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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
17
Nov17

A ARCA DE FERRO

Maria João Brito de Sousa

A ARCA.jpg

 

(Soneto em verso hendecassilábico e rima encadeada)



Fecharam-me um dia numa arca de espantos;

Roubaram-me, uns tantos, fortuna, alegria,

Quanto eu possuía de força e de encantos

Deixando-me os mantos com que me cobria,



Quando eu mal sabia da dor, dos quebrantos,

Dos sábios, dos santos, do frio que faria...

Alguma energia, contida entre prantos,

Me ergueu desses cantos que eu desconhecia



E, aos poucos, fui vendo que essa arca de ferro

Era um simples erro e... de erros, entendo!

Lá fui aprendendo com erro após erro...



Nessa arca me encerro mas, dela nascendo,

Ouve-se, em crescendo, um protesto, um berro

E os dentes que cerro, rangendo, rangendo...

 



 

Maria João Brito de Sousa – 17.11.2017 – 13.20h







 

03
Ago17

RUGA A RUGA

Maria João Brito de Sousa

 

velhice.jpg

 

 Eu reivindico as rugas! Ruga a ruga,

Fui conquistando ao tempo a Poesia,

Esta que agora gravo, inda que, em fuga,

Mais pareça criar desarmonia,



Porquanto, cruamente, a dor me aluga

Os sentidos em flor com que escrevia

E nem a melodia em mim madruga

Como há bem pouco tempo acontecia...



Foi, no entanto, delas que me veio

Cada verso daquel`s por que hoje anseio

E que não trocarei por coisa alguma;



Venham mais rugas porque as não receio!

De falsidades anda o mundo cheio

E, às minhas, conquistei-as uma a uma!





Maria João Brito de Sousa – 03.08.2017 - 11.35h

Dedicado à MEA e escrito após a leitura do seu lindíssimo soneto

“Não Deixem que me Vista de Saudade”.

 

Imagem retirada da Fábrica de Histórias

 

11
Nov16

SO(LAS)

Maria João Brito de Sousa

Botas de operário- Van Gogh.JPG

 (Soneto em decassílabo heróico)

 

 

Não sei se as tuas horas - minhas, nossas.... -
São suaves e sedosas, se, magoadas,
À dor de cada dia são roubadas,
Mas quero-te pedir, logo que possas,

 

A ti, que tantas vezes ris e troças
De horas que se te alongam como estradas,
Que acompanhes de perto outras passadas;
As das horas pesadas, curtas, grossas,

 

Das solas da velhice e, das pegadas,
Contar-me-ás depois: - Foram cardadas?
Passeiam sobre asfalto, ou calcam roças?

 

E quantas pedras soltas, quantas poças
De lodo e sofrimento são pisadas
Quando as horas se arrastam, de cansadas?

 

 

Maria João Brito de Sousa - 10.11.2016 - 17.19h

Tela de Vincent Van Gogh

11
Out15

UM SONETO PARA SÁ DE MIRANDA

Maria João Brito de Sousa

sa-de-miranda.jpg

 


I

O sol é grande: caem coa calma as aves,

Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.

Esta água que alto cai acordar-me-ia,

Do sono não, mas de cuidados graves.



Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,

Qual é tal coração que em vós confia?

Passam os tempos, vai dia trás dia,

Incertos muito mais que ao vento as naves.



Eu vira já aqui sombras, vira flores,

Vi tantas águas, vi tanta verdura,

As aves todas cantavam de amores.



Tudo é seco e mudo; e, de mistura,

Também mudando-me eu fiz doutras cores.

E tudo o mais renova: isto é sem cura!



Francisco Sá de Miranda - 1481/1558

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te.

 



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

II



Filha de um novo tempo, nada sabes

das minhas mil razões, da minha dor,

da força que me eleva, como as aves

esvoaçam nesse azul em derredor,



Mas se em tempo distamos, se mal cabes

nos versos que deixei quando o vigor

soprava, poderoso, sobre as traves

do corpo, que era o meu, no seu melhor



 Hoje coube-me ler-te e, num repente,

nasceu-me esta vontade de entender-te,

de ver-te, ainda vivo, inda presente...



Loucura minha, eu sei, pois, conhecer-te,

foi mero impulso que, embora premente,

soçobrou no momento em que ousei ler-te...



