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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
01
Dez17

NATAIS DOS TEMPOS IDOS...

Maria João Brito de Sousa

digitalizar0045.jpg

 

Montei o meu presépio em tempos idos,

Em tempos idos ergui meu pinheiro,

Pois tudo tem seu tempo. Os diferidos

Sempre serão sequelas do primeiro,



Desses originais que estão perdidos;

Nenhum tem o sabor do verdadeiro,

Nunca o mesmo alvoroço dos sentidos

Se faz sentir depois, no corpo inteiro...



Não é hábito meu falar de mim,

Ou, falando de mim, fazê-lo assim,

Como se eu fora o centro deste mundo,



Mas... se digo a verdade, o que fazer?

Chegue, ou não, ao Natal que puder ter,

Nenhum será igual aos do Dafundo...(*)





Maria João Brito de Sousa – 01.12.2017 – 11.21h





(*) Cruz-Quebrada, Dafundo – Antiga Freguesia do Concelho de Oeiras, extinta pela reorganização administrativa de 2012/2013, sendo o seu território integrado na União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz-Quebrada/Dafundo.

 

17
Ago10

CONVERSAS DE MÃE PARA FILHO

Maria João Brito de Sousa

 

Correste encosta abaixo e não paraste

Senão quando chegaste à beira mar;

Decerto te esqueceste de abrandar

E na espuma das ondas mergulhaste…


Ainda me recordo que choraste

Quando sentiste a rocha a penetrar

Tua fronte molhada, a gotejar

Da mesma espuma em que te aventuraste…


Recordo um outro dia, há tantos anos,

Em que sofrendo muito poucos danos

Me vieste, a correr, pedir miminhos


Mostrando uma equimose que ficou

E, a seguir, - a dor logo passou! -

Cobri-te o rosto inteiro de beijinhos…

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

 

Li estas palavras de alguém que não consigo evocar com exactidão. Penso que terá sido Jorge de Sena;

 

"Um dia aprenderemos a libertar-nos da morte, morrendo contudo..."

 

07
Abr10

PALAVRAS DAS MINHAS MÃOS

Maria João Brito de Sousa

 

Vieste tu, sarcástico e soturno,

Com essas mãos terrenas, maculadas,

Impor-me o teu amor de horas marcadas,

Claramente insolúvel e nocturno.

 

Não sei que madrugadas me chamavam,

Que, embora alvoroçada, desprezei

As tuas mãos terrenas e sem lei,

Mas sei que as minhas mãos se interrogavam;

 

Que lonjuras, que estradas lá virão?

Que abrigos, que caminhos, que desnortes

Te esperam nessas mãos que te procuram?

 

Eu escutei-as a elas, mas tu não…

E que me importa a mim que tu te importes

Se as palavras das mãos em mim perduram?

 

 

 

 

 

NA FOTO - Os meus cinco anos, na varanda da avó Maria Augusta, com a Nice.

11
Nov09

A GRUTA DAS TREZENTAS CINQUENTA E SEIS PALAVRAS E UMA MEMÓRIA

Maria João Brito de Sousa

 

 

Era uma vez uma gruta pequenina, escavada nas rochas da praia, quase coberta pelo mar na maré-cheia. Diz a lenda que, há muitos anos atrás, essa gruta foi uma mulher igualzinha a mim, igualzinha a nós todas… consta que tinha longos cabelos negros, daí as longas algas que, há uns anos, inevitavelmente assinalavam a entrada da pequena reentrância rochosa.

Talvez vocês nunca tenham reparado nela, mas eu conheci-a pessoalmente há quase cinquenta anos, quando eu e o meu pai brincávamos aos espeleólogos em plena costa do Sol…

“Diz a lenda…”, digo eu, que era diferente das outras grutas. Não porque fosse maior, mais profunda ou muito diferente de todas as outras… mas era uma gruta tão especial que nunca a consegui esquecer. “Diz a lenda…”, digo eu, que era uma gruta fêmea. Mulher, sem dúvida, e indubitavelmente solitária por opção. De forma aparente, claro está, pois recordo-me muito bem de, tanto eu como o meu pai, sabermos, com sabedoria de experiência feita, que era a gruta mais habitada de todas as praias da costa. Porém, quem passasse, num passeio muito banal de reconhecimento ou recreação e, casualmente, reparasse na grutinha, seria esse o adjectivo que utilizaria para a descrever, de tal forma ela se parecia com uma pequena ilha isolada das dezenas de outras grutas que constituíam uma boa parte da orla marítima daquela zona… há cinquenta anos atrás.

