07
Ago15
ROSA DE HIROSHIMA
Maria João Brito de Sousa
(Soneto em decassílabo heróico)
Obscenamente bela, a flor letal
que abrasara a cidade de Hiroshima,
rasga o céu sobre um eixo vertical
ao plano destroçado onde se anima
E vibra e desabrocha e colossal
se expande numa rosa que assassina,
derruba, carboniza e, por igual,
colhe a vida do velho e da menina...
Mas morre-me a palavra à flor dos dedos
que mais vos não dirão, mudos de espanto,
teimando em não falar dos seus segredos,
Depois de vislumbrado o frágil manto
com que o tempo velara antigos medos
Pr`a todo o sempre, espero... ou por enquanto?
Maria João Brito de Sousa – 06.08.2015 – 22.56h