ESTE ESPAÇO ONDE TRABALHO...
Não. Não é o espaço que a fotografia deixa vislumbrar... ali nascem muitos dos meus poemas, mas só aqui, neste outro espaço, eles são preparados para navegar na blogosfera, para chegarem até à Fábrica, até vós...
Este outro espaço é rectangular, claro e muito mais espaçoso...
À minha frente há um computador, é evidente, ou não estaria assim, tão "em directo" convosco. Um computador e uma longa mesa dividida que se prolonga em direcção à minha esquerda até perfazer mais dois nichos de trabalho, cada um com o seu equipamento informático. Imediatamente a seguir vem um biombo verde garrafa onde foram colados alguns cartazes. O último deles é do Glue, dos Da Weasel. Leio com atenção o que está escrito sob a sua imagem: A VIOLÊNCIA É UM CICLO.
TU PODES QUEBRÁ-LO.
sigo além da mensagem e o meu olhar encontra um estante cor-de-laranja onde está a nascer uma nova biblioteca. Sorrio-lhe com todo o carinho que dedico às coisas novas e bem-vindas e continuo a passear o olhar pela enorme janela que fornece luz natural a todo o espaço, até encontrar a secretária do funcionário que controla o desempenho dos equipamentos. Sorrio novamente. Nunca tive problemas com estes aparelhos mas acontece, por vezes, um cursor ficar imobilizado ou haver alguém que tenha dificuldade em aceder a determinado site.É nesse momento que o "controlador" vem ajudar para que o trabalho não fique parado num impasse.
Deixo que o olhar continue e encontro uma outra mesa corrida, folheada a madeira, perfeitamente idêntica àquela em que me encontro, tanto no número de computadores que disponibiliza, quer em cor e funcionalidade... uma diferença, no entanto, leva a que os meus dedos repercutam um pouco mais sobre as teclas negras que utilizo para vos contar do espaço em que trabalho. Uma parede em mosaico pequeno, semelhante à comum tijoleira, mas num verde claro acinzentado, serve de fundo a essa irmã gémea da mesa que estou a utilizar como suporte.
O soalho é de madeira e, hoje, cheira a escola, aqui, no espaço onde trabalho. Não sei se é este Outubro brilhante que remete para esses tempos remotos a minha memória olfactiva... talvez seja a disposição dos equipamentos, a claridade da sala... a porta com o vidro redondo que a minha escola nunca teve, não será, com certeza...
Olho, agora, para o centro do espaço rectangular e descubro a mesa de fórmica branca, rodeada de cadeiras forradas de tecido verde-pastel, numa tonalidade acima da tijoleira da parede lateral. Por vezes, um ou outro acompanhante vem sentar-se nela para ler um pouco. Não há grandes ruídos. Respeita-se, muito naturalmente, o trabalho dos "vizinhos" e apenas a música de fundo quebra suavemente a cadência do bater das teclas.
Esquece-se, neste espaço onde trabalho, a coordenada tempo. Esquece-se ou confunde-se, não sei bem... nunca me sei se velha ou menina enquanto trabalho. Sinto-me oscilar entre esses dois extremos conforme a nova coordenada que vai nascendo dos nossos dedos... essa que se não mede em metros nem em horas ou anos e que nos leva infinitamente além de tudo isso. A comunicação.
:)
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