GLOSANDO VASCO DE CASTRO LIMA
COLHEITA
Surge o coro dos pássaros cantores
na catedral pagã da mataria.
O milho ruivo e os pomos tentadores
cobrem a terra pródiga e sadia.
É o tempo da colheita. Os segadores
remoçam, cantam, choram de alegria.
Como prêmio ao suor dos lavradores,
não vai faltar o pão de cada dia.
Garças esbeltas, de alva formosura,
passeiam pelo campo aquela alvura
que põe, no verde, branquidões bizarras.
E o coqueiro se curva, satisfeito,
porque ainda vibra, dentro do seu peito,
o zunido estridente das cigarras...
Vasco de Castro Lima
In osecularsoneto.blogspot.pt
COLHEITAS,,,
"Surge o coro dos pássaros cantores"
E eu páro de cantar, que é já cumprida
A função de aliar-me aos produtores
Das mais belas colheitas desta vida.
"O tempo é de colheita. Os segadores"
Empunham, com mão forte e decidida,
As foices e, esquecendo algumas dores,
Empenham corpo e alma na corrida.
"Garças esbeltas de alva formosura"
Vão-nos sobrevoando a grande altura,
Um mesmo sol dourado os abençoa
"E o coqueiro se curva, satisfeito,"
Completando um cenário tão perfeito
Que nos lembra uma tela de Malhoa...
Maria João Brito de Sousa - 30.03.2017 - 12.39h