GLOSANDO A POETISA MARIA DA ENCARNAÇÃO ALEXANDRE III
PALAVRAS AO LUAR
Vim! E trouxe comigo mar bravio
Que destrói esta praia que me deste
Ao ver-te, alga, arrastada por navio
Num trajecto sem rumo e tão agreste
Há ondas que me afundam num vazio
Quando sinto, que nada, já fizeste
Que te afaste do mal negro e sombrio
Que assombra o teu caminho como peste
Acalmo este meu mar, de ondas gigantes
Teço-me de faróis, só vigilantes
Porque pra nada mais sou soberana
Perfumo as tuas noites, de luar
Pra que quando em teus braços se deitar
Leve a minha saudade, da semana
Maria da Encarnação Alexandre
05/09/2016
(Ainda à minha mãe)
CONFISSÃO...
"Vim! E trouxe comigo o mar bravio"
Desde o primeiro instante em que cheguei...
Depois, provei a fome e tive frio,
Mas não desdisse o mar, quando o provei!
"Há ondas que me afundam num vazio"
E outras que me juram que voei,
Que fiz, de cada vácuo, um desafio,
Que, por perder-me, muito mais ganhei...
"Acalmo este meu mar de ondas gigantes"
Na plenitude destes meus instantes
De breves, semi-breves e colcheias,
"Perfumo as tuas noites de luar",
Mas sou, mais do que tudo, onda de um mar
Que aspira a circular nas tuas veias...
Maria João Brito de Sousa - 06.09.2016 - 13.56h
(A todos os poetas que ousam navegar...)