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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
04
Mai10

BEIJO, BENDITO BEIJO!

Maria João Brito de Sousa

Beijo,

Bendito beijo em que renasci

Na floresta encantada onde me perdi,

Pequeno beijo engendrado

Entre inocência e pecado

Nos ramos do meu sentir…

 

Beijo,

Imprevisto beijo a que me prendi

Na floresta privada à espera de ti,

Inútil beijo esboçado

Num começo inacabado

Em que acabei por sorrir…

 

Beijo,

Insensato beijo em que eu antevi

Esse mundo inventado que percorri,

Beijo tal qual águas puras,

Carícias são diabruras

A que não sei resistir…

 

Beijo,

Sereno beijo

Que nunca tive

Na floresta encantada onde ninguém vive

Dos sonhos por descobrir,

Beijo,

Impossível beijo

Que nunca entendo

Na floresta queimada a que me não rendo

Nos limites de existir… 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 03.05.2010

 

IMAGEM RETIRADA DA INTERNET

 

 

 

NOTA - Hoje, como já deverão ter notado, publico um poema de rima livre. Depois o colocarei no Liberdades Poéticas,  que é onde ele pertence por direito, mas pareceu-me bonito e muito musical e resolvi dar-lhe honras de blog principal.

19
Nov08

QUEBRANDO O ESPELHO II

Maria João Brito de Sousa

Depois de quebrado o espelho

Fica a dúvida no ar...

Tanto espelho! Quanto espelho

Fica ainda por quebrar?

 

Mais um espelho que se quebra,

Mais um passo... e nunca acaba!

A vida é feita de espelhos.

Espelhos novos, cacos velhos

Quando uma vida se encerra...

 

Quando a luz se espelha em nós,

Quando, à hora da partida,

Nos sentimos menos sós,

Quando o espelho, já quebrado,

Separa o corpo da alma

E, depois, medo e pecado

Dão lugar a outra calma,

Já o espelho se quebrou

Já os cacos se esqueceram

Reflectindo o que ficou

Das coisas que nos prenderam...

 

Quantos cacos por aí

E nós sem nos darmos conta...

Quanto espelho eu já parti,

Quanta fachada de montra?

 

Quebrado o último espelho

Fica a dúvida a pairar...

Tanto espelho! Quanto espelho

Fica ainda por quebrar?

 

 

"Vida" - Pablo Picasso, 1903

 

Nota - Esta alegoria foi concebida como um grupo simbólico de significado aberto e trata-se de uma homenagem ao seu amigo Casagemas - o personagem masculino seminú - que, no ano anterior se suicidara por amor, em Paris.

In "Grandes Pintores do Século XX", Edições Globus, Barcelona, 1994

 

Imagem retirada da internet

 

Ainda "quebrando o espelho" no http://velucia.blogs.sapo.pt/

 

 

 

18
Nov08

QUEBRANDO O ESPELHO

Maria João Brito de Sousa

QUEBRANDO O ESPELHO
*

 

Quebro a cara e fico em pé,

Quebro o espelho e jogo fora!

Fui eu quem quebrou, até,

A caixinha de Pandora...
*

Quebro a cara nesta dança...

Que me importa? A dança é minha!

Quebro a cara, colo a cara,

Faço e desfaço uma trança

No tempo que me separa

Dos passos que dei sozinha!
*


Colo o espelho que quebrei...

Colo, mas volto a quebrar!

Quantas vezes me não dei,

Quantas quis antes não dar?
*


Quebro a cara e fico em pé,

Quebro o espelho e jogo fora!

Fui eu quem quebrou, até,

A caixinha de Pandora!
*

Quebro o espelho, arraso o palco,

Colo a cara e quebro o espelho,

Colo o espelho e quebro a cara...

Quanto tempo me separa

Do tempo mais do que velho

Dos vestidos de tobralco?
*


Colo o espelho que quebrei

Só pró voltar a quebrar...

Quantas vezes me não dei,

Quantas quis antes não dar?
*

 

Quebro a cara e fico em pé,

Quebro o espelho e jogo fora!

Fui eu quem quebrou, até,

A caixinha de Pandora...
*


Maria João Brito de Sousa

18.11.2015 -14.13h
***

 

 

"Joie de Vivre"- Pablo Picasso

Imagem retirada da internet

 

NOTA - Hoje toda a gente vai "quebrar o espelho" no http://velucia.blogs.sapo.pt/

Estão todos convidados a partir o vosso espelho!

 

13
Nov08

FASES DA LUA II (poema de rima livre)

Maria João Brito de Sousa

14143817_ESzUu.jpeg

 

Tenho fases (tantas fases...)

Em que fazendo o que faço,

Me esqueço de ser quem sou,

Me dou toda num abraço...

