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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
31
Jan24

CONVERSANDO COM CUSTÓDIO MONTES

Maria João Brito de Sousa

SINFONIA SOL LUA COM REMENDO VERDE (1).jpeg

*

TENHO UMA AMIGA
*

Tenho uma amiga que vive em Oeiras

Escrevia, antes, sempre noite e dia

Não sei o que tem, estou sem alegria

É, entre as amigas, uma das cimeiras
*


Tenho outras, claro, também verdadeiras

Mas sem grande rasgo a escrever poesia

Outros predicados de categoria

Que muito me agradam, amigas inteiras
*


Mas esta de Oeiras é muito inspirada

Tem ao pé a musa com ela amestrada

Ambas muito ilustres, ambas de condão
*


Uma não tem nome, é essa que inspira

A outra, já digo, é a que gente admira

Tem um nome lindo: Maria João.
*

Custódio Montes
26.1.2024

***
TENHO UM AMIGO
*

Dos muitos amigos que por cá vou tendo,

Já só um me acode se penso em tecer

Uma bela C´roa que tanto prazer

Traz à minha vida quando a estou tecendo
*


Custódio se chama e nos montes vivendo

Montes traz no nome que lhe coube ter

E eu montanhas subo pra lhe responder;

Ele comigo aprende e eu com ele aprendo...
*


Mais amigos tenho que aqui não nomeio

Porque sendo tantos tenho algum receio

De algum me falhar e fazer má figura
*


Pois neste soneto com dedicatória

Não arrisco lapsos, desses que a memória

Nos impõe se a vida vai longa e foi dura...
*

 

Mª João Brito de Sousa

31.01.2024 - 20.15h
***

Sonetos hendecassilábicos

10
Ago23

PROVOCAÇÃO

Maria João Brito de Sousa

Provocação.png

AMOR E DOR

(Provocação):
*

O amor não tem dor que a dor se foi embora

Sentiu o calor que à volta encontrava

E fugiu a tempo que o tempo queimava

E com barulheira nada sedutora
*


Fugiu para longe com raiva motora

Enquanto o amor o seu amor amava

E o que era sonho real se tornava

Braços entrançados, beijos hora a hora
*


O céu enrubesce, campeia o fervor

No meio da dança da dança do amor

Com tanta alegria quando o amor chega
*


Nessa fantasia com entretimento

O amor não pára germina sedento

E com esse encanto nunca a dor lhe pega
*


Custódio Montes

21.6.2023
***


"E com esse encanto nunca a dor lhe pega"

A menos que cega esteja tanto, tanto

Talvez desse pranto louco a que se entrega

Dizendo que o nega, mentindo portanto
*


Quando diz que o canto é tudo o que alegra

A Musa que alega ser lúcido espanto

Sem dor nem quebranto já que nada a quebra

E jamais sossega sem um acalanto...
*


Que não falte o manto de negro retinto

Se de negro a pinto conforme ela gosta

Quando está disposta a sentir como eu sinto
*


E num labirinto transforma a proposta

Antes de transposta a demanda que finto

Porque - não vos minto! - lhe ignoro a resposta
*

 

II
*

Mas sei que sem Dor nunca Amor existiu

Tal como sem frio não existe calor

Nem existe cor onde houver um vazio

E nunca houve rio que outro rio bem maior
*


Não pudesse impor-lhe um profundo desvio

No seu desvario de a tudo transpor...

Quem estua suor sem dizer que buliu,

Quem fia o seu fio sem medir-lhe o valor?
*

 

E deixo um louvor para quem fantasia

O que aqui (re)cria com garra e paixão

Quase um turbilhão duma grata ousadia
*


Que andou noite e dia em contida tensão

Entre a contensão que a razão lhe pedia

E o que eu não diria da provocação...
*



Mª João Brito de Sousa

10.08.2023 - 16.40h
***


PS - Peço desculpa a TODOS os amigos mas estou ainda muito longe de poder visitar-vos ou mesmo responder-vos.

Limito-me a publicar este trabalho para mostrar que ainda estou viva e que tenho alguma esperança de um dia poder retomar as minhas publicações diárias.

Para todos, um grande abraço!

