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Nov16
SO(LAS)
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
Não sei se as tuas horas - minhas, nossas.... -
São suaves e sedosas, se, magoadas,
À dor de cada dia são roubadas,
Mas quero-te pedir, logo que possas,
A ti, que tantas vezes ris e troças
De horas que se te alongam como estradas,
Que acompanhes de perto outras passadas;
As das horas pesadas, curtas, grossas,
Das solas da velhice e, das pegadas,
Contar-me-ás depois: - Foram cardadas?
Passeiam sobre asfalto, ou calcam roças?
E quantas pedras soltas, quantas poças
De lodo e sofrimento são pisadas
Quando as horas se arrastam, de cansadas?
Maria João Brito de Sousa - 10.11.2016 - 17.19h
Tela de Vincent Van Gogh