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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
18
Dez23

SAUDADE II

Maria João Brito de Sousa

paisagem pinterest (1).jpg

Paisagem Pinterest

*

 

SAUDADE II
*


Que é de ti, Musa? Aonde vais... aonde?

Já não consigo ver-te, nem ouvir-te

E, não te vendo, como irei pedir-te

Que encantes as palavras que hoje eu monde
*


Enquanto se confundem numa fronde

Que te oculta de mim para remir-te

Desta saudade com que ousei cobrir-te

E tão mais cresce quanto mais te esconde?
*


Se algumas encontrar por mero acaso

Enquanto sondo o espaço das memórias,

Hei-de plantá-las no mais belo vaso
*


E adubá-las-ei de espanto e glórias

Sob a magia deste rubro ocaso

Em que eternizo as coisas transitórias.
*

 

 

Mª João Brito de Sousa

17.12.2023 - 23.30h
***

 

 

 

08
Set23

GLOSANDO VITOR CASTANHEIRA

Maria João Brito de Sousa

desalento.jpg

QUE DESALENTO…

(DURA REALIDADE)
*

 

Em ruelas estreitas vão caindo:

Casas muito velhinhas sem ninguém

Como o tempo as matou, tudo fugindo

Veem-se uns velhos sós aqui e além
*


Nessas casas de pedra sem telhado

As portas e janelas já sumiram

Também já pouco resta do sobrado

Hoje apenas recordo os que me abriram
*


Com um sorriso a porta sem receio

Of’recendo bom queijo e pão centeio

Mostrando a mais humilde das ternuras
*


Com cuidado subi desfeita escada

As silvas a tornaram enfeitada

Onde subiram tantas almas puras.
*


ARIEH NATSAC

(Vitor Castanheira)

***

SORTILÉGIO
*


"Onde subiram tantas almas puras"

Voltarão a subir, se puras forem,

Outras almas forjadas nas agruras,

Caso as lembranças nelas se demorem
*


E se o dia chegar em que as lonjuras

Dos anos que passaram as devorem,

Sobrarão as memórias que descuras

Pra consolar as almas qu`inda chorem...
*


Brotarão novas plantas das ranhuras

Pra que as velhas escadas se decorem

De aromas e de seiva e de verduras
*


Que, na renovação, se comemorem

Com chaves a rodar em fechaduras

Surgidas do que as musas nos implorem.
*

 

Mª João Brito de Sousa

08.09.2023 - 00.30h
***

30
Ago23

OS MERCADORES DE ILUSÕES - Reedição

Maria João Brito de Sousa

Mercadores de Ilusões, H. Bosch.jpg

OS MERCADORES DE ILUSÕES
*


Trazemos sedas, linhos, algodões

Pr`aconchegar melhor quem sinta frio,

E espaço e sonhos nas embarcações

Que dentro em pouco irão fazer-se ao rio
*

Rumo ao país das grandes tentações

Que em vós despontam quando finda o Estio

E, quando não encontram soluções,

Vos matam de tristeza ou de fastio...
*


É pegar ou largar! Nas barcas cabem

O medo e as frustrações dos que não sabem

O que é um sonho, ou como construí-lo:
*

Apressai-vos que a hora é de partida,

Não percais tempo nem na despedida,

Que os instantes, aqui, pagam-se ao quilo!
*

 

Maria João Brito de Sousa

30.08.2018 – 12.44h
***

Tela de Hierorymus Bosch

*

 

Para quem possa estar interessado, hoje há desgarrada

de quadras populares no  José da Xã

21
Ago23

NÓS, POETAS

Maria João Brito de Sousa

nós poetas 2 (1).jpg

NÓS, POETAS
*


Aos falsos magos, aos falsos profetas

E ao servidor do abjecto deus dinheiro

Não daremos ouvidos! Nós, poetas,

Seguimos outro rumo, outro roteiro
*


Podemos ser brejeiros ou ascetas,

Um ser gregário e, outro, caminheiro,

Nenhum de nós, porém, persegue as metas

De quem quer subjugar o mundo inteiro
*


Se, dentre nós, algum morde esse anzol,

Poeta não será, tenho a certeza!

