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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
16
Mar10

ESTRANHA SOBREVIVÊNCIA

Maria João Brito de Sousa

Impôs-se-me uma lágrima e chorei...

Chorei como quem chora a própria vida!

A lágrima era o ponto de partida

Desse poeta em mim que então soltei...

 

Mais lágrimas rolaram... mais de mil,

Seguidas por mais mil que não paravam.

Fui lágrimas de mim que em mim rolavam

Até redesenhar o meu perfil...

 

Depois nasceu a vida aberta em flor

Onde antes eram lágrimas de dor

E este poeta em mim sobreviveu...

 

Ah! Como é louco e estranho o meu destino!

Sobreviver à morte de um menino

E alcançar, depois, o próprio céu!

14
Mar08

O CORPO POR UMA JANGADA

Maria João Brito de Sousa

 

Eu vivo neste corpo de Jangada;

Perdi-me, fui ao Céu, depois voltei

E choro ainda quem por lá deixei

No seio duma luz imaculada...

.

Chora, Jangada chora os impossíveis!

O menino da luz não volta, não...

Desceu à terra dentro de um caixão

E mora agora entre os não visíveis...

.

Chora, Jangada, chora o teu mar-alto!

O teu vulcão de lava há-de apagar-se

E tu hás-de rumar, de novo, à luz

.

Onde antes te afundaste em sobressalto

E, um dia, um mesmo sol virá deitar-se

Num chão onde se ergueu tão dura cruz...

 

Maria João Brito de Sousa - 14.03.2008 - 20.24h

.

(Ao chegar do hospital, no supermercado, às 20.00h)

10
Fev08

A MAIS-VALIA

Maria João Brito de Sousa

A MAIS-VALIA

*

Abriu-se-me uma f´rida pequenina

Que tal como as palavras foi crescendo,

Tomou conta de mim, foi-me doendo,

Fez-me sentir, de novo, uma menina.

 

Depois melhorará! É esta a sina

Da vida que por cá sigo vivendo

E será sempre assim, eu compreendo,

Até que chegue a hora da vindima.

 

Rasga-se a cicatriz na carne-viva,

O menino do céu chega-se a mim,

Retorna-me essa imensa nostalgia

 

E, enquanto essa dor me traz cativa,

Escrevo estes meus poemas que, no fim,

São, de tudo o que faço, a mais-valia.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

-

 

10.02.08 - 01.35h

 

-

 

 

 

 

 

10
Fev08

UM MAR CÁ DENTRO...

Maria João Brito de Sousa

UM MAR CÁ DENTRO

 

 

Sabe-me a boca a sal. O meu menino

Há tanto que partiu e mesmo agora

Existe, em mim, um mar que quando chora

Se veste inteiro de um azul divino.

 

 

Nunca mais voltará, o pequenino,

Foi para o céu azul onde hoje mora

E nunca saberei qual é a hora

De poder partilhar o seu destino.

 

 

Sabe-me a boca a sal. Talvez do mar...

Talvez, cá dentro, o sangue tenha sal,

Por isso a minha boca está salgada

 

 

E chora, cá por dentro, e quer calar,

Mas tanto mar cá dentro faz-me mal,

Sabe-me a boca ao sal, de estar calada.

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa 10.02.2008

 

 

10.02.08 - 01.00h

-

 

 

 

04
Fev08

QUIMERA

Maria João Brito de Sousa

LA FEMME QUI PEIGNE.jpg

 
 QUIMERA
*
 
 
Trouxe-te a noite em asas de poema,
 
Levou-te uma manhã sem coração:
 
Foi-te a vida fugaz como ilusão
 
Mas deixou-me a saudade imensa, eterna...
*
 
 
Se tudo o que vivemos vale a pena
 
Teria o teu percurso sido vão?
 
Meu menino, eu sei lá por que razão
 
Te concederam vida tão pequena!
*
 
 
Mas se, apesar de tudo, ainda vives
 
Se a alma pequenina que tu és
 
Ganhou as asas de anjo que sonhei
 
*
 
 
Então existo menos do que existes:
 
Sou barro em que repousam os teus pés
 
Velando uma quimera que engendrei.
 
 
 
 
 Maria João Brito de Sousa 
 
04.02.2008 - 03.30h
*
01
Fev08

MESMO QUE O MEU MENINO PARTA EM MAIO

Maria João Brito de Sousa

 

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MESMO QUE O MEU MENINO PARTA EM MAIO

 

 

Sou a perfeita esposa do Senhor;

Lavo e teço os poemas das manhãs,

Amasso em pão-de-deus a minha dor,

Encho os silos de trigo e de maçãs,

*

 

 Pinto a cor da fartura nas auroras

E derramo a alegria de ser eu

Quando me deito, à noite, fora de horas,

Em lençóis onde a lua adormeceu.

*

 

Sou casta, sou serena e sendo velha

(quantos milénios nesta minha vida!?)

Há uma luz em mim, como se um raio

*

 

 Me tivesse enviado uma centelha

Que me legasse a graça de uma ermida,

Mesmo que o meu menino parta em Maio...

*

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 01.02.2008 - 12.08h

24
Jan08

ADEUS, MAMÃ!

Maria João Brito de Sousa

 

ADEUS, MAMÃ!

*

 

Afogo o meu soluço em parte alguma

Se recordo o menino que gerei

E logo tudo aquilo que não sei

Se dissolve no ar desfeito em espuma.

*

 

Num vão peculiar do meu sentir,

Arrumada a miragem, com carinho,

Lá deixo o meu menino deitadinho,

No mais fundo de mim irá dormir.

*

 

Agora é o poema quem, comigo,

Passeia de mãos dadas, vai à rua,

Dorme na minha cama e, de manhã,

*

 

 Me acorda pr`a que vá brincar consigo...

Depois, mal chegue a noite e veja a lua,

É quem me vem dizer: - Adeus, mamã!

*

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 24.01.2008 - 22.36h

 

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