 

 

29
Mai23

MEMÓRIAS DE UM NÁUFRAGO PERFEITO- Reedição

Maria João Brito de Sousa

O NÁUFRAGO PERFEITO (1).jpeg

MEMÓRIAS
DE
UM NÁUFRAGO PERFEITO
*

 

Do vento que sopra, da proa que afunda,

Do mastro partido, do leme encravado,

Dos longos gemidos do velho costado,

Da barca que oscila, bojuda, rotunda,
*

 

Na crista da onda, no mar em que abunda

Escolho traiçoeiro que espreita, aguçado,

Escondido na espuma, submerso, acoitado

Em zona que a Barca julgava profunda...
*

 

De tudo me lembro, se bem que já esteja,

No tempo passado, submerso também

E seja esta imagem longínqua o que eu veja
*

 

Da Barca que afunda nos sonhos de alguém

Apenas a sombra que passa e festeja

Não ser verdadeira, nem ser de ninguém!
*

 

 

Maria João Brito de Sousa

11.01.2017 - 10.52h
***

Avô na casa de Algés.gif

 

Ao meu avô poeta, António de Sousa

*

(Soneto em verso hendecassilábico)

29
Mar23

DA ARTE DE BEM CAVALGAR UM SONETO

Maria João Brito de Sousa

Da arte de bem cavalgar o soneto.jpg

DA ARTE DE BEM GAVALGAR UM SONETO
*


A arte de bem cavalgar um soneto

Pede, antes de tudo, um ouvido apurado,

A extrema leveza de um vôo de insecto

E um pouco da garra de um bicho indomado...
*


Começa o galope, de início inconcreto,

Depois, em crescendo, mais bem concentrado

No espaço e no tempo. Seria incorrecto

Dizer que o soneto correu tresloucado
*


Até ao final do segundo terceto,

Pois já no primeiro está determinado

A seguir um rumo certeiro e directo
*


Para, finalmente, parar já cansado...

Em linhas gerais, se aceitares este repto,

São estas as "regras" do repto lançado!
*

 

Mª João Brito de Sousa

29.03.2023 - 22.15h
***

04
Mar23

SONETO DO DESAMOR POSSÍVEL II

Maria João Brito de Sousa

Eu, Hotel dos Templários - 1972 (2).jpg

SONETO DO DESAMOR POSSÍVEL II
*


Galguei altas vagas, sondei-te as entranhas,

E entrei no teu templo. Não me ajoelhei.

Se não mais me queres, se assim me desdenhas,

Também eu te juro que te esquecerei
*


Cavaste os abismos e criaste as montanhas

Para que eu subisse. Nunca eu subirei

Tão altas encostas de escarpadas penhas,

Nem aos teus abismos jamais descerei!
*


Se sou tão só sombra de ruínas e escombros,

Não sentes o peso que trago nos ombros

E julgas ser pouco o que ergui para ti,
*


Verás que também tu estarás, pouco a pouco,

A desvanecer-te até que sobre o oco

Daquilo que foste... Ou daquilo em que eu cri?
*

 

Mª João Brito de Sousa

04.03.2023 - 12.40h
***

 

28
Out22

NA ENXURRADA

Maria João Brito de Sousa

23800107_1760561130635160_2124467080509654599_o.jpgico

NA ENXURRADA
*


Nas veias do tempo, correm vida e morte,

Ambas em desnorte e ao sabor do vento

E ouve-se um lamento, ora suave, ora forte,

Conforme o recorte do seu sofrimento...
*


Arde em fogo lento sem que alguém se importe

Esse que anda à sorte por não ter sustento

E eu que o não fomento, nem lhe sou consorte,

Dar-lhe-ei suporte? Não posso, mas tento
*


Já que me apresento pra representá-lo

Porque de si falo tendo eu quase nada

E se, despojada, não posso ajudá-lo
*


Posso bem escutá-lo e senti-lo, magoada...

Vou na enxurrada, não posso evitá-lo,

Mas porque o não calo, não morro culpada.
*


Mª João Brito de Sousa

28.10.2022 - 10.00h
***

28
Jul22

SONETO TARDIO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

SONETO TARDIO

 

*

Mergulhei no sonho das alegorias

Já que de energias e sons me componho,

E o tempo é risonho se der garantias

De enfrentar fobias sem medo ao medonho.

*

 

Hoje pressuponho que, ao longo dos dias,

De conchas vazias, apenas, disponho...

Que mais me proponho quando, horas tardias,

Em vez de harmonias, encontro bisonho

*

 

Um tempo a que oponho sons e melodias?

Sim, houve avarias, mas não me envergonho

Das coisas que sonho. Se roubas fatias

*

 

Dessas fantasias de mel e medronho,

Depressa reponho quantas me desvias

Que entre as sombras frias me adentro e me exponho.

*

 

 

Maria João Brito de Sousa – 21.05.2019 – 21.16h

 

soneto tardio (1).jpg

01
Jul22

QUEM ISTO EM SI SENTE

Maria João Brito de Sousa

- oEIRAS, eVENTO NAS PALMEIRAS, POESIA, 2021 (1).jpg

QUEM ISTO EM SI SENTE
*

 

Nós que cultuamos as sonoridades

E expomos verdades nos versos que ousamos,

Que nos desnudamos de culpa e vaidades

Derrubando as grades contra as quais chocamos,
*

 

Nós que aqui nos damos em espanto e vontades

Nas cumplicidades de quanto sonhamos,

Saudáveis, insanos, com ou sem saudades,

Nos campos, cidades ou onde estejamos,
*

 

Nós, os que criamos compulsivamente

Roçando a tangente dos limites nossos

Com nervos e ossos que, subitamente,
*

 

Crescem qual semente e nos tornam colossos

Que em vez de destroços voltam a ser gente...