Maria João Brito de Sousa - 11.10.2015 - 14.21h

 

02
Jul10

LIÇÕES DE VIDA

Maria João Brito de Sousa

 

Em verdade vos digo que este mundo,

Tão cheio de armadilhas e traições,

No qual eu tantas vezes me confundo,

Me vai dando muitíssimas lições

 

E, se às vezes me zango, cá no fundo,

Aproveitando as tais contradições,

Vislumbro as soluções de que me inundo

E vou tirando as minhas conclusões…

 

Em verdade, portanto, vos repito

Que mesmo que o caminho me pareça

Demasiado agreste, assustador,

 

Eu não recuarei porque acredito

Que, até que esta vontade prevaleça,

Jamais o enfrentarei com vão temor…

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 01.07.2010 – 22.51h

12
Abr10

POETA, VIDA E OBRA

Maria João Brito de Sousa

 

Não separes a vida de um poeta

Do poeta que vive a sua vida

Pois todo o seu percurso se completa

Em sequência causal, sempre incontida.

 

Se entendes que é inútil, incorrecta,

O erro será teu. Ela é cumprida

Até ao fim da página secreta

Do livro dessa sua intensa lida.

 

Não separes os dois. Não os separes,

Se acaso te passar pela cabeça

Vir a julgar o quanto sente e exprime.

 

Poeta, vida e obra… se os julgares,

Repara que ele, sem medo, se confessa

Quando uma insana culpa, a ti, te oprime…

 

 

 

 

 

08
Abr10

OLHAR PARA TRÁS, SEGUINDO EM FRENTE

Maria João Brito de Sousa

 

Olhei-te e, nesse olhar que vem de dentro,

Descobri forças e fragilidades,

Amores, desilusões, cumplicidades,

Nas mil nuances desse humor cinzento…

 

É nesse teu olhar que agora enfrento,

Que eu, que não sei dizer senão verdades,

Descubro o intruso gérmen das saudades

Desabrochando em verbo e sofrimento.

 

Mas o tempo passou. Cristalizado,

Foi ficando p`ra trás esse passado

Quando lançada à terra outra semente

 

E quero lá saber que o resultado

Me possa até magoar! Maior pecado

Seria andar p`ra trás, olhando em frente.

 

 

 

 IMAGEM - MENINA LOROSAE, Maria João Brito de Sousa, 1999 (vendido)

04
Fev10

GRÃOS MUDOS SOB A MÓ

Maria João Brito de Sousa

Quem diria que a voz se te perdia,

Que os olhos se te haviam de fechar,

Que pudesses partir sem te acabar,

Antes que se findasse essa alegria?

 

Quem diria que a vida fecharia

Seu aro ao teu destino de sonhar,

Que a morte te haveria de levar

Sem avisar que assim te levaria?

 

Silêncio. Só depois aplaudirei

O que de ti conheço, o que não sei,

O que adivinho até. Silêncio só!

 

Mais tarde acabarei por entender.

Por ora só silêncio, esse roer

De grãos mudos chorando sob a mó…

 

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

19
Jan10

SÁBADO, DOMINGO E... TERÇA-FEIRA

Maria João Brito de Sousa

 

A EMANCIPAÇÃO DA NARRATIVA

 

 

Que estranhas provações eu já provei…

Um qualquer astro que se chegue a mim

Perguntará se já fui feita assim

Ou se acaso aprendi, me transformei…

 

Aquela que vos conta o que passei

Não é, como pensais, capaz de um “sim”

Sem ant` estrebuchar até ao fim

Nessas muralhas de aço que eu lhe dei…

 

Se um narrador diz “eu”, nem sempre o “eu”

Se refere, afinal, ao narrador…

Como vós bem sabeis, sempre assim foi!

 

Por isso Ela é, tão só, quem concebeu

A minha própria essência, esse valor

Que tanto nos faz rir como nos dói…

 

 O PAPEL PRINCIPAL

 

 

 

Amou desse amor louco, inexplicável,

Sem fundamento, sem sentido até…

Perdeu-se do seu rumo – a sua fé –,

Tornou-se muito pouco razoável.

 

Fez questão de partir sem ter chegado;

Fez questão de encontrar-se antes de si…

Estava nesse ir e vir quando eu o vi,

Correndo entre futuros… no passado.

 

O “Louco” dessa peça, era, porém,

Aquele que conseguisse ir mais além…

Fui primeira-figura e, sem notar,

 

Dei comigo no palco, travestida.

Assim cumpri milénios desta vida

Quando tinha o papel por decorar…

 

 

 

 

PRIMEIRO A VERDADE!

 

 

Às vezes… muitas vezes… tantas vezes!

Pareço bem pior do que o que sou…

Fico “bicho-de-conta” e não me dou,

Nem partilho alegrias e revezes…

 

Outras, porém, acendo-me em sorrisos!

Sou girassol aberto a quem passar

E desfaço-me em noites de luar,

Abstrusa, inexplicada, entre os concisos…

 

Por vezes torno-me ostra, outras… enfim…

Consigo-me afastar até de mim,

Não sei por onde vou nem se lá chego…

 

Umas vezes criança, outras já velha,

Umas habilidosa, outras “aselha”…

Mas – primeiro a verdade! – eu nunca o nego! 

 

 

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

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