12
Jan09
SABE-SE LÁ...
Maria João Brito de Sousa
Não sabe se é soneto o que escreveu.
Não sabe e nem se importa. Está cansada.
Corre o tempo ao contrário da jornada
Do traço de caneta que era o seu.
Não sabe se é soneto ou se não é,
Não sabe do que os outros vão fazendo
Mas não sabendo nada, vai sabendo
Naufragar nas palavras tendo fé.
Vai-se lembrando ainda, vagamente,
De tudo o que deixou por entre a gente,
De tudo o que essa gente lhe pediu…
Vai-se lembrando enquanto se não esquece
Do muito que quis dar a quem merece
Enquanto vai lembrando o que não viu.