Tenho fases (outras fases...)

Em que me ponho a pensar,

Me esqueço de que me dou,

Fico em "molho de luar".

 

Tenho fases de saber

E fases de duvidar.

Sou, numas fases, mulher,

Noutras sou o que inventar...

 

Na maioria das vezes

A fase que me domina

É a fase dos revezes

Em que volto a ser menina.

 

Faço dos quartos da lua

O meu quarto-de-sonhar,

A minha sala é a rua

Em pura ascese lunar.

 

Tenho fases de saber

E fases de duvidar.

Sou, numas fases, mulher,

Noutras sou o que inventar...

 

Mas por mais que me divida

Em quartos lunares, marés,

Por mais que percorra a vida

E o mundo de lés-a-lés,

Só na lua é que descanso,

Só na lua é que me encontro...

Aspiro, neste remanso,

A deixar no mundo um ponto:

Partir sabendo quem és...

 

Tenho fases de saber

E fases de duvidar.

Sou, numas fases, mulher,

Noutras sou o que inventar...

 

 

Maria João Brito de Sousa - 13.11.2008 - 11.29h

 

29
Ago08

POEMA COM NOME NO FIM

Maria João Brito de Sousa

Na memória dos sentidos

Rasgo a tela por nascer.

Depois sou cor e sou traço

De imagem por desenhar...

 

Sou a cinza do cigarro

Que acendo sem consumir

E o que está por consumar.

 

Assumo, no meu abraço,

Tudo o que der e vier

E estiver por inventar

Nos tempos que estão por vir.

                                      CRIO!

 

 

In - "Arquétipos de Uma Mulher Interrompida"

 

Imagem - Pormenor da tela "Escorço - Grande

                Pintora a Lápis de Cor"

                Maria João Brito de Sousa, 2007

19
Mai08

A MULHER DA LUA

Maria João Brito de Sousa

 

A MULHER DA LUA

*

Ouvi agora, senhores,

A história verdadeira

E muito singular

Da mulher que vivia

Num quarto de lua

Com vista para o mar

E usava estrelas cadentes

Em jeito de rosinhas-de-toucar

*

Da que fez o voto

De nunca desamar

E só pedia à vida

A etérea transparência do luar...

*

A saga começa

Dois mil anos antes do nunca-acabar

Com a história da mulher

Que pariu o menino que havia de voltar

*

Da que fugiu para o deserto,

Não por ter medo do dragão,

Mas pr`a poder chorar,

Da que continua ajoelhada

A procurar,

Muda estátua de sal

Ou lava de vulcão depois de resfriar

*

Aquela a quem coube o destino

De sete noites,

Sobre cada sete noites,

Tresnoitar,

E das lágrimas choradas

Fez brotar

Um oásis na aridez lunar

*

Da que mataria a sede

Da alma mais sedenta

Que a soubesse encontrar,

Da que espera,

Sem mesmo acreditar,

O dia,

Dia a dia mais incerto

Em que o menino volte

Para a dessedentar.

*

 

Mª João Brito de Sousa

1993

***

16
Abr08

URGÊNCIA

Maria João Brito de Sousa

        À Natália Correia

 

No meu imperativo de criar

Sempre mais, muito mais,

Cada segundo,

Bebo poemas desde o sol raiar

Até se pôr,

P`ra dar descanso ao mundo...

.

E apesar da dádiva serena

Da rotina da luz

Dos nossos dias,

Há uma urgência,

Uma outra urgência extrema!

.

E só para criar mais um poema,

Nesta sede que nunca se alivia,

Nesta fome que, urgente,

Me condena,

Eu deixo o tempo todo em desatino;

.

Acendo o sol na noite,

O luar nos dias,

Por um poema,

Só mais um poema!

 

Maria João Brito de Sousa - 16.04.2008 -11.57h

.

Março de 2007 - Quebrando a orientação original

                            do poetaporkedeusker,

                            um poema de rima livre...

                            

14
Fev08

A MULHER INTERROMPIDA

Maria João Brito de Sousa

Não foi assim tão antigamente...

Foi há cerca de um tempo

Mais duas metades de dois tempos meios

Que uma voz, amiga certamente,

Embora longínqua, perguntou por mim

E eu, tão confusa, não me conhecia...

Sou mulher de um homem,

Respondia

E a voz insistia:

- Mulher, quem és tu?

- Sou mãe de um menino que não mora cá

E de três meninas que me querem muito,

Apesar da culpa, apesar de tudo...

 

E a voz repetia:

- Mulher, quem és tu?

Eu iria jurar que não mentia

quando respondia:

- Eu sou essa mãe, apesar do luto!

