Maria João Brito de Sousa
El` que, ali, tanto se dava
Lá ficou sem perceber
Do que essa gente falava;
De trabalho e de dever?
Afinal, quem é que estava
A “desafinar” sem qu`rer?
Ele, ao ser feliz, mostrava
Que “dar” significa “ter”…
Melhor seria calar-se,
Fazer de concha e fechar-se
Sobre essa sua riqueza!
Afinal, isto de dar-se
Pode, por vezes, mostrar-se…
Quem sabe?… indelicadeza?
Maria João Brito de Sousa
publicado às 10:58
Maria João Brito de Sousa
Cumpro-me em todas as cores
De um especto lunar difuso
Fazendo surgir valores
De mil coisas que nem uso,
Cumpro-me em todas as flores!
Se isto vos parece abuso,
Juro perder-me de amores
Pelos amor`s que recuso...
Cumpro-me quando acredito
E também quando duvido
De ser palpável, real…
Cumpro-me até quando admito
Já não ser quem tenho sido…
Cumpro-me sempre, afinal!
Maria João Brito de Sousa 26.11.2919 - 12.06h
publicado às 12:06
Maria João Brito de Sousa
Encontro as rimas dispersas
No lençol feito de linho,
Que foi bordado a conversas
Sobre esta cama de pinho
E nas horas mais adversas,
Abraço o lençol limpinho
- que lavo todas as terças –
Para sentir-lhe o cheirinho…
Se a minha casa não for
Uma casa portuguesa
Como a da antiga canção,
Tem, pelo menos, amor
E só não tem pão na mesa
Porque o traz no coração!
Maria João Brito de Sousa – 24.11.2010 – 21.57h
publicado às 10:57
Maria João Brito de Sousa
O meu fado não tem fado,
Nem tem cama onde dormir;
Só o escuta quem, calado,
O procure e o saiba ouvir…
Se, às vezes, soar magoado,
Se vos parecer pedir,
É, na verdade, culpado
De quanto faça sentir…
O meu fado é solitário;
Se abraçasse uma guitarra,
Seria pr`a desmentir-se
Dizendo tudo ao contrário,
Cortando a última amarra,
Pr`a, no fim, poder sumir-se…
Maria João Brito de Sousa
IMAGEM - "O Fado", Paula Rego
publicado às 14:57
Maria João Brito de Sousa
Mordo todos os anzóis!
Em todos, não falho um só!
Se fico presa depois?
Pode ser, se tiver “dó”…
Venha mais um! Venham dois
Prender-me sob uma mó!
Caio em todos! [os heróis
mordem, por vezes, o pó…]
Tocam-me num “ponto fraco”
E dá-se a estranha alquimia
Da minha condenação,
Outras vezes, qual macaco,
Mantenho a cabeça fria
E… não cedo à comoção!
Maria João – 12.11.2010 – 19.39h
NOTA - O soneto de ontem à tarde, por qualquer falha técnica que não consigo identificar, não está na pen. Recorri a este sonetilho que já tem
quatro dias e que ainda não tinha sido publicado.
publicado às 15:35
Maria João Brito de Sousa
Inda se fosse um leão,
Uma cobra, um elefante...
Mas um "monstro" esvoaçante
Com perna longa e ferrão?!
Assustada, exclamo:- Não!
E, em menos de um instante,
Salto da mesa. Ofegante,
Dispara-me o coração,
Quase quer fugir do peito!
Não sei bem se isto é defeito
Ou se, afinal, é feitio
Mas, quando avisto um mosquito,
Podem crer que eu salto, grito
E anda tudo em corrupio!
Maria João Brito de Sousa
publicado às 15:17