Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
29
Mai13

SONETO A UMA QUALQUER LONGA VIAGEM

Maria João Brito de Sousa

 

(Em verso eneassilábico)

 

Tenho mãos, tenho pés, tenho braços

Que ergo rumo às fronteiras da vida,

Caminhando e negando os cansaços

Desta estrada de terra batida.

 

Passa o tempo e devolve-me aos traços

As memórias da estrada vencida

Na cadência sonora dos passos

Pelos becos que o são sem saída.

 

Tanto beco e ruela já vi,

Tanta estrada galguei, sem parar,

Que, hoje, posso afirmar ser aqui,

 

Sobre os longes que andei, que corri,

Que os meus passos me irão conquistar

Na batalha de  ser quem escolhi.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 09.05.2013– 17.22h

 

NOTA - Soneto reformulado a 01.09.2015

01
Out10

VELHOS DOCUMENTOS

Maria João Brito de Sousa

VELHOS DOCUMENTOS

(A um postal da Andrée Crabbé Rocha)

*

Pr`além das minhas horas de mortal,

Na esquina fronteiriça e clandestina

Do que vos pode parecer normal,

Encontro quem, sorrindo, se aproxima,

*

Quem, ao chamar por mim, me não quer mal

Mas, nunca o entendendo, então assina

Um velho documento ou um postal

Que me transporta aos tempos de menina

*

Então desato as minhas negras tranças

E, deslumbrada, deixo-me levar

Por todas as palavras ali escritas

*

Poeta de cantar canções tão mansas

Como o são as cantigas de embalar

Ora inaudíveis, ora já prescritas

*

 

Maria João Brito de Sousa - 01.10.2010

*

 

"C`est surtout sur les choses que l`on ne peut ni voir ni toucher qu`il est important de se tenir en garde contre les écarts de l`imagination"

 

CONFUCIUS

08
Mar09

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL

Maria João Brito de Sousa

Saiu da agência de viagens arrumando, na malinha a tiracolo, a papelada que escrevera nos intervalos dos telefonemas dos muitos turistas que pediam o apoio da sua “hostess” depois do check-in no hotel. Eram quatro e meia de uma tarde de Verão e as palavras do chefe do Foreign Department soavam-lhe, ainda, aos ouvidos:

- Maria João, gostaríamos de tê-la no nosso próximo Grupo da Getaway Adventures, desde Espanha, acompanhando o grupo desde lá.

Não respondera logo. Esboçara um sorrisinho “polite” e murmurara meia dúzia de palavras que não queriam dizer coisa nenhuma. Aquele momento seria supostamente especial. Era-o. Não da forma que seria para as suas colegas que viviam e trabalhavam de olhos postos na primeira viagem. Na inesquecível primeira viagem.

Para ela era muito diferente. A palavra fazia-lhe despontar raízes por dentro e por fora. Não era medo. Não era falta de ambição. Era uma ausência de medos e um desvio real das ambições… as dela ficavam-se mais por ali, pelas escadinhas da estação do Rossio onde os alfarrabistas de rua espalhavam os exemplares semi-novos e muito antigos onde, inevitavelmente, ficava a viajar durante horas. Colega que a acompanhasse

Acabava por desistir da companhia e rumar sozinha aos Porfírios enquanto ela, esquecida de horas e desoras, se eternizava nas escadinhas, entre páginas de velhos alfarrábios.

Tomava sempre como própria da sua pouca idade aquela excentricidade que tentava dissimular, quantas vezes da forma mais desastrada…

Deixou, em troca de dois exemplares de Nefrologia Clínica, uma boa parte do que ganhara no “transfer” do dia e rumou à estação de comboios, remoendo ainda as palavras do chefe. O raio da viagem estava-se-lhe a tornar incomodativa, colava-se-lhe às páginas do livro, consumia-lhe as letras num rodopio constante que lhe tirava o prazer da leitura… ou da interiorização das palavras que lia. Impedia-a, inclusive, de saborear as cores e os paladares das ideias que se lhe começavam a enredar nos vês, nos iis e nos gês das viagens. Fechou o livro enquanto evitava, com a habilidade de uma longa experiência, um encontrão no senhor que vinha em sentido contrário e que parecia mais interessado nas pedras da calçada do que ela na porcaria da primeira viagem.

Quase, quase a chegar à estação dos comboios perdeu o olhar no céu que escurecia. Parou por instantes e olhou os pombos sedentários que por ali debicavam invisíveis migalhas. Abriu a carteira, retomou o percurso num passo mais decidido e anotou na agenda… “Amanhã – avisar a Benilde de que se vá preparando para tomar o meu lugar na viagem”.

Guardou a agenda enquanto entrava no comboio, pronta para retomar a leitura sobre o diagnóstico precoce das nefropatias.

 

 

 

Recordado para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/ 

 

13
Fev09

FOI ASSIM...

Maria João Brito de Sousa

Cansada das viagens de além-mim

Em busca de ideais que eu mesma impus,

No rasto dessa estrada que conduz

Ao princípio ideal de cada fim,

 

Que encontrei esta flor nesse jardim.

Onde, lá mais ao fundo, há uma luz.

É quando a alma inteira se seduz

Que sabemos dizer que é mesmo assim.

 

Se voa a alma em direcção ao nada,

Descobre  que tudo isto era uma estrada.

(depois... não sei dizer, porque acordei...)

 

A estrada onde ela foi arquitectada...

Retomo a minha busca inalcançada

E sei que foi assim que me encontrei.

 

 

imagem retirada da internet

 

22
Out08

O PASSAR DAS CARAVANAS

Maria João Brito de Sousa

Surgiu-me esta leviana compulsão

De tudo perdoar...até a mim!

A mim, que tanto errei por ser assim

Tão escrava das algemas da razão...

 

E foi crescendo em mim esse perdão,

Como a flor vai crescendo no jardim...

Foi esse tal perdão, que não tem fim,

Quem engendrou a minha decisão:

 

Tranquei-me entre paredes de cristal,

De aonde nunca saio e tudo vejo

Sem nunca saber "como" ou sonhar "quando"...

 

Fiquei a "viajar" nesse local

Onde sonho, construo e me protejo,

Enquanto as caravanas vão passando...

 

 

Ao Vitor porque "nasceu" de uma frase que ele, ontem, utilizou num comentário deste blog.

 

Imagem retirada da internet

14
Out08

..FECHO A PORTA, ABRO A JANELA...

Maria João Brito de Sousa

A porta já fechou. Uma janela

Há-de abrir-se depois, de par em par,

Para quem não passou poder passar

À nova dimensão que se revela...

 

Mas quando a porta fecha, o corpo embate

E fica então dorido e mal tratado,

Que depois, à janela, debruçado,

Repara que a fuga era um disparate...

 

Sempre que a porta se abre, eu mesma a fecho.

Debruço-me à janela, apoio o queixo

Nas mãos e vou sorrindo para o céu.

 

A porta que se fecha é um convite

A viajar por dentro. E há quem hesite

Em conhecer, a fundo, o que é tão seu!

 

 

Ao João Chamiço

 

 

Imagem retirada da internet

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!