Poeta de verdade é como o Sol
*


Pode manchá-lo, um dia, uma incerteza,

Mas logo voltará como um farol

A dar-se inteiro à Terra, à Natureza!
***


Mª João Brito de Sousa

21.08.2023 - 13.00h
***

16
Ago23

ESPADA DE POETA III

Maria João Brito de Sousa

ESPADA DE POETA (1).jpeg

ESPADA DE POETA III
*

 

Desmonta a máquina infernal do medo,

Constrói um escudo contra os teus temores

Que mesmo sendo tarde é sempre cedo

Pra deter esta máquina de horrores
*


Abre os olhos, desvenda o seu segredo,

Descobre os mais pequenos pormenores

Da trama em que se tece este degredo

Que não há dor pior do que estas dores!
*


Mas se o corpo dorido to recusa,

Passa o teu testemunho à tua Musa

Que fará da palavra o instrumento
*


Com que irás combater o medo insano...

Poeta, se o combate é desumano,

Que seja a tua espada o teu talento!
*

 

Mª João Brito de Sousa

15.08.2023 - 16.40h
***

 

12
Ago23

SEM RETORNO

Maria João Brito de Sousa

sem retorno ii (1).jpg

SEM RETORNO
*

 

Cheguei ao mar nesta casca de noz,

A improvisada barca dos meus sonhos

Que para trás deixava a própria foz

E também os meus medos mais medonhos
*


Não haverá retorno para nós

E os dias, quer alegres, quer tristonhos,

Serão, de hoje em diante, dias sós,

Longos, intermináveis e bisonhos
*


Mas que me importa, se me fiz ao Mar,

O tempo que levei pra cá chegar

E o esforço imenso por mim despendido
*


Até que a noz passasse pela Barra

E eu gritasse ao mundo: - Quem me agarra?

Ninguém! Já ninguém muda o meu sentido!
*

 


Mª João Brito de Sousa

11.08.2023 - 16.00h
***

10
Ago23

PROVOCAÇÃO

Maria João Brito de Sousa

Provocação.png

AMOR E DOR

(Provocação):
*

O amor não tem dor que a dor se foi embora

Sentiu o calor que à volta encontrava

E fugiu a tempo que o tempo queimava

E com barulheira nada sedutora
*


Fugiu para longe com raiva motora

Enquanto o amor o seu amor amava

E o que era sonho real se tornava

Braços entrançados, beijos hora a hora
*


O céu enrubesce, campeia o fervor

No meio da dança da dança do amor

Com tanta alegria quando o amor chega
*


Nessa fantasia com entretimento

O amor não pára germina sedento

E com esse encanto nunca a dor lhe pega
*


Custódio Montes

21.6.2023
***


"E com esse encanto nunca a dor lhe pega"

A menos que cega esteja tanto, tanto

Talvez desse pranto louco a que se entrega

Dizendo que o nega, mentindo portanto
*


Quando diz que o canto é tudo o que alegra

A Musa que alega ser lúcido espanto

Sem dor nem quebranto já que nada a quebra

E jamais sossega sem um acalanto...
*


Que não falte o manto de negro retinto

Se de negro a pinto conforme ela gosta

Quando está disposta a sentir como eu sinto
*


E num labirinto transforma a proposta

Antes de transposta a demanda que finto

Porque - não vos minto! - lhe ignoro a resposta
*

 

II
*

Mas sei que sem Dor nunca Amor existiu

Tal como sem frio não existe calor

Nem existe cor onde houver um vazio

E nunca houve rio que outro rio bem maior
*


Não pudesse impor-lhe um profundo desvio

No seu desvario de a tudo transpor...

Quem estua suor sem dizer que buliu,

Quem fia o seu fio sem medir-lhe o valor?
*

 

E deixo um louvor para quem fantasia

O que aqui (re)cria com garra e paixão

Quase um turbilhão duma grata ousadia
*


Que andou noite e dia em contida tensão

Entre a contensão que a razão lhe pedia

E o que eu não diria da provocação...
*



Mª João Brito de Sousa

10.08.2023 - 16.40h
***


PS - Peço desculpa a TODOS os amigos mas estou ainda muito longe de poder visitar-vos ou mesmo responder-vos.

Limito-me a publicar este trabalho para mostrar que ainda estou viva e que tenho alguma esperança de um dia poder retomar as minhas publicações diárias.

Para todos, um grande abraço!

