GLOSANDO ALBERTINO GALVÃO II (?)
TEMPO INSENSÍVEL
Soneto em versos de 11 sílabas (os meus preferidos)
A noite caíra encobrindo a cidade
E as poças que a chuva da tarde fizera!
Da minha janela soprava-me a espera
Enquanto embalava, no colo, a saudade
Inspirei, absorto, a fria humidade
Soltei o soluço que em mim retivera
Pensando que bom, oh meu Deus quem me dera
Ter hoje e agora quinze anos de idade
Mas sendo insensível o tempo não trava
A louca corrida que o relógio grava
E segue somando minutos e anos
Indif’rente a sonhos desejos e planos
Lá vai me lembrando que ele ao ir passando
De mim vai também minha vida levando.
Abgalvão (in Palavras com Alma)
BAIXOS-RELEVOS
(em versos de onze sílabas métricas)
“A noite caíra encobrindo a cidade”
Que em sombras desvenda seus becos, vielas,
Seus prédios mais altos e suas capelas
Que, de alvas, brilhavam sob a claridade.
“Inspirei absorta a fria humidade”,
Chorei sob um céu sem lua, nem estrelas,
Onde nada brilha... nem um rasto delas
No intenso negrume que agora me invade,
“Mas sendo insensível, o tempo não trava”
A lágrima em fuga que escorre e que lava
Memórias doridas, doridos enganos,
“Indif`rente a sonhos, desejos e planos”,
Prossegue incansável nas marcas que grava
E nem se dá conta de ter-me por escrava...
Maria João Brito de Sousa – 26.07.2017 – 14.45h
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