Eu reconheço ter valido a pena!
Prossigo a caminhada, mais serena
Por saber que outros há que, como eu,
Se negam ao torpor das meias-vidas,
Que arriscam caminhadas proibidas
Em busca dessa luz que Deus lhes deu.
Este é o soneto com que eu teria concorrido aos Jogos Florais da Associação Portuguesa de Poetas, caso a memória me não tivesse, mais uma vez, atraiçoado. O mesmo aconteceu com o soneto com que eu quereria ter concorrido aos Jogos Florais de Almeirim e que eu ainda nem sequer consegui encontrar, por estar manuscrito num dos milhares de papéis com poemas que vou guardando muito bem guardadinhos e, depois, não encontro...
Não vou entrar em pânico por causa deste tipo de coisas. Raríssimas vezes entrei em pânico em toda a minha vida e nunca foi uma experiência útil.
Apenas peço desculpa pelo facto.