Maria João Brito de Sousa
Uma Santa Páscoa a todos os amigos que tentei, mas não consegui, contactar por email...
este PEC do Sapo não está a ser lá muito pacífico, tenho sérias dificuldades em aceder ao Poetaporkedeusker e é-me praticamente impossível publicar. Ainda por cima
vou estar ausente durante vários dias por dupla imposição da data e de duas consultas hospitalares.
Muita criatividade para todos vós!
A Loucura, por vezes, faz-nos falta
Na esquina por dobrar de uma razão...
Reaceso o rastilho da paixão
Reaprende-se o mar na maré-alta.
Ali, em plena arena, o velho salta
Sobre a tampa irreal do alçapão
Onde mora esse tal Bicho-Papão
Que mete muito medo a toda a malta...
Já quase no final da estranha cena,
Um corvídeo qualquer, batendo as asas,
Diz que a peça não presta - e não tem pena! -
Uns tantos que o seguiram, destemidos,
Debandam, tentam ir pr`a suas casas,
Mas caem pelo chão, já sem sentidos...
IMAGEM RETIRADA DA INTERNET
publicado às 12:07
Maria João Brito de Sousa
À PORTA DO ESPELHO
Precisamente um sonho! Um sonho só
E um dom ou uma dádiva - sinónimos...
Dispersa-me em milhões (serão het`rónimos?)
E abraça-se a mim fechando o nó.
Precisamente e só um sonho louco,
Que me enlaça, me prende e me seduz,
Aceso em mim... e tudo se reduz
Ao muito que sei ter, tendo tão pouco...
Nesta abundância vivo e comunico
E tenho muito mais do que o mais rico
Porque vivo do amor que tudo tem...
Aqui, nesta loucura abençoada,
Percorro, neste mundo, a minha estrada
Por dentro de mim mesma e sem ninguém...
A EXULTAÇÃO DO ESPELHO
Eu ergo-me do chão, meu velho amor!
Da força deste meu eterno abraço
À doce solidão na qual me enlaço
E reinvento a vida em nova cor...
Sou árvore caída que se ergueu,
Que germinou da pedra e estendeu ramos
E vou continuar (todos nós vamos...)
Por onde me levar um sonho: - O meu!
Sou palimpsesto deste humano fruto,
Sou êxtase da vida e sou produto
De quantos ideais o mundo oculta.
Sou eco da palavra e sou reflexo
Do espelho que devolve o meu amplexo:
- Selvagem, louca, louca... (o espelho exulta!)
A ACEITAÇÃO DA LUA
A aceitação da lua é paradigma,
É este anoitecer na vertical
Cumprindo o seu sereno ritual
Na estranha condição de ser enigma.
A aceitação da lua em seu abraço
É bênção, oração, serenidade,
É este alheamento da vontade
Na absurda languidez em que me traço.
Eu, loucamente lua, mas serena,
Solene comunhão da minha pena
Com essa luz de leite, branca e pura.
Eu sei que a lua-mãe comanda a vida,
A hora da chegada, a da partida,
A própria aceitação desta loucura...
Imagem - "Fio de Prumo", Aguarela e Pena
Maria João Brito de Sousa, 2002
publicado às 12:45
Maria João Brito de Sousa
VIRTUALMENTE ALICE...
Há dúvidas, arrobas, asteriscos,
Mil coisas irreais que desafiam,
Que nem anjos sequer pressentiriam,
Mas que já me fizeram correr riscos...
Há coisas de estranheza desmedida
Como a "diagonal das verticais"
E outras que parecem ser reais
Mas que não são sequer formas de vida.
Há coisas que parecem ser ideias
Com / fusas, semi-fusas e colcheias
A saltitar na pauta semi-breve...
Alice no País-dos-Pesadelos
Que trinca, alegremente, os cogumelos
E vai fazendo tudo o que não deve...
O PLANETA DO FAZ-DE-CONTA
Faz de conta que é tudo, exactamente,
Igual ao que já foi quando era "dantes".
Faz de conta... e moinhos são gigantes!
Basta-me um "faz-de-conta", urgentemente.
Faz de conta que vejo o que não vejo
E que tudo o que vi, nunca foi visto!
Se neste Blogomar a vida é isto,
Faz de conta que brinco e que gracejo.
Faz de conta que sinto sem sentir...
(mas eu não minto e nunca sei fingir,
por isso faz de conta que não sinto...)
Faz de conta que sei sem o saber
E tudo o que farei será escolher
Entre a razão e o mais puro instinto...
PERSISTÊNCIAS
Mais triste do que as coisas muito tristes,
Distante, lá no cume das ausências,
Dispersa e dividida entre emergências,
Pensando pr`a comigo: -Tu desistes!
E surge este não-sei-dizer-o-quê
(combustível de alento derradeiro,
ideal e contudo verdadeiro...)
Que supera esta dor que ninguém vê
E me transporta à vida, às alegrias!
Estranha força motriz destes meus dias
Que não desiste nunca e nunca pára!
É porque Deus o quer, tenho a certeza,
Que esta minha selvagem natureza
Persiste e em tudo nasce e se declara!
A Lewis Carrol
Imagem retirada da internet
publicado às 13:26
Maria João Brito de Sousa
Louca! Honestamente, eu fiquei louca!
(e mesmo que não esteja, convém estar...)
A loucura permite flutuar,
Navegar neste mar sem usar roupa...
E louca vou criando e navegando
No estranho blogomar que Deus me aponta
Porque a minha loucura apenas conta
Se eu deixar de assumir o Seu comando.
Por quanto estranho escolho eu já passei,
Por quanta tempestade eu enfrentei,
Eu nutro uma secreta afeiçãozinha...
São sentimentos sem qualquer razão,
Que SINTO mas não sei dizer se são
Efeitos desta tal loucura minha...
publicado às 15:15
Maria João Brito de Sousa
Loucura... é tão saudável a loucura
Quando desperta em nós feita amizade...
Brinca connosco, afasta essa ansiedade
Que tantos `inda pensam não ter cura...
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Acende-se uma chama solidária;
Lá voltamos a ser os Mosqueteiros,
A bater-nos por sonhos verdadeiros
Contra uma sujeição totalitária...
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Quantas vezes ser "louco" é ser melhor,
É dar mais cor à vida, é ser mais puro,
Parar de dar ouvidos às mentiras
.
E adornar a palavra, usando a cor,
Ou albergar, cá dentro, outro futuro
Que vence, no presente, humanas iras...
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Colares,12.04.08 - 09.30h
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A todos os que ontem visitaram o poetaporkedeusker. A todos os que, a partir de hoje, o continuarem a visitar.
publicado às 18:56