SE AMOR DISSECO...
(Soneto em decassílabo heróico)
Se Amor disseco, quanta vez me espanto
Da minha mão, cirúrgica, precisa,
Que, mal pressinta Humor, tudo analisa
Serenamente e sem qualquer quebranto...
No mesmo suave Amor que exalto e canto,
Pressinto humano Humor que a "ratio" visa
E que detecto, assim que a mão desliza
Pr`ó despojar desse inventado manto...
Mas, porque o faço tão naturalmente
Como respiro, ou vejo, claramente,
Que vão embranquecendo os meus cabelos
E os dentes me sucumbem, dente a dente...
Como evitá-lo, se a razão não mente,
Porquê escondê-lo, quando eu posso vê-los?
Maria João Brito de Sousa - 10.06.2016 - 15.41h
Imagem - "Anatomia do Coração", Enrique Simonet Lombardo