Maria João Brito de Sousa
SEREI POETA!
Ó mundo, serei sempre o que eu quiser!
Serei como souber, seja o que for,
Enquanto me não chega essoutra dor
Que me há-de vir buscar quando eu morrer.
Sei que serei tão "eu" quanto puder,
Que me não pintarão de alheia cor,
Que em tudo o que fizer porei amor,
Que sempre serei mais, sendo mulher.
Sou espectro de mim mesma em disfunção
Cumprindo a minha humana condição
Embora insatisfeita ou incompleta...
Escreverei, do passado, o amanhã
Da mãe Eva a sonhar com a maçã
E irei muito além! Serei poeta!
*
Maria João Brito de Sousa - 31.03.2010 - 10.10h
Imagem retirada da internet
publicado às 10:10
Maria João Brito de Sousa
Queria-se assim, tal qual, em transparências!
Queria-se mesmo assim, em desatino,
Sem raízes, sem pátria nem destino,
Coberto de ilusões, de incoerências.
Proclama-se justo entre inclemências
E supunha-se ascético ou divino...
Ingénuo, imprevisível, qual menino,
Ascendendo à mais nobre das essências.
Julgou-se, sempre, eterno e morreu novo,
Ignorando as calúnias do seu povo,
Desprezando os insultos. Impoluto!
Pensou ser emissário e não chegou
A divulgar os sonhos que sonhou
E ninguém o chorou ou fez o luto.
publicado às 11:56
Maria João Brito de Sousa
Descobre os amanhãs que estão por vir!
Relembra a solidão – esse aconchego
Lá no fundo de ti, esse sossego –
Retoma essa ilusão do teu sentir…
É esse o teu caminho! É só sorrir…
É tocar mais além, onde eu não chego,
É este imenso e estranho desapego
Das plantas que se dão, sempre a florir!
Encontra a tua paz, o teu caminho…
É lá, dentro de ti, que está o ninho
Onde tudo começa. O original.
Encontra a luz que trazes, porque és brilho,
E ilumina a vida a cada filho
Que nasça desse encontro ocasional…
Imagem retirada da internet
publicado às 12:43
Maria João Brito de Sousa
Os loucos que aqui andam… quantos são?
Fazem-te acreditar que nada tens,
A ti, que possuíste tantos bens,
A ti, que tens o mundo numa mão!
São loucos, são tão loucos! Que invenção!
Dizem muitos “senãos”, muitos “tambéns”…
A ti, que sabes bem de aonde vens,
A ti, que lhes darás o teu perdão!
Os loucos que aqui andam… tantos, tantos…
Os que vão exercendo os seus encantos
Na mansidão das coisas recatadas.
Os loucos que aqui há! Os que mentindo
Irão roubar ao Tempo o tempo infindo
De quem viu nascer tantas madrugadas…
publicado às 12:05
Maria João Brito de Sousa
A vossa indiferença é tão agreste,
Tão gélida, tão falha de calor,
Que, por vezes, perfura o que me veste
E dói-me muito mais que a própria dor.
Outras vezes, eu cubro-me de escudos,
De edredãos ou de mantas bem quentinhas,
Afundo-me na terra e ergo muros
Pr`abrigar-me de vós, ervas-moirinhas!
Mas por mais que me tape e que me aqueça,
No vento frio ecoa uma cantiga
Da memória a pregar-me uma partida...
Se vibra o ar num som que me pareça
Remoto eco ou coisas muito antigas...
Sinto, ao longe, o pulsar das vossas vidas!
Nota - Ainda de "O Livro das Horas Convergentes - Trinta e três sonetos e uma estrada".
Ainda desafios para os amigos no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/
publicado às 15:10
Maria João Brito de Sousa
Serenamente fui quem já não sou,
Serenamente dei, sem nada ter,
Serenamente deixo de poder
Trilhar os trilhos do que em mim morou.
Serenamente passo, sem passar,
E digo adeus, ao longe, a quem lá vem.
Serenamente só, sem mais ninguém,
Descubro a minha ilha de luar.
Serenamente parto sem partir
E alcanço nova forma de florir…
[sei lá se isto é verdade ou se é mentira…]
Serenamente sinto, e de sentir
Encontro [ou não encontro…] o que há-de vir
Na estranha lucidez da minha lira.
Perspectiva do Estuário do Tejo retirada do Boletim INFOMAIL,
da Câmara Municipal de Oeiras.
Aproveitando esta temática dos regionalismos, convido-vos a passarem pelo http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/ onde vos esperam algumas inconfidências...
publicado às 12:30
Maria João Brito de Sousa
Um quase-nada basta… e sou feliz!
Um sorriso, uma flor, um gesto amigo…
Qualquer telhado velho é um abrigo!
Um lápis, um papel… tudo o que eu quis!