 

A voz não cedia quando perguntava

Do Espaço, do Tempo e outras coordenadas:

- Ó mãe dos teus filhos, diz-me quem és tu!

Onde moram as tuas horas carnais?

Onde guardas o corpo quando sais

E voas em busca do filho perdido?

Que fazem essas tuas mãos?

Que estrelas tão negras trazes nesse olhar?

Que morte tão estranha te veio buscar

E esqueceu teu corpo entre os teus irmãos?

 

E eu respondia

Sem me aperceber

Que me descrevia sem me conhecer:

- Sou a mulher do meu homem

E a mãe das minhas crias!

Procuro o que se perdeu, o que morreu mal nasceu

E não alcanço encontrar...

 

Mas a voz não se calava nesse eterno perguntar:

- Mulher, que é feito de ti?

Só a ti tens de encontrar!

 

Então procurei-me em mim

E vi que não estava lá...

Procurei-me em todo o mundo,

Do abismo mais profundo

À montanha mais escarpada,

Fui ao Nilo, fui ao Ganges,

Procurei-me em cada ventre

Das grutas mais ignoradas...

 

Devo ter percorrido o universo inteiro

Quando, de repente,

Encontrei um corpo que me não era alheio

E uma alma ardente

Onde cabia, exactamente,

A chama tão acesa do meu peito!

 

E juro

Que foi a primeira vez,

Em toda a minha vida,

Que aceitei a minha imagem denegrida,

Que me não importei de não ser entendida

E me orgulhei da estranha condição

De ser UMA MULHER INTERROMPIDA!

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

10
Fev08

MEMÓRIAS DE UMA MULHER INTERROMPIDA

Maria João Brito de Sousa

 

Vislumbro as tuas asas de condor

No horizonte sensível do meu sonho

(do espelho ainda um corpo me sorri)

Inda a carne, talvez ainda a dor...

*

 

Este é o espólio que a teus pés deponho;

Vidas que vivo e a morte que morri...

 Quantas vezes partilhámos tudo

Neste espaço a que o corpo me condena?

(medos, sorrisos, o espanto e a ternura...)

Nas obras deste mundo, ao dar-me conta,

Minha coroa é de espinhos tela e pena!

Tenho esta cruz de ser quem te procura

E o bálsamo de ser quem sempre encontra.

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

-

02.04.2007

-

Este pequeno poema está assinalado, num dos meus" livros de rabiscos", como sendo o primeiro a ser escrito directamente no PC. Só agora reparo quão recente é esta minha abordagem às novas tecnologias... e quanto aprendi sozinha, porque a Banda Larga, por motivos de crise financeira (que persiste...), só entrou em minha casa há poucos meses...

Somos mesmo uns animaizinhos determinados, não somos?

 

-

 

10.02.08

31
Jan08

AUTO-RETRATO

Maria João Brito de Sousa

 

De novo um poema que não é soneto. Nasceu assim e assim deu origem a este óleo sobre madeira...

 

 

 

AUTO-RETRATO

 

 

 

 

Sou um animal como outro qualquer

Pois coube-me em sorte

Ser bicho-mulher...

 

Mamífero-alado

Posto em vertical,

Mais perto de um anjo

Que de um ser carnal...

 

Às vezes sou planta,

Do sonho à raiz,

Só sei entender

O que a terra me diz...

 

Serei sempre o fruto

Daquilo que eu quis!

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

20
Jan08

FIO-DE-PRUMO

Maria João Brito de Sousa
 
Era mulher traçada a fio-de-prumo,
Vinda dos tempos primevos do Homem-vertical
 
Dia a dia, percorria o rumo
Que fazia do dia vindouro
Um dia insuportavelmente sempre igual
 
 
Era de noite que brincava aos fantasmas
E se diluía nos incontáveis ectoplasmas
De almas que foram e das que estão por vir
 
Por isso acordava anoitecida
Sem nunca estar segura
 
De ter acordado
 
Do lado-de-cá da vida
 
 
Ora sonhava sonhos acordada,
 
Ora cantava estando adormecida
 
 
Difícil, foi-lhe ser multiplicada
Por quem sempre a pedira dividida...
 
 
 
 
 
 
Maria João Brito de Sousa  - 1990 (?)
20
Jan08

POEMAS DE RIMA LIVRE

Maria João Brito de Sousa

Quando iniciei este Blog tinha em mente publicar, apenas, sonetos clássicos de dez sílabas métricas. Era a minha homenagem à Poesia, em geral, e ao Soneto, em particular.

Parece que não há, mesmo, regra sem excepção...

O próximo Post mostrar-vos-á mais um trabalho meu a aguarela e pena e um poema de rima livre que tem, exactamente, o mesmo título do quadro.

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