PONTUALMENTE
A vossa indiferença é tão agreste,
Tão gélida, tão falha de calor,
Que, por vezes, perfura o que me veste
E dói-me muito mais que a própria dor.
Outras vezes, eu cubro-me de escudos,
De edredãos ou de mantas bem quentinhas,
Afundo-me na terra e ergo muros
Pr`abrigar-me de vós, ervas-moirinhas!
Mas por mais que me tape e que me aqueça,
No vento frio ecoa uma cantiga
Da memória a pregar-me uma partida...
Se vibra o ar num som que me pareça
Remoto eco ou coisas muito antigas...
Sinto, ao longe, o pulsar das vossas vidas!
Nota - Ainda de "O Livro das Horas Convergentes - Trinta e três sonetos e uma estrada".
Ainda desafios para os amigos no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/