O RIO E A VIDA
O RIO
*
Mede-se a vida no fio
De uma linha equidistante
Entre a nascente de um rio
E a sua foz, a jusante…
*
Às vezes o rio, teimoso,
Quer subir uma montanha
Que não pode e, furioso,
Lança-se em fúria tamanha
*
Contra pedras e arribas,
Que acaba por ir passando:
Encontra as alternativas
Que antes não estava encontrando...
*
Flui depressa ou flui sereno,
Mas prossegue a caminhada
E constrói sobre o terreno
Um simulacro de estrada...
*
Já mais calmo, encontra a foz,
O ponto no qual, espraiado,
Vai mergulhar… como nós
Quando o fim tiver chegado
*
Mas lá em cima, a montante,
Continua inda a caminho…
Tudo é mudança constante,
Nenhum rio morre sozinho!
*
Mª João Brito de Sousa
Março - 2009
***