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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
11
Out15

UM SONETO PARA SÁ DE MIRANDA

Maria João Brito de Sousa

sa-de-miranda.jpg

 


I

O sol é grande: caem coa calma as aves,

Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.

Esta água que alto cai acordar-me-ia,

Do sono não, mas de cuidados graves.



Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,

Qual é tal coração que em vós confia?

Passam os tempos, vai dia trás dia,

Incertos muito mais que ao vento as naves.



Eu vira já aqui sombras, vira flores,

Vi tantas águas, vi tanta verdura,

As aves todas cantavam de amores.



Tudo é seco e mudo; e, de mistura,

Também mudando-me eu fiz doutras cores.

E tudo o mais renova: isto é sem cura!



Francisco Sá de Miranda - 1481/1558

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te.

 



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te...



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

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