Quem isto em si sente, pode quanto eu posso!
*

 

Mª João Brito de Sousa

01.07.2022 - 14.30h
***

Aos poetas em geral e aos sonetistas, em particular.

30
Jun22

ABRAM ALAS!

Maria João Brito de Sousa

abram alas (1).jpg

ABRAM ALAS!
*

 


"De gestos sem graça ou de traços grosseiros"

Não quero, garanto, ser perpetradora

E tão pouco quero versos embusteiros

Que apenas galopem à força de espora
*

 


Desdenho os encómios que são traiçoeiros,

Qual gato escondido c`o rabo de fora

Mas cultivo os cactos, embora em canteiros,

Que comigo trouxe das matas de outrora...
*

 


Se glórias não quero prás C´roas que teço,

É certo que gosto que as leiam, confesso,

Embora sozinha nem tente engendrá-las
*

 


Mas se acaso entendo virar do avesso

Poema que eu queira findar no começo,

Ao génio da Musa recorro: Abram alas!
*

 


Mª João Brito de Sousa

30.06.2022 - 13.00h
***


Poema concebido a partir do último verso do soneto NÃO QUERO, de MEA (Maria Encarnação Alexandre) 

30
Mai22

CRONOLOGIA

Maria João Brito de Sousa

chronology (1).jpg

CRONOLOGIA
*

 

"Sem lugar seguro ou presença de abraço"

Morre enfim o laço que enlaça o futuro

Ao bater num muro que se ergue no espaço,

No final de um traço tão curto quão duro
*

 


Sempre assim foi, juro!, e se me embaraço

No caminho lasso de um percurso obscuro,

É porque procuro saber por que o faço,

Por que, passo a passo, mais me ergo e me curo
*

 


Quando tanto aturo para andar por cá...

Mas se ao deus-dará espalho os meus "tesouros"

Por cristãos ou mouros servidores de Alá,
*

 


Quer vá, quer não vá ouvir desaforos,

Só lhes deixo esporos. São tudo o que dá

Este meu chão já despojado de toros...
*

 

 

Mª João Brito de Sousa

29.05.2022 - 13.40h
***

 

Soneto criado a partir do último verso do soneto FOLHA DE TEMPO de MEA

23
Mai22

NUNCA DESENCANTES UM SAPO! Reedição

Maria João Brito de Sousa

 

não beijes o sapo.jpg

NUNCA DESENCANTES UM SAPO!
*


Quebra-se a magia do beijo assombrado

Que magicamente faz, do sapo, humano...

Quanta angústia emerge, quanto desengano

Pra quem fora um simples sapo descuidado!
*

 

Vá lá! Nunca beijes um sapo encantado!

Lembra-te que podes causar-lhe tal dano

Que o pobre batráquio, de bichito ufano,

Passe a ser humano. Coitado, coitado!
*

 

Pobre desse sapo que estando inocente

De culpa, de intriga, de ódio e de traição,

Se torna consciente das falhas que tem
*

 

Quando, por um beijo, se transforma em gente

E perde inocência. Que desilusão...

Tu, quando o beijaste, sabia-lo bem!
*

 

Maria João Brito de Sousa

19.06.2008 - 08.53h

***

 

Reformulado

01
Out21

O REPICAR DOS SINOS

Maria João Brito de Sousa

Picasso.jpg

O REPICAR DOS SINOS
*


Às vezes, ao longe, nos dias mais claros,

Oiço esses teus sinos celebrando a vida,

Noutros, o silêncio dos dias avaros

Impõe-se à toada quase emudecida.
*


Se um corpo atingido por estranhos disparos

Se curva dorido e lambe a sua f`rida,

Geme castigado, teme os desamparos,

Já nem escuta os sinos, procura é guarida...
*


Assim acontece com musas, também;

Quando estão magoadas não ouvem ninguém,

Fecham-se em si próprias até, sei lá quando,
*


Com harpas, com flautas ou com violinos,

Correrem pra nós. Repicam os sinos

Que abafam as mágoas que nos vão sobrando!
*

 

Maria João Brito de Sousa - 20.09.2021 - 17.00h

*

Trabalho inspirado no soneto, também em verso hendecassilábico, "Tocarei os Sinos" da autoria de MEA

*

Imagem - Tela de Pablo Picasso

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