A lenda não diz, mas digo eu, que a gruta era Poeta. Que a gruta é Poeta, porque eu reconheci-a quando voltei à praia, há poucos dias.

Mudámos as duas, sem dúvida! Estamos ambas envelhecidas, marcadas pelo tempo que nos cavou algumas rugas na face e nos foi mudando a cor das algas-cabelos…

Agora a lenda passa a dizer, porque sou eu quem lhe está a dar voz, que a grutinha irá ficar para a posteridade num blog de fundo azul escuro, ao lado da poeta humana que um dia a amou e que todos os pequenos seres a quem ela proporcionou espaço e abrigo estarão, para sempre, no coração destas trezentas cinquenta e seis palavras gravadas a negro sobre um suporte virtual branco como cal. :)

 

 

Imagem retirada da internet

 

"Dito" para http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/ às 16h 30m do dia 10.11.09 :)

 

CONVITE - Na próxima sexta feira dia 13 de Novembro, às 14h 30m, vou estar no edíficio da Cruz Vermelha Portuguesa da Parede a dar o meu melhor por uma palestra sobre "soneto formalmente clássico". Porquê "formalmente" e não apenas "clássico"? Bom, isso eu vou fazer o possível por tentar explicar durante a palestra...

Todos os leitores do Poetaporkedeusker estão convidados!

 

CRUZ VERMELHA PORTUGUESA

Delegação Costa do Estoril

Rua Vasco da Gama, 243

 

2775 Parede

 

 

 

S. MARTINHO - Que ele me perdoe este quase esquecimento... desta vez não se proprcionou um post dedicado a ele, mas o espírito de dádiva e partilha está sempre presente!

21
Out09

AO LONGO DE MIM...

Maria João Brito de Sousa

 

 

 

Nesse “ao longo de mim” que te ofereci

No breve-imenso instante em que fui tua,

Eu, mulher de ninguém, irmã da lua,

Despojei-me de mim p`ra estar em ti.

 

Foi ao longo de mim que recebi

O que de ti nasceu em mim que, nua,

Calava a solidão absurda e crua

Das horas de cantar que então perdi.

 

Tu, que ao longo de mim nunca encontraste

Aquilo que “era” em mim pr`além de mim

E que assim te perdeste do meu eu,

 

Vê que, ao longo de mim, também mudaste

E se não me encontraste até ao fim

Foi decerto por quereres um fim só teu…

 

 Imagem - "Les Racines du 20éme Siécle"    

                  Maria joão Brito de Sousa

 

09
Fev09

DESERTOS

Maria João Brito de Sousa

Tu falas-me das horas que eu perdi

E eu não sei se as perdi ou se as ganhei...

Penso que fui vivendo e que me dei

Aos caminhos que sempre percorri...

 

Tu falas-me das horas que eu vivi,

Eu falo-te das coisas que não sei.

E, mesmo não as vendo, caminhei,

E, mesmo não sabendo, pressenti...

 

Tu falas-me das glórias prometidas.

Eu falo-te das coisas preteridas

Por outras que ficavam bem mais perto,

 

Por coisas que pareciam dispensáveis,

Mas que sendo pequenas, vulneráveis,

Poderiam perder-se no deserto...

 

 

Agradeço a vossa presença no http://free-stile.blogs.sapo.pt/

 

Uma palavra de conforto será sempre bem-vinda.

 

 

 

08
Nov08

PERCURSO II e III

Maria João Brito de Sousa

I

 

Meu amor de água e sal, quanto eu sonhei

Ter-te só para mim, ter-te só meu!

Sonho de uma menina que cresceu

Assim que a luz chegou e eu acordei...

 

As asas que cortaste (ou que eu cortei?)

Quando enfim descobri que se perdeu

Essa estranha promessa de Romeu

À Julieta que em mim encontrei...

 

E o mundo, a vida, as noites acordadas

Usufruindo absurdas madrugadas

Em que te quis e nunca pude achar-te.

 

Tanta fome de mundo e eu... só sonho!

O cansaço, a rotina, o Mal (medonho!)

Erguendo-se entre nós, sempre a afastar-te...

 

III (O CAIS)

 

Há tanto céu em busca de ninguém!

Tanto mar para olhar e ninguém viu

O verdadeiro "Ser" nesse vazio

Do corpo que a nós todos nos contém...

 

Tanto raio de luz que esse sol tem!

E nem um, de entre vós a descobriu

Nos dias em que tendo fome e frio

Negando a própria luz, disse estar bem...

