A SEREIAZINHA
A SEREIAZINHA
*
(Soneto em verso hendecassilábico)
*
Uma maré-cheia, duas marés cheias,
Três marés tão cheias que já transbordaram,
São as coisas belas que de mim ficaram
(se não forem belas, tão pouco são feias)
*
E caso surgisse galgando as areias
Onda que espantasse gentes que as pisaram
Logo de olhos postos nos que se espantaram
Alguém juraria: - São belas sereias!
*
Mas... coitadas delas, meras invenções
Deste nosso infindo, estranho imaginário,
Cantam nem sei como porque, sem pulmões,
*
Faltando-lhes órgão tão prioritário,
Depressa se esvaem nas contradições;
Na rocha, a sereia sonha um mar lendário.
*
Maria João Brito de Sousa – 15.08.2017 – 10.36h