 

 

18
Jun23

NÃO ME PEÇAS PRA SER QUEM NÃO SOU

Maria João Brito de Sousa

não me peças par ser quem não sou (1).jpeg

"O Triunfo da Revolução", Diego Rivera

 


NÃO ME PEÇAS

PRA SER QUEM NÃO SOU
*


Não me peças pra ser quem não sou,

Nem me colhas, de ramo enxertado,

Um só fruto dos frutos que dou

Sem que esteja polpudo e dourado
*


Tão maduro do sol que o dourou

Que se of`reça aos teus lábios, ousado,

Sem pôr culpas na mão que o cortou,

Nem remorsos por tê-la tentado!
*


Não me fales de medo! Não cedo

A caprichos e sedes tão poucas!

De outra sede fecunda procedo
*


E se as sedes que trazes são loucas,

Também esta que cresce sem medo

Expressa a sede de muitas mais bocas.
*

 

Maria João Brito de Sousa


23.04.2016 - 22.09h
*


Soneto em verso eneassilábico
***

24
Mai23

DÚBIAS TEORIAS

Maria João Brito de Sousa

bailarina Degas (1).jpg

Pormenor de tela de Edgar Degas

*

DÚBIAS TEORIAS
*


Pouco se sabe sobre o bom soneto

Que, como um ovo, perfeito se fecha

E que eu encaro como um amuleto

Que me enfeitiça e que não mais me deixa
*


Mesmo sendo pequeno e até discreto

Tem o suave mistério de uma gueixa:

Dizem, alguns, que está velho, obsoleto,

Mas ele ainda (en)canta e não se queixa!
*


Não chora, este soneto, antes se ri

E dança, e canta e faz acrobacias

Sobre os catorze versos que escrevi
*


Heroicamente alheio às tropelias

Das críticas erguidas contra si

Por muitas mais que dúbias teorias.
*

 

Mª João Brito de Sousa

23.05.2023 - 13.30h
***

19
Mai23

PASSAR AO LADO - Reedição

Maria João Brito de Sousa

passar ao lado.jpg

“PASSAR AO LADO”
*


E quando mal dormimos porque a dor

Teimou a noite inteira, acrescentou-se

E conseguindo levar a melhor

Deixou dentro de nós a dor que trouxe,
*

 


Não há espaço pra sonho, ou chão pra flor:

Já não há espanto. Nada é pêra-doce

E tudo, analisado ao pormenor,

Parece um pesadelo. Antes o fosse!
*

 


Mas pesa-me este longo desabafo:

Não tendo a fina lira que tem Safo,

Nem as paixões soberbas de Florbela
*


Poeta em carne viva e já tardia,

Subtraio à raiva uns palmos de ironia,

Passo-lhe ao lado e... já nem dou por ela!
*

 


Maria João Brito de Sousa

19.05.2018 – 09.08h
***

19
Abr23

CAOS (COM)SENTIDO

Maria João Brito de Sousa

Baptizado da boneca, na casa de algés.jpg

CAOS (COM)SENTIDO
*


Dentro de mim vivem ainda os sábios

Da minha infância agora tão distante

E os mil e não sei quantos alfarrábios

Que se perfilam numa imensa estante
*


Encimada por velhos astrolábios,

Um busto de Petrarca, outro de Dante

E uma africana sem olhos nem lábios

A amamentar um mal esboçado infante
*

 

Povoa-me este caos, um caos amigo

Que mais ninguém irá testemunhar

E que abrigo no corpo em que me abrigo
*


Tudo fazendo para achar lugar

Para qualquer recém-lembrado artigo

Que me tenha esquecido de guardar.
*

 

Mª João Brito de Sousa

19.04.2023 - 20.50h
***

16
Abr23

PELO SEU PRÓPRIO PÉ - Reedição

Maria João Brito de Sousa

cotovia voando.jpg

PELO SEU PRÓPRIO PÉ
*

 

Ouvi, há pouco, o canto insinuante

De um pedaço de verso, um verso alheio

Que ficou a rondar-me e, neste instante,

Ecoa cá por dentro qual gorjeio
*


De ave que em mim pousasse e que, hesitante,

Em seguida mostrasse algum receio...

Não resisti. Segui-lhe o rasto errante

Quando partiu cantando. Que outro meio
*


Teria eu de ouvi-lo novamente

Se é livre cada pássaro que a gente

Sente pousar em nós, quando acontece
*


Ler-se ou ouvir-se um verso irreverente

Que canta e soa tão divinamente

Que tudo o mais ofusca e empobrece?
*


Maria João Brito de Sousa

09.04.20-20 – 10.30h
***

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