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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
29
Abr20

VERDADE(S) II

Maria João Brito de Sousa

singularidade.png

VERDADE(S) II

(a da singularidade)
*

 

Creio na insustentável lucidez
Do verso acabadinho de eclodir
Que noutros se replica, achando vez
Pr`acrescentar-se até se despedir.
*

 

Creio no homem que consegue rir
E no que chora ao fim de cada mês
A fome que está farto de sentir
E a raiva que lhe impõe novos porquês.
*

 

Creio na irreverência dos felinos,
Na clara transcendência de alguns hinos,
Nos amanhãs que um dia cantarão,
*

 

Nas doutas obras e nas comezinhas
Coisas do dia-a-dia. Até nas minhas
Óbvias fraquezas, que tão fortes são...

*

 

 

Maria João Brito de Sousa - 28.04.2020 - 16.30h

 

Imagem retirada daqui

01
Dez16

CONVERSANDO COM MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE II

Maria João Brito de Sousa

HISTÓRIA ANTIGA.jpg

 

PASSEIO-ME POR TI



Passeio-me por ti, com tuas mãos

Quando elas em mim abrem os caminhos

Que exploram nas veredas dos meus chãos

Os becos fervilhantes de carinhos

 

E quando neles fazem seus os ninhos 

Teus dedos verdadeiros artesãos

Tecem afago em todos os cantinhos

Onde existam os mais pequenos grãos

 

Já cansados teus dedos se sossegam

Procurando plos meus que não se negam

Nessa entrega tão doce e tão feroz

 

Mas quando com os meus eles se enlaçam

E os nossos corpos vibram e se abraçam

O mundo não existe para nós

 

 

MEA

30/11/2016



HISTÓRIA (MUITO) ANTIGA



Há muitos, muitos anos, passeavam

- as mesmíssimas mãos que hoje procuram

poemas, dos que a vida me asseguram... -

As minhas, que então nada procuravam



E nesse quase nada, se bastavam,

Quando é num quase tudo que me curam,

Me percorrem o corpo, mo fracturam

E me saciam do que então buscavam...



Mas, creio bem, ninguém pode entender

Que este meu fogo tenha mais poder

Que os fogos de erotismo juvenil



Que, em tempos, me acabaram por fazer

Perder das mil palavras por nascer

De outro mel bem mais doce e mais subtil.





Maria João Brito de Sousa - 30.11.2016 - 21.34h

 

21
Nov16

GLOSANDO NATÁLIA CORREIA II

Maria João Brito de Sousa

Alecrim vivaz.jpg

 

DE AMOR NADA MAIS RESTA QUE UM OUTUBRO





De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

 



Natália Correia, in “Poesia Completa”

 

 

ALECRIM VIVAZ

 

 

"De amor nada mais resta que um Outubro".

Abençoado Outubro, este meu fim,

Se inteira refloresço e redescubro

O melhor desta flor que habita em mim!

 

"E sei que mais te enleio e te deslumbro",

Mesmo que as folhas tombem no jardim

Cumprindo o ritual de um estranho culto

Ao qual se opõe, rebelde, o alecrim...

 

 

"Não me acordes. Estou morta na quermesse"

Do que queiras colher, se te parece

Que o rebelde alecrim deu flor sem casta...

 

"Mas quanto mais em nuvem me desfaço"

Mais sábio se me torna este cansaço

E com maior vigor me afirmo: - Basta!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 20.11.2016 - 12.37h

 

27
Set16

GLOSANDO A POETISA MARIA ROSA REDONDO II

Maria João Brito de Sousa

Paula Rego - O Bailado das Avestruzes.jpg

PALAVRAS DE RANCOR


Tuas palavras ditas com rancor
que meus ouvidos escutaram tristemente
demonstram bem, a ilusão daquele amor
que em tempos, eu pensei ... em ti presente!

Tanta ânsia por te querer com tal fervor
não percebi que tu mentias inclemente
então eu fui vivendo ao sabor
duma paixão que me vencia cegamente.

Por essas peripécias que inventaste
um filme que tão bem representaste
por ti o que hoje sinto, já nem sei .

deste ao meu viver, tanta amargura,
senti-me quase á beira da loucura
numa pessoa diferente, me tornei .


28/08/2012
Rosa Redondo

PALAVRAS, PALAVRAS, PALAVRAS...

"Tuas palavras ditas com rancor"
Não tiveram, em mim, qualquer efeito;
Cresci, não quero ter amo ou senhor,
Nem quero mais ninguém sobre o meu leito!

"Tanta ânsia por te querer com tal fervor"
E tanto sonho inútil no meu peito,
No tempo em que quis crer que o teu amor
Seria, dentre os mais, mais que perfeito...

"Por essas peripécias que inventaste",
Nem por um só segundo me magoaste;
Mais forte me tornaste... e combativa,

(Pois) "Deste ao meu viver tanta amargura",
Que só longe de ti soube haver cura
Pr`a quem se veja assim, muda e cativa...


Maria João Brito de Sousa - 26.09.2016 -13.14h



Tela de Paula Rego "A Dança das Avestruzes"

15
Set16

GLOSANDO O POETA JOAQUIM PESSOA II

Maria João Brito de Sousa

POETA DE COMBATE.jpg

 

POETA DE COMBATE
*

 

Poeta de combate me chamaram.

De combate serei. Não mercenário!

Poeta de combate é um operário

das palavras que nunca se entregaram.
*

 

Poeta de combate! E porque não?

Sou poeta. Serei também soldado.

O meu canto será um canto armado

e o meu nome de guerra uma canção.
*


Poeta de combate me quiseram

os que cedo da luta desertaram

ou aqueles que nunca combateram.
*

 


Poeta de combate eu hei-de ser

até quando o meu povo precisar

ou nada mais houver a combater.
*

 

Joaquim Pessoa


In AMOR COMBATE, Moraes Editora
*

 


POETA
*


"Poeta de combate me chamaram"

E combatente fui. Não mais, nem menos,

Do que esses que partiram entre acenos

Para uma guerra de onde não voltaram
*

 


"Poeta de combate! E porque não?"

Que são meus dias, se não são trincheiras?

Que são meus versos, se não são certeiras

Setas que aponto a cada coração?
*

 

"Poeta de combate me quiseram",

Poeta de combate me terão

Ao lado dos que há muito se perderam!
*

 

"Poeta de combate eu hei-de ser"

Porquanto enquanto viva, é por paixão

Que ergo o meu punho em vez de me render!
*

 

Maria João Brito de Sousa

15.09.2016 - 09.32h
***

07
Jul16

AUTO-RETRATO MUITÍSSIMO IRÓNICO II

Maria João Brito de Sousa

WIN_20160602_132447.JPG

(Soneto em decassílabo heróico)

 

Carente? Sou, mas nunca de conselhos;
Só da matéria-prima necessária
À minha natureza proletária
Que quer morrer de pé, não de joelhos!

 

Tão pouco o sou de afectos, porque os velhos
E os poetas são, de sorte vária,
Capazes de engendrar paixão contrária
À superficial, vendida em espelhos...

 

Carências? Tenho tais e tão prementes
Que alguns duvidam - mesmo os mais carentes...-
Que eu possa ser carente, se o não for

 

Das coisas que uns entendem mais urgentes,
Como abraços, sorrisos, flor`s e dentes
E, para culminar, beijos de amor...

 

 

Maria João Brito de Sousa - 04.07.2016 - 17.23h

 

 

 

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