Um sonho? Um Universo e ninguém diz
As coisas que, em sonhando, aqui consigo…
Aqui eu sou feliz pois penso e digo
E sei que sou, do sonho, imperatriz… (*)
Um quase-nada… e fico tão contente!
Tudo o que seja absurdo, incoerente,
Me faz sentir mais rica do que tantos…
Um quase-nada… e julgo-me inocente
Da vulgar ambição de toda a gente!
[e penso estar no céu, junto dos santos…]
* - Ainda mais inalcançável do que as princesas…
Nota Importantíssima - Eu hoje disse mentiras!!! Se não acreditam, vão ao http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/ e comprovem com os vossos próprios olhos!
E, já agora, tentem lá descobrir quais são as três mentirinhas...
publicado às 10:04
Maria João Brito de Sousa
Dá-se um pedaço de alma e todos pensam
Poder ser capitães da nossa barca…
Mas por cá não há príncipe ou monarca
Que possa ditar leis que me mereçam
Um : - Faço sim senhor!, sem que mo peçam.
Se alguém quiser passar e deixar marca,
Neste mundo ideal, de glória parca,
Melhor será que passem sem que impeçam
O meu imaginário de florir…
A decisão ainda está por vir
E eu só quero mesmo é ser poeta…
Se alguém me cativasse, o meu timão,
Talvez pudesse até mudar de mão…
[não tem princípio e fim a linha recta…]
Dois desafios à vossa espera no http://premiosemedalhas.blogs.sapo.pt/
Façam favor de entrar!
publicado às 12:33
Maria João Brito de Sousa
Não esperes, de mim, grandes veleidades
Nem dramas dos de faca-e-alguidar...
Eu, de louca que sou, só sei sonhar
E falar dos meus sonhos, quais verdades...
Não vou falar do medo ou das saudades!
Hoje só conto histórias-de-encantar,
De palácios de prata e de luar
Com princesas de todas as idades...
Hoje, eu, a contadora-de-mil-estórias
[que deixo registadas, quais memórias
daquilo que por cá fui encontrando],
Sou, embora poeta, uma Princesa!
Derrotei, finalmente, essa tristeza
Que, às vezes, me consegue ir derrotando...
Imagem retirada da internet
publicado às 13:21
Maria João Brito de Sousa
Há tanto por dizer… mas se eu partir
Muito antes de falar do que pretendo
Aviso-vos agora; eu não me rendo
Enquanto a vida assim o decidir.
Há tanto por falar, por aprender,
Por partilhar, no meu entendimento,
Que mesmo que me vá, eu só lamento
As coisas que não disse e quis dizer…
Lamento ser pequena e limitada…
De resto não lamento mesmo nada.
Dou-vos o meu melhor. E mais não digo!
Quantas vezes alegre, a gargalhada
Me salta da garganta, endiabrada,
E só quer a partilha de um amigo?
Imagem - Fotografia tirada há dois dias atrás, depois de a D. Isa ter decidido que eu me deveria candidatar a modelo de "passerelle" e me ter enchido de trancinhas...
Porque eu também sou muito alegre... quando não estou triste.
publicado às 13:59
Maria João Brito de Sousa
Deixa o rasto, cometa, deixa o rasto,
Porque um rasto, cometa, vale a pena.
A vida é dia a dia, mais pequena,
Quando se vai perdendo rota e lastro.
Deixa o rasto cometa. O tempo gasto
A fazer com que o rasto fique em cena
É o tempo em que a vida, mais serena,
Te deixa ser mais útil, se mais casto…
Deixa o rasto cometa. A tua vida
Estará, na dimensão do que sonhaste,
No rasto que de ti nos vai ficando.
Deixa o rasto na terra-prometida,
Nas letras das palavras que deixaste
Enquanto tu, por cá, foste passando.
Maria João Brito de Sousa - 14.03.2009 - 21.42h
Imagem retirada da internet
publicado às 21:42
Maria João Brito de Sousa
Responde-me; se existes –porque existes!-
Quem és, quem pensas ser, por onde vais?
Que te distingue de outros animais?
Serás dos mais felizes entre os tristes?
Quem és que, embora morto, assim resistes?
Porque razão és “tu” entre os demais?
Porque não “eu” se, enfim, somos iguais?
Porque é que te não calas nem desistes?
-Demasiado louco pr`a saudável
E por demais saudável pr`a ser louco,
Eu sigo por seguir. Se me encontraste,
Talvez possas pensar que é condenável
Ser assim como sou: tanto e tão pouco…
Mas sou, exactamente, o que sonhaste.
Soneto dedicado à Carla Ribeiro, com o meu pedido de desculpas por não ter ainda respondido a um convite seu, dada a instabilidade ao nível da saúde dos meus pequenos companheiros e às incertezas quanto ao acesso à internet.
publicado às 22:00