 

Mas são memórias, coisas que passaram,

Cicatrizes (mais umas...) que ficaram

Na sede de viver-se e fazer mais.

 

Já não olha pr`a trás. Em frente há vida.

Trabalha mesmo meia adormecida

Na pedra alucinada do seu cais.

07
Nov08

O POETA DE LISBOA

Maria João Brito de Sousa

O POETA DE LISBOA

*

 

Falou-vos de canoas e varinas,

De marchas, manjericos e pregões.

Falou-vos do seu mar, das orações,

De velhas conversando nas esquinas

*

 

Contou-vos das tabernas e cantinas,

Do fado, das guitarras, das canções,

Das palavras acesas, dos jargões

Na voz mal afinada dos ardinas

*

 

Falou-vos de Lisboa, das colinas,

Das vielas, da Sé, das procissões,

Das causas e razões mais pequeninas

*

 

Que irão ultrapassando as previsões,

Dos bares e das noitadas com "meninas",

Dos homens, das mulheres e das paixões!

*

 

Mª João Brito de Sousa 

07.11.2008 - 12.45h

 

 

"O Velho Guitarrista" - Pablo Picasso

Imagem retirada da internet

28
Ago08

(DES)SINCRONIZAÇÃO

Maria João Brito de Sousa

Peço-te mil perdões por ter-te amado,

Porque te amei demais... Eu, a Poeta,

Pintei-te de outra cor, quis-te paleta,

Quis-te só para mim, quis-te encantado...

 

Amar-te tanto assim foi sempre errado.

Tornei-te meio-ser, alma incompleta,

Tentando ir caminhando em linha recta

Num círculo perfeito e pré- traçado...

 

Amei-te em cada gota do meu sangue,

Amei-te até morrer, caindo exangue;

Amei-te além de mim. Tão mais além...

 

Gravei na dimensão dos meus sentidos

Um ideal de humanos desmentidos

Que nos foi condenando. A nós, também...

 

Maria João Brito de Sousa - 2008

 

 

 

Imagem retirada da internet

23
Ago08

UM POETA QUE (SE) PARTIU...

Maria João Brito de Sousa

 

Era um estranho torpor feito de nada

Que lhe invadia o ser ao sol-poente

E ali ficava, amorfo, alheio, ausente,

Da alma quase doente, de alquebrada...

 

Depois nascia a Lua. À hora errada

Brotava-lhe a palavra, o verbo urgente

E punha-se a plantar (verso ou semente?)

No suporte irreal da madrugada...

 

Vestia uma "casaca de cometas"

E percorria a casa, qual fantasma,

C`o olhar apontado ao infinito...

 

No seu mundo de ideias inconcretas,

Ele era omnipotente. Ó mundo, pasma!

Partiu-se (e não partiu!), esse proscrito...

 

Ao Poeta António de Sousa

Imagem - Fotografia do Poeta aos 16 anos.

 

27
Jun08

CÁ DENTRO E TÃO PERDIDO...

Maria João Brito de Sousa

 

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Sei de um mundo de luz onde os poetas,

Despidos dos humanos preconceitos,

Viajam pelo espaço entre os eleitos

Como estrelas do céu, como cometas.

 

É por aí que a alma, essa inquieta,

Etérea como a luz, esquece os defeitos

E rodopia em círculos perfeitos

De fórmula geométrica e secreta.

 

Eu sei de um mundo mágico e seguro

Onde cada presente é um futuro,

Onde a terrena dor não faz sentido.

 

Sei desse mundo porque já lá estive

E a imagem del ´inda em mim vive

Dentro de mim. Cá dentro e tão perdido.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 27.06.2008 - 22.32h

 

Imagem retirada da internet

 

 

 

16
Jun08

TUDO O QUE EU QUERIA...

Maria João Brito de Sousa

 

Ainda a minha fome era criança,

Ainda olhos perdidos nas lonjuras,

Ainda não na espera, que as procuras

Se sobrepunham sempre à própria esp`rança.

 

Inda a vida girava numa dança,

Inda o corpo pedia outras doçuras,

Inda as formas instáveis, inseguras,

Inda os cabelos presos numa trança,

 

Já as mãos, incansáveis, me guiavam,

Entreteciam estrofes, desenhavam,

Perdidas na missão que lhes cabia

 

E, à noite, já meus olhos se cansavam

Sobre as palavras que os desafiavam

Como se fossem tudo o que eu pedia...

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 16.06.2008 -22.